A histeria coletiva

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Meu nome é Flávia, no dia 22 de Novembro do ano passado, fui com os meus amigos para Campinas. Nosso objetivo era conhecer a cidade, juntamos dinheiro, pegamos um ônibus no terminal de Araraquara e descemos no terminal de Campinas. Pagamos um hotel, estávamos em um total de 10 amigos, cada um pagava seu quarto, apenas rachávamos o dinheiro da comida. Cada dia que passava era uma diversão diferente, conhecemos Campinas de ponta a ponta, mas em um belo dia minha amiga Alice sentiu uma vontade de pegar um avião e ir para Bahia, retornando depois dois dias. Não a proibimos porque cada um tinha o seu dinheiro, mas ela me pediu ajuda para achar uma passagem, porém todas estavam acima de 3.000,00, apenas uma linha aérea desconhecida estava com o valor de 1.500,00.

Alice achou interessante então fomos ate o Aeroporto de Viracopos. Quando chegamos ao aeroporto decidi ir ao banheiro e deixei meu celular e carregador com ela. Quando retornei fomos procurar essa linha aérea desconhecida, ela possuía um nome em inglês e era da cor verde, sinceramente GRP eu nunca ouvi falar, as únicas brasileiras que conheço é Azul, Avianca, Gol e Latam, mais nenhuma, mas como o Viracopos é internacional decidi não dar muita importância apesar de achar muito estranho.

Assim que entramos não tinha nenhum passageiro, apesar das concorrentes estarem lotadas, só existia os recepcionistas com uniformes verdes e brancos. Todos nos olharam com um ar de psicopatas, comecei a ficar com medo então me aproximei de Alice dizendo baixinho em seu ouvido:

– Vamos embora daqui, isso esta muito suspeito.

– Então vamos 1.500.00, apenas só ida? Isso é um roubo!

Fiquei inconformada que minha amiga apenas achou um absurdo o valor, o lugar era extremamente sinistro, mas para ela só o valor era exorbitante. Saímos do Viracopos e voltamos para o hotel.

– Que bom que vocês duas chegaram. – Exclama Paulo se aproximando. – Arrume suas coisas vamos voltar para Araraquara.

Assim que comecei arrumar minhas coisas notei que o carregador não estava comigo.

– Alice, você viu meu carregador?

– Nossa Flávia acabei esquecendo no aeroporto.

– Mas quando?

– Assim que você foi para o banheiro coloquei para carregar o meu celular e acabei esquecendo.

– Então vamos voltar para lá, porque não deixarei um carregador original para trás.

Chamamos outra vez um Uber, conversei com meus amigos e eles decidiram que iriam levar nossas malas para o terminal e assim nos esperariam.

Minutos depois...

Tinha anoitecido rápido demais, assim que retornamos para o local não era mais o Viracopos, mas uma casa sinistra. Decidimos entrar e quando nos demos conta estávamos dentro de um quarto com penumbra, o chão estava cheio de pilhas, alguns geradores e corpos humanos com sangue.

– Flávia, vamos embora.

– Nem pensar Alice, eu não saio daqui sem meu carregador.

Começamos a fuçar naquele quarto sombrio, com muita dificuldade encontramos, assim que estávamos para sair olhamos para trás e vimos uma menina de camisola longa branca. Seus olhos eram negros e sua boca gigantesca, sua aparecia era macabra.

– O QUE VOCÊS QUEREM AQUI. – Gritou a menina assustadora.

Antes mesmo de dizer algo, ela fincou as unhas das duas mãos em um dos olhos e rasgo-o. Tal cena nos deixou paralisadas de medo, nesse momento ela soltou um grito estridente e avançou para cima de nós. Eu consegui jogar um abajur nela, foi tempo suficiente para distrai-la e fugir. Assim que saímos da casa, não existia mais a cidade como a conhecemos, estava totalmente destruída, como se fosse um pós-apocalipse.

– O QUE FAREMOS? – Grita Alice. – ELA ESTA SE APROXIMANDO.

Assim que olhei para trás, eu vi aquela menina flutuando para próximo de nós, rapidamente olhei para frente e avistei uma caminhonete vermelha.

– ME SIGA.

Corri para próximo da caminhonete velha, entramos, tentava dar partida, mas era em vão. Aquela assombração avançou com tanta violência para cima da caminhonete fazendo-a balançar para o lado mesmo estando parada.

– IREMOS MORRER!

– CALA A BOCA ALICE.

Com insistência fiz a caminhonete pegar e acelerei, pelo retrovisor interno via o fantasma gritando e correndo atrás de nós, decidi ignorar o que estava ocorrendo, ate que achei a rodovia abandonada e segui reto.

Em certo momento...

Seguindo em linha reta, nos deparamos com o amanhecer do sol, ao olhar pelo retrovisor não vimos mais a menina, parei no acostamento, saímos da caminhonete e quando olhamos para trás a cidade estava normal, como se nada tivesse acontecido. A rodovia que percorri, estava totalmente suja e abandonada, depois que sai da caminhonete notei que estava limpa e existia um fluxo intenso de carros.

– O que aconteceu?

– Eu não sei Alice, será que tivemos uma Histeria Coletiva?

– O que seria isso Flávia?

– É quando duas ou mais pessoas passam por um evento inexplicável ao mesmo tempo.

– Eu não ... só sei que estou com medo, foi tudo tão real!

– Vamos ligar para os outros.

Assim que ligamos, nossos amigos disseram que estavam no terminal esperando o ônibus é como se o tempo tivesse parado para eles ou avançado muito rápido para nós.

– Alice tudo esta tão estranho, vamos pegar a caminhonete e ir embora!

– Qual caminhonete?

Ela tinha sumido, era como se nunca tivesse existido.

– Quer saber Alice? Vamos de Uber!

Não demorou muito o Uber chegou, rapidamente entramos e fomos para o terminal rodoviário.

– Onde vocês estavam? – Pergunta nosso amigo Paulo. – Logo o ônibus irá chegar para irmos embora.

– PAULO, VOCÊ NÃO IRÁ ACREDITAR QUE...

– Nos divertimos muito. – Flávia interrompe Alice. – Passamos no aeroporto, pegamos meu carregador, depois tomamos sorvete e visitamos várias lojas.

– Mesmo assim meninas vocês quase perderam o ônibus, então mais atenção.

– Relaxa Paulo.

Nosso amigo se retira e Alice se aproxima de mim questionando:

– Porque não contou a verdade?

– Alice ninguém acredita em Histeria Coletiva, então esquece, já que apenas nós passamos então fingiremos que nunca aconteceu. Entendeu?

– Sim mas....

– Ótimo, vamos para casa, estou com saudades da minha cama.

Eu juro que passamos esses perrengues, foi assustador, depois disso nunca mais entrei em um aeroporto novamente, fiquei extremamente traumatizada, acredita que estou indo a um psicólogo para tratar disso? Eu contei o ocorrido e ele me disse que foi apenas uma histeria, sendo uma histeria ou não eu nunca mais quero passar por isso. 

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