Quer sair comigo? • Johnny

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Parece que faz meses que ela entrou naquela sala e não saiu mais.

Talvez eu esteja muito ansioso para poder falar com ela? Talvez

Talvez eu tenha me deixado influenciar, chamando-a aqui? Não que a redação não merecesse, fazia muito tempo que não vinha para nós algo que merecesse tanto. Todos os créditos à escritora

Talvez eu devesse ter falado com Kayla antes dela ter entrado na sala do Sr Stewart? Totalmente.

Fui burro? É... Talvez, também.

Finalmente as portas do escritório de Stewart abrem e vejo-o dar passagem à garota indicando o final do corredor com as mãos. Não sou capaz de ouvir suas palavras, apenas os seus rostos, coisa que não estava muito descritível aos meus olhos. O Sr Stewart estava com sua carranca natural da manhã (embora já tenha se passado o almoço), e Kayla, seu lindo rosto parecia estar lutando para acompanhar todos os sentimentos que a garota tinha de una vez só.

Quando a porta se fecha deixando-a sozinha encarando o corredor a sua frente em completo êxtase, conto alguns segundos e vou até ela.

— Se está se perguntando onde fica o banheiro, fica logo depois dos elevadores — digo sorrindo simpaticamente.

Ela se assusta como se eu a tivesse acordado de repente de um sonho. Seus olhos antes vidrados e embaçados na monótona imagem do corredor se viram para mim me causando um pequeno calafrio.

— Como? — diz ainda confuso, acho que nem sequer ouviu o que acabei de dizer.

— Não era nada — digo deixando de lado minhas últimas palavras. — Era só uma pequena piada para descontrair...

Um silêncio desconfortável se instaura no ambiente por alguns segundos.

— Então, como foi sua entrevista?

— Acho que fui bem... Não sei... — ela diz sem tirar os olhos dos próprios pés.

Então ela olha para meu rosto como se percebesse apenas agora a minha presença, tanto que salta para trás em surpresa. A encaro confuso com a sua atitude.

— Meu Deus... Johnny né? — acho que finalmente me reconheceu, e parece um tanto desconfortável com isso. - Você trabalha aqui?

— Sim — digo rindo de sua reação. — Por acaso, fui eu que a chamei aqui depois de ler a sua redação.

— Sério?

— Sim. Aliás, ótima redação a sua, fazia muito tempo que não Lia algo tão... Tão... Você sabe, com tanta emoção - digo tentando jogar assunto. — E olha que sabemos que redação temos que ser imparciais. Como você fez? Qual foi a inspiração?

Acho que a assustei, ou apenas a deixei confusa pois sua reação foi apenas me encarar sem palavras.

Sua boca aberta fez menção a responder, mas Kayla muda de ideia e volta a ficar quieta.

— O que o Sr Stewart disse? — quebro o silêncio desconfortável entre nós novamente.

— Ele pediu para eu escrever outra redação, e talvez uma crônica — vejo um sorriso se formar no canto de seus lábios. — E talvez uma pequena narrativa para testar a minha imaginação, algo assim.

— Kayla... Não querendo parecer evasivo, ou coisa do tipo, pois afinal: cara, você acabou de receber uma oportunidade! E a julgar pela sua cara, você está muito feliz com ela, talvez até querendo ir comemorar com algum amigo. Mas... Será que eu...

— Espera... — ela me interrompe. — Johnny, você foi muito legal comigo desde o dia que a gente se conheceu naquela palestra. Eu realmente gostei da nossa conversa naquele dia.

— E mesmo assim me deu um número errado... — completo a interrompendo. — Desculpe, não quis ser rude. Mas foi meio... Você sabe, desconfortável ligar para uma senhora pensando ser você.

— Era aí que eu queria chegar antes de você me interromper — ela diz cruzando os braços. — Espera, você ligou pra uma senhora pensando que era eu? — ela solta uma pequena risada.

Ótimo, agora ela também vai rir de mim por causa disso, quem mais quer? Heim? Nem responde.

— Não ria de mim — digo imitando uma criança.

— E como foi a conversa? — pergunta rindo ainda mais.

— Não acho que você queria saber — digo desviando o olhar. — Embora se fosse você do outro lado da linha, você saberia.

Ela inspira fundo tentando recuperar o fôlego.

— Era sobra isso que eu queria mesmo falar: não foi exatamente a minha intenção te dar o número errado.

— Não?

— Não. Eu troquei de número a algumas semanas... Então eu meio que te passei o antigo... O pior q ainda passei o antigo com um dos números trocados de lugar.

— Wow, isso parece meio complicado

— Eu juro que é verdade.

— Tudo bem, acho que aquela ligação serviu para algo — inspiro fundo.

— O que?

— Virar piada — digo sem graça pensando em Ryan rindo do outro lado da linha do celular.

— Pelo menos é uma piada saudável, não? — comenta com um sorriso.

— Pode se dizer que sim... — engulo em seco, pensando nas palavras que vou dizer agora: — não querendo ser evasivo nem nada: mas será que dessa vez você poderia me passar o número certo?

— Mas eu nem tenho certeza se vou conseguir trabalhar aqui — ela diz vagamente.

— Não! Eu...

— Eu sei — sorri — só estava curtindo com a sua cara um pouco mais.

Ela pega uma caneta de sua bolsa, então começar a procurar por algo para escrever.

— Você tem algum papel? — pergunta, então entrego a palma de minha mão. — Sério? Tá, ok.

Dessa vez ela pega o celular para se certificar que está anotando o número certo, sinto cócegas onde a ponta da caneta escorrega pela minha palma formando os números, e calafrios onde as pontas de seus dedos seguram a minha mão.

Quando Kayla termina, pego meu próprio celular e disco o número em minha palma.

— Ah, sendo assim, seria mais fácil...

Ela é interrompida pelo som de seu celular que começa a tocar ainda em sua mão. Ela o atende e o leva até o ouvido.

— Sério? Isso era só para ter certeza?

— Quer sair comigo?

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⏰ Last updated: Feb 10, 2019 ⏰

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