Capítulo 13 ♣ A nova garota Austin

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Deixar a sensação de perigo para trás era uma coisa que ele não se via fazendo. Os muros criados envoltos do seu coração o mantinham seguro, só precisava acreditar que ninguém fosse capaz de escalar, se fosse caíra em meio a tantas armadilhas.

Quem se daria tanto trabalho, por algo que no final tinha um valor reduzido, quando quebrado?

Ela o chamou de anjo. – "Tá bom um anjo não pensaria em tantas maneiras de fode-la", – sorriu sarcástico. – Só se fosse um anjo caído. – Retesado no próprio tempo e estagnado na estante de alguém.

Sua autoestima nunca fora baixa, não até receber seus diversos nãos de uma só pessoa. E por mais que quisesse a arrancá-la de dentro do peito, não parecia ser uma das tarefas cotidianas que fora capaz de realizar. O tempo passou rápido demais, se perguntou por que não deixou fragmentado lá atrás as memórias que não consegue apagar.

Lembra de quando escutou, jamais estaria sozinho. E por mais que pessoas o rodeassem fora exatamente assim que se sentiu por tanto tempo. Aguentou firme, não pode se autoelogiar, mas sabia que outro em sua situação teria mirado na cabeça e apertado o gatilho.

Tudo continuava como estava, algo havia mudado?

Não.

Tudo do mesmo jeito, só estava se preparando para uma nova aventura, um novo desafio. Quis se permitir, imaginou que não iria muito longe mesmo, se bem que ele iria.

Em breve estaria longe dessa cidade, desse país, e a garotinha que o deixou trêmulo ficaria para trás.

Quem ele queria enganar, gostava de sentir a sensação de perigo. A adrenalina sempre o lembrou que estava vivo. E com certeza essa pequena pessoa ao seu lado fazia com que coisas não nomeadas surgissem em si.

Sua cartela de cigarros havia chegado ao fim, notou estar ansioso pra caramba. Iria para um jantar de negócios, sua presença nesses eventos sempre fora negociada por dinheiro em troca.

Coisas de Aurélio.

– Posso saber por que você está atrasado? – Falando no diabo.

– Estou esperando uma garota.

– Desencana, mandei Dandara para a recuperação, ela não virá Austin.

– Não estamos falando da Dan.

– E desde quando você sai acompanhado de outras garotas? – Rafael sorriu, seu empresário sempre fora invasivo.

– Desde quando eu tenho um pau para honrar no meio das pernas. Será que preciso de mais gel? – Se encarou no espelho gostando realmente do que via, enfiou as mãos por entre os cabelos espetados para todos os lados bagunçando ainda mais.

Aurélio examinou o produto.

O terno Desmond Merrion custava cerca de quarenta e sete mil dólares, o relógio duplex dourado não ornamentava muito bem com o tênis da Nike que havia calçado. Mas ele nunca foi com a cara de sapato social, não seria a fama que o faria voltar atrás.

O seu rosto de menino de outro estava esbanjando ansiedade?

Algo estava fora de lugar ali.

– Preciso saber nome e sobrenome da garota, a imprensa vai montar em cima, ela quer publicidade?

– Não quero a imprensa em cima dela. Em cima dela só eu porra. – Sorriu de lado lembrando quão bem esse papel lhe cabia.

– E o que vamos dizer, esqueceu? Hoje tem tapete vermelho, repórteres, marcas, grifes. Não é exatamente um lugar para um encontro Rafael, se é que você tem esse tipo de coisa.

O ópio de um anjo - QUEBRADOS 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora