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Luíza 🌻

Acordei as quatros horas e meia da manhã em ponto, me arrumei e fiz o café do meu pai e o meu.

Já tinha conseguido comprar algumas comidas, inclusive trocar o gás.

Ontem ele me perguntou de onde veio o dinheiro, eu apenas pulei o assunto.

Coloquei em uma bandeja e levei cuidadosamente pro quarto dele, coloquei na bancada do lado e beijei a cabeça dele.

Sai do quarto e me sentei na calçada, esperando a hora passar...

{...}

Eu já sabia de tudo que eu precisava fazer e já tinha passado pela revista.

Procurei o Coringa com os olhos, naquele pátio grande.

Eu nunca fui próxima dele, mas eu conhecia de vista.

Poucas vezes que eu fui na casa da Beca, ele tava lá.

Nunca chegamos a conversar, mas eu sentia meros olhares dele.

Encontrei o mesmo encostado na parede sozinho e fumando.

Ajeitei as sacolas com a comida na mão e fui caminhando até ele.

Luíza: Coringa? - Falei, tentando não ser nervosa.

Coringa: Quem é você? - Me olhou.

Luíza: Luíza, peixe me mandou.- Ele me olhou dos pés a cabeça.

Coringa: Bora pra cela.- Pegou as sacolas dá minha mão e saiu na frente.

Passei por um grupo de presos que começaram a falar coisas pra mim, eu quase sair correndo, mas em um único olhar do Coringa, eles se calaram.

Luíza: Você é muito respeitado aqui.- Comentei, sentando no colchão, que era no chão.

Coringa: Aqui você vale o que tem.- Falou sentado mais afastado, encostando na parede.

Luíza: Você é a segunda pessoa que me fala isso pra mim, e a primeira não vale nada.- Olhei pra ele que comia igual um morto de fome.

Coringa: É questão de visão, pra você pode não valer nada, mas pros outros sim.- Falou de boca cheia.

Luíza: Na visão de qualquer um ele não deveria valer nada.- Falei ajeitando a coluna.

Coringa: É homem? - Assenti.

Luíza: Peixe.- Falei na cara mesmo, se a Rebeca não acreditasse em mim, pelo menos alguém antes dela saberia que é verdade.

Coringa: Ele é marido da Rebeca, tua amiga.

Luíza: Exatamente, ele me ofereceu dinheiro pra ficar com ele.

Coringa: Eu mandei ele te colocar aqui, não foi te oferecer dinheiro pra isso.- Falou um pouco puto.

Luíza: Você mandou? Eu nem sabia que tu me conhecia.

Coringa: Luíza Silva, 18 anos, o pai tá morrendo, a mãe abandonou, faz de tudo pra ajudar o papaizinho doente.- Falou tomando o suco.

Luíza: E eu só sei teu vulgo.- Sorrir sem graça.

Coringa: Melhor assim, confiança não se dar pra todos.- Foi grosso, o que fez eu me calar.

Fiquei olhando pra pia ali no canto, aonde a água caia no chão, aqui fedia muito.

Cadeia, não Disney.

Coringa: Tu veio aqui pra visita íntima, não foi? - Desviei meu olhar pra ele.

Luíza: Sim.- Falei sem graça.- Não tem outro lugar? É aqui mesmo?

Coringa: Trouxe cigarro?

Assenti, tirando cinco caixinhas da sacola.

Coringa: Levanta.- Mandou, levantando.

Me levantei rapidamente e fui seguindo ele, atravessamos o pátio e ele parou pra falar com outro preso.

Deu duas caixinhas de cigarro e o preso apontou pra um das celas dali.

Luíza: Porra, eu poderia morar aqui.- Murmurei, vendo o quarto dez vezes melhor.

Tv, cama de casal, ar condicionado...

Coringa: Ele é privilegiado.- Falou rindo, mas fechou o sorriso, me olhando sério.- Tira a roupa.

Ih, bipolar.

Respirei fundo, descendo minha calça jeans, em seguida levei minha blusa branca pra cima, tirando a mesma do corpo.

Ele olhava fixamente pra meu rosto e eu olhava pra ele também.

Senti até um pouco de medo, quando as mãos dele seguraram meu rosto, me fazendo ficar mais perto dele.

Visita Íntima Onde as histórias ganham vida. Descobre agora