Capítulo 05 - As duas Faces de um Homem

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Aquele treinamento na piscina olímpica passou muito rápido, na verdade eu mal me lembrava dele, na minha cabeça só vinha a cena em que o Dérion, o melhor amigo do meu filho me dizia que estava apaixonado por ele. Eu praticamente só assisti ao treinamento daqueles dez aspirantes a Bombeiros com a minha audição bem longe, eu não estava ouvindo nada ao meu redor, não estava raciocinando com precisão, enquanto o Cabo Daniel Freitas tomava toda a frente daquele treinamento. A pergunta que me vinha a mente era; será que o meu filho era gay? Será que rolava algo entre o Bryan Dérion e ele sem o meu consentimento? Eu de fato não sabia como chegar no meu filho e perguntar, ao mesmo tempo, eu queria de fato falar com ele sobre a lista de fogo, sobre o que ela realmente era e fazia, e o porquê eu queria tanto proteger eles dois dalí em diante, pois graças às perversidades do Stewart Sully que tinha feito a cabeça de muitos Bombeiros que faziam parte dela, coisas horríveis andavam acontecendo há meses, tragédias. Eu suspeitava de alguma forma que o Sully estava sujando a equipe da lista de fogo com sangue, literalmente.

A lista de fogo era, na verdade, um grupo especializado em incêndios e explosões que o Sully e eu havíamos criado cerca de seis meses atrás para atuarmos com mais potência e trabalho quando houvesse emergências nas quais outras equipes não pudessem chegar a tempo ou até mesmo já estivessem em outras missões. Os requisitos para fazer parte dela eram muitos, e muito soldado queria fazer parte da mesma. Sobre todos os detalhes e missões, todo mundo fora daquela equipe conhecia, sabiam, a lista de fogo não era secreta. Outrora, alguns soldados específicos de dentro da lista de fogo e outros que nela conseguiam entrar, nós dois escolhíamos a dedo para fazer outro tipo de missão, essa missão sim, de fato era muito secreta. A verdade é que, meses atrás, os boatos de que alguns militares estavam sendo assassinados misteriosamente estava crescendo exponencialmente na cidade e na região do nosso estado.

Os noticiários da TV detalhavam os casos, alguns deles eram detalhados até demais. A Polícia havia começado a ligar alguns casos à outros, pelo fato de que alguns soldados mortos eram assumidamente gays na época. E mais deles começaram a desaparecer e reaparecem semanas depois mortos, jogados em rios, matagais, fazendas, praias, até mesmo nas ruas da cidade, durante a madrugada. Aquele horror estava acontecendo na minha cidade e em outras em um raio de cem quilômetros quadrados. Com ajuda de um amigo, um Oficial do 19º batalhão, que estava sendo promovido Capitão naquele ano, o seu nome era Sandoval Nogueira, nós três; ele, o Sully e eu começamos a analisar os casos escondidos dos militares policiais, então eu tive a idéia de montar essa equipe dentro da Lista de Fogo, para tentar buscar essas pessoas, contata-las, e de alguma forma, as proteger, principalmente quando encontrávamos soldados e aspirantes gays em nosso batalhão que viviam escondidos do mundo, por medo da tal onda de crimes que estava acontecendo de maneira tão bizarra e cruel. Mas o meu maior arrependimento foi deixar o Sully fazer parte dessa equipe, depois do que eu descobrira há muito tempo depois. A pior escolha que eu havia feito no mundo foi ter confiado naquele homem, foi ter dado liberdade a ele, mas aquilo já estava perto de acabar.

Quando o treinamento na piscina havia finalizado, já era noite, quase 20:00 horas, eu entrei no vestiário, tirei meu uniforme de mergulho, vesti meu uniforme militar e voltei para minha sala imediatamente, sem falar com o meu filho Diego, sem falar com Daniel que estranhou muito a forma como deixei o treinamento, uma vez que eu era o que mais liderava, instruía, ensinava durante cada prova. A minha cabeça estava um caos, eu tinha a análise dos alunos para concluir ainda e tudo o que eu queria naquele dia era que ele acabasse logo para que eu fosse para minha casa, para a minha cama e poder dormir, apagar totalmente, mas tudo alí parecia que ia mudar logo adiante. Alguém batia na porta do meu escritório, me levantei e fui abri-la.

- Sargento Braz, você está bem? O que houve? Você não fez nada hoje no treino. - Era o Daniel, com a maior cara de preocupação do mundo, achei aquilo fofo, confesso.

Batalhão 16: A Lista de Fogo (Romance & Mistério) - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora