Meu primeiro texto • Kayla

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Confesso que eu não esperava que fossem convidar alguém para uma palestra em faculdade, que não gostasse do fato de ter feito uma.

Mas o que mais me surpreendeu naquele dia não foram só suas palavras. Foi tudo, tudo, que aconteceu em relação a ele.

Assim que ele subiu no palanque tive que lembrar que a função do meu coração é bombear sangue, coisa que ele havia esquecido por alguns instantes.

Na hora que avisaram que iriam mandar alguém que atuasse na área de jornalismo, esperava um velho, ou até mesmo uma repórter, mas na hora que o nosso professor disse "recentemente formado", e apareceu tipo aqueles cara ator de Hollywood, não tipo Brad Pitty, mas acho que até melhor que isso!

Mesmo depois de dizer tudo aquilo sobre como não queria ter feito faculdade, ele foi tão atencioso com as perguntas.

Não esperava que ele iria olhar para mim enquanto eu dizia minha pergunta, certo que eu disse aquilo só para mudar o assunto principal e voltar a palestra para seu foco: jornalismo.

No momento em que eu saí daquele lugar e senti uma mão em meu braço senti cada centímetro do meu corpo congelar de susto. Quando me virei, o que estava congelado, se aqueceu completamente por aquele rosto.

Eu não deveria ter mentido dizendo que tinha lição da faculdade, afinal começou a nem dois dias direito. Mas a parte do trabalho era verdade. Eu fiquei tão nervosa com a oferta de ajuda dele, que eu meio que... Passei o número errado...

Eu sei que deveria me sentir mal por isso, mas eu entrei em pânico! Ver aquele rosto tão próximo do meu — quase meio metro, não me julgue! — aquela voz falando exclusivamente comigo, não era possível que ele simplesmente teria motivos de parar o que estava fazendo para me ajudar a achar um trabalho.

Mas acho que a chance já passou não é?

•••

Meu próximo dia da faculdade foi cheia de gente comum, que já assimilei a ideia que vou ter que ver pelos próximos quatro anos. Mas nada de Johnny. Ah ora vejam só, decorei seu nome.

No final do dia o professor pediu para ver como estava nossa escrita, disse que não importava o tipo de texto que escolhessemos, desde que transmitisse uma mensagem que queríamos que alguém pudesse ver, e lembrar de nós.

Cheguei em casa e comecei a pensar em que tipo de texto eu escreveria. Uma dissertação, ou uma crônica já é muito esperada pelo professor, imagino. Pretendo fazer algo que realmente mostre a minha mensagem, que é tentar superar as expectativas, mesmo quando elas não existem — assim é mais fácil, a surpresa vem dobrada.

Estava quase decidindo o que escrever, até que meu cérebro decidiu que agora deveria ficar em outra coisa: Johnny.

Sério? Agora?! Malditos órgãos que agem sem a minha vontade. A menos que eu vá escrever algo sobre ele, espero conseguir pensar em outra coisa.

Saí para andar um pouco, para ver se conseguia tirá-lo da minha cabeça, depois voltei para casa e tomei um banho antes de tentar outra vez escrever.

Dessa vez o texto saiu tão fluidos quando as águas de um rio, as palavras se encaixavam em minhas ideias tão bem que não poderia ser melhor.

Assim que terminei, olhei para o meu celular e outra vez fui levado a me lembrar de Johnny, mais especificamente para o que eu fiz com ele.

— Se eu o encontrar de novo, prometo concertar isso — disse a mim mesma.

•••

Acho que não fui a única que achou que meu texto estava bom, pois meu professor disse que até iria manda-lo para uma publicação externa da faculdade. A única coisa que pedi, foi para antes tirar uma cópia para eu sempre ter aquele texto comigo.

No final do dia, lá estava meu texto numa parede da faculdade com um mural. Me senti muito orgulhosa de meu trabalho, eu realmente amo escrever, porém, não é isso que eu quero para minha carreira em jornalismo. Claro que sempre que puder irei escrever. Mas o que realmente quero é ser uma repórter.

Imagino se esse texto irá chegar mais longe. E se chegar, se ele mudará alguma coisa. 

Mas não posso me esquecer de procurar um trabalho ainda hoje. Sobreviver custa caro. E lanchinhos da faculdade também!

Breathe Your Dreams °• Hiatus •°Where stories live. Discover now