Capítulo 35

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Quando o tempo começou a ficar mais frio e o vento começou a soprar com mais força, ambos nos levantámos e ajoelhámo-nos na manta, começando a arrumar as coisas dentro da cesta. Enquanto eu dobrava a manta, ele andava por ali, pegando nas velinhas e arrumando-as dentro de um pequeno saco que só então reparei que estivera ali, com uma pedra em cima para que não voasse. Deixei a manta de lado perto da cesta e fui ajudá-lo. Assim que estava tudo pronto, pegámos nas coisas e saímos dali, entrando de novo na passagem secreta.

Atravessámos a porta de novo e ele parou por breves momentos, fechando a porta atrás de si e voltado para junto de mim. Pegou na minha mão e então percorremos outra vez o caminho de regresso ao interior do palácio.

- Vou pedir a um empregado que leve as coisas para o seu devido lugar, afinal não quero que me vejam a levar uma cesta de piquenique para a cozinha. De certeza absoluta que iria surgir conversa, se é que já não há apenas pelo simples facto de eu ter pedido tudo isto e ambos não termos aparecido para jantar. Mas no final, planeamos contar amanhã. – ele disse, quando já estávamos à porta do meu quarto.

- Tens razão. Sei que a dona Lisa não comentaria nada, mas de certeza que mais pessoas estavam na cozinha quando ela preparou a cesta. Depois também veriam quando levassem os nossos pratos impecáveis para a cozinha.

Ficámos apenas um pouco em silêncio, apenas a olhar um para o outro.

Conseguia ver nele imensos traços do pai, ainda me consigo lembrar do quadro que vi no palacete durante o evento. Conseguia ver nos seus olhos as memórias do pequeno e alegre menino que corria por todo o lado, a atormentar as amas e os jardineiros. Mas também conseguia ver a criança triste em que ele se tornou depois da perda do pai, conseguia perceber que essas cicatrizes ainda não estavam completamente saradas, mas além de tudo isso, conseguia ver um certo brilho no seu olhar. Um brilho intenso e aconchegante, que fazia palpitar o meu coração.

Ele estendeu a mão até ao meu rosto, acariciando a minha bochecha, e eu inclinei-me para ele, cobrindo a sua mão com uma minha.

- És linda... sabias? – ele sussurrou, abrindo um pequeno sorriso.

Ri-me sem jeito e aproximei-me mais, dando-lhe um leve beijo.

- Fico contente em saber que gostaste da surpresa. Não fiz um pedido com todas as palavrinhas, mas acho que consegui passar a mensagem. – ele pegou na minha mão com o anel, levando-a aos lábios e depositou um leve beijo no seu dorso. – Mas se quiseres que eu me ajoelhe e diga, ainda vamos a tempo. – ele disse olhando-me, fazendo-me rir.

- Primeiro: eu não gostei, eu adorei. – vi o seu sorriso alargar-se ainda mais – E segundo: não é preciso, apenas o significado deste anel e o teu esforço para organizar tudo são provas suficientes. Nunca fizeram nada assim para mim... - desabafei.

- Bem, isso é uma vergonha, com certeza que penso em repetir esta noite, várias... várias... várias e várias vezes. - a cada "várias" ele dava-me um beijo – Agora tenho de ir... até amanhã.

- Até amanhã. – então ele afastou-se, andando pelo corredor, não sem antes se virar para trás e me dar um último sorriso. Vi-o desaparecer e só depois entrei no meu quarto, fechando a porta atrás de mim e encostando-me a ela, sem conseguir parar de sorrir.

Andei até à casa de banho, tirei a maquilhagem e penteei melhor os cabelos, olhando para o meu sorriso pelo espelho.

 Rapidamente as memórias desta noite me vinham à cabeça, e mesmo com o assunto do meu passado e do dele à mistura, era impossível não sorrir. Ele tinha estado imenso tempo ocupado com assuntos de extrema importância e com certeza que deveria estar cansado, mas em vez de ir para o seu quarto descansar, ele ainda se deu ao trabalho de ir preparar aquela surpresa maravilhosa, por mim.

O Príncipe e a PopstarWhere stories live. Discover now