Suposta oportunidade • Kayla

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— O que?! — minha voz saiu um pouco mais alta do que eu pretendia, mas não foi totalmente minha culpa.

— Estão te chamando para falar sobre a sua redação. — repetiu a senhora Mayer, minha professora de técnicas de redação.

— Isso eu entendi. Não entendi o porquê estão me chamando - falei pensativa.

— Você não se lembra que concordou em expor sua redação? — não sei se a Sra Mayer estava sendo gentil, ou realmente achava que eu tinha me esquecido.

— Sim, eu lembro mas... O jornal está me chamando por causa de uma redação?

— Pense assim: pode ser até uma oportunidade de talvez ganhar um estágio — comentou otimista.

— Ou talvez eles só queiram saber o que se passa na cabeça de alguém que escreveu tudo aquilo — Ava Götz, minha única amiga na faculdade disse se aproximando. — Afinal, estava ótimo! — disse ela me abraçando.

— Obrigada, Götz! — digo retribuindo o abraço. — E quando exatamente eles querem que eu vá? — perguntei depois de soltar o abraço.

— Não deram um dia específico, mas recomendo você ir após as aulas.

— Vá hoje mesmo Wright! — disse Ava entusiasmada.

— Mas eu tenho que procurar um emprego - falei sem pensar.

— Mas é como a professora disse: e se talvez eles te darem um estágio? — reforça Ava.

— Mas e se não?

— Então você sai a procura de um trabalho oras. Não deixa essa oportunidade passar amiga!

Suposta oportunidade...

— Melhor do que nada não acha? — disse se virando e indo em direção à sua cadeira. — Se você quiser, até vou com você, tanto nessa empresa, quanto depois se eles não a chamarem. Além disso, você não quer saber o que eles têm para falar sobre a sua redação?

— Tem razão... Ok, vamos — concordei.

•••

O resto do dia foi bem comum, bom, o quão comum um dia numa faculdade consegue ser. Não estou dizendo que a faculdade é estranha, mas colocar vários adultos, e alguns recente adultos no mesmo lugar cria um ambiente, hum, intrigante? Principalmente por aqueles que só estão lá para beber e transar - fazer o que né?

Assim que terminou a última aula Ava me puxou de canto.

— Então? Vamos ver essa oportunidade ou não? — perguntou animada.

— Vamos sim Götz, só antes vou para casa tomar um banho — digo antes de começar a andar.

— Não vá tentar fugir heim! — Ava gritou pela distância.

— Não vou! — respondi também gritando.

•••

Assim que cheguei em casa. Bom, o apartamento que eu divido com Ava. Ah sim, esqueci de avisar que ela é minha colega de quarto, desculpem-me.

Então: cheguei e fui direto para o banheiro tomar um banho, pois aquele é meu lugar favorito para pensar. E nesse momento estou precisando muito pensar. Sabe aquele lugar que parece que as suas paranóias vão embora? Então, eu sinto a água do chuveiro levar as minhas, e eu confesso que por hoje eu estava realmente precisando disso.

Ah, e se alguém está se perguntando o porquê da Ava não ter vindo junto comigo quando disse que ia para casa tomar banho: eu também não sei, ela deve ter ido à alguma lanchonete ou coisa do tipo.

Saí do apartamento com meu celular em mãos já ligando para Ava.

— Onde você quer que eu te encontre para irmos? — perguntei assim que percebi que ela havia atendido.

— Me encontra aqui embaixo mesmo, já estava chegando para te arrastar para fora de casa — respondeu ela.

— O que?!

— Você estava demorando garota! Achei que já estava desistindo.

— Ah. Nesse caso não precisa mais, prometo que estou indo.

— Ok Wright.

•••

No caminho tivemos que pedir informações porque Götz fez questão de se perder enquanto estávamos indo. Foi tudo culpa dela tá? Eu sei me localizar. Normalmente. Quase sempre...

Quando conseguimos chegar à aquele imenso edifício minha primeira reação foi me virar e tentar sair andando. Mas alguém não deixou. Ainda bem que ela veio junto.

Lá dentro nos levaram à um monte de salas num pequeno tour. Chegando na sala do gerente o vimos sentado em sua mesa segurando uma folha de papel.

— É realmente muito boa — disse ele olhando para mim colocando o papel sobre a mesa. — Sente-se por favor, e pegue uma cadeira para sua amiga também.

— Obrigada — eu disse me sentando à sua frente.

— Vamos falar sobre... — Götz começa a falar mas eu a impeço levantado a mão.

— Então senhor... — comecei.

— Alf Stewart.

— Na verdade, eu gostaria de saber o motivo de me chamarem aqui. Além de falar sobre a minha redação — falei antes que me faltasse a coragem de dizer as palavras.

— Senhorita...

— Wright, Kayla Wright

— Senhorita Wright, nós gostaríamos de saber se você poderia escrever mais história como essa, e se você sabe escrever outros tipos.

— O senhor está dizendo...?

Na hora em que fui responder a porta da sala foi aberta, e um rapaz. O mesmo que tinha dito que iria me ajudar. O mesmo que eu dei o número errado do meu celular. (juro que foi sem querer, mas eu entrei em pânico, se bem que eu já disse isso. Volta pra história.)

— Senhor... — ele começou a falar, mas assim que viu que o gerente não estava sozinho na sala se calou.

— Senhor Carter. O que você tem na cabeça para entrar na minha sala assim sem bater? Ainda mais com visitas.

— Me desculpe senhor eu...

— Depois você se desculpa senhor Carter. Agora a senhorita Wright aqui tem algo para dizer! — disse ele deixando Johnny de lado. — O que você estava dizendo senhorita?

— E-eu... O que o senhor quis dizer com outros tipos de histórias?

— Exatamente o que parece senhorita — respondeu ele com um sorriso em seu rosto.

— E-eu não sei o que dizer.

— Wright — disse Ava ao meu ouvido —, você sabe que pode.

— Eu consigo! Mas... Por quê? — eu disse tomando coragem que Ava me proporcionou.

— Então acho que temos mais o que conversar além dessa redação — ele disse cruzando os dedos à sua frente.

Breathe Your Dreams °• Hiatus •°Where stories live. Discover now