Capítulo 16

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Sakura amarrou o cabelo e começou a arrumar as coisas. Juntou os cacos de vidro, limpou o sangue no chão e voltou o sofá para o lugar. Depois, da limpeza ela foi para a cozinha preparar uma sopa. Achou pertinente fazer uma chá calmante também. Enquanto, as coisas ferviam, Sakura foi até seu quarto e pegou seu kit de primeiros socorros e o levou para a sala. Quando tirou a chaleira do fogão e desligou o fogo da sopa, pode ouvir a porta do banheiro ser aberta.

- Coloque shorts, preciso cuidar dos ferimentos da sua perna.- Sakura aconselha e em resposta Izumi solta um "aham" do outro lado da parede. Minutos depois ela aprece, com os cabelos molhados, uma blusa de frio manga longa e um short cor cinza.- Vou secar seu cabelo antes, deixe me pegar o secador. Sente-se.- Sakura foi e voltou rápido. Secou o cabelo de Izumi gentilmente, mecha por mecha.

Depois, pegou o antisséptico e espirrou nos ferimentos nas pernas de Izumi. Minutos se passaram e Sakura já havia terminado, o processo foi silencioso. Quando terminou, Sakura foi guardando os medicamentos dentro da pequena mala. Ela se senta na poltrona de frente para Izumi, e começa a encarar. Antes que pudesse pedir alguma explicação, seu telefone toca.

- Ainda vamos conversar sobre isso.- Sakura a adverte.- Alô?... Sim, é ela. Algum problema?... Jura? Que ótima notícia... Me ver... Claro, estou indo para ai agora mesmo.- Sakura desliga o celular e volta para a sala.- Minha mãe acordou e quer me ver.- Izumi iria falar algo, quando Sakura com muito cuidado a levantou.- Enquanto, eu estiver fora, a senhorita vai descansar.- Sakura a leva para o quarto e a faz deitar.- Vai ficar comportada e principalmente, não se esquecer da promessa que me fez de que não vai tentar fazer nada.- Sakura a cobre com o cobertor.- Já, já eu volto. Fique direitinho.- Sakura parecia a mãe de Izumi, finalizando todas as dicas com um beijo em sua testa.- Daqui a pouco estarei de volta.- O gatinho estava escondido no quarto de Izumi, desde a noite anterior. O animal sobre na cama e se aconchega em cima do cobertor e dorme junto a Izumi.

Sakura foi correndo para o hospital. Depois, de tanto tempo sua mãe havia acordado, mal podia esperar para levá-la para casa e apresentar sua irmã de consideração. As três seriam muito felizes juntas, muito felizes. Quando chegou, foi direto para o quarto da mãe, ao entrar viu que o médico estava junto a ela.

- Esta bem, farei como a senhora quiser.- Disse o médico antes de sair. Sakura sentiu uma pontada de preocupação em suas palavras e começou a se preocupar.

- Minha filha? - Mebuki a chama.

- Mãe.- Sakura a abraça, da melhor forma que encontrou.- Como a senhora está?

- Bem minha querida.- Ela fala vagarosamente, poupando o máximo de energia que podia.- Mas, creio que não ficarei aqui por muito tempo.- Sakura engole em seco, e entra em um estado de negação.

- Claro que não - ela tenta falar com o nó em sua garganta.- A senhora vai vir para casa comigo e conhecer minha amiga.

- Sakura...

- Vamos comprar um monte coisas...

- Sakura.- Mebuki pega na mão de Sakura, e a olha com um sorriso no rosto. As duas sabiam o que significava aquela conversa.

- Não mãe.- Sakura puxava o ar para não chorar.

- Sabe, estou feliz - ela olha para o vaso de flores.- Vivi muitos momentos bons na minha vida, tive uma linda filha, que agora já é uma mulher.- Mebuki olha para Sakura.- Minha filha - ela pega as duas mãos de Sakura.- Eu quero que saiba que eu tenho muito orgulho de você, da pessoa que você se tornou.- Sakura sacode a cabeça em negação.

- Não mãe, eu não sou uma boa filha.- Sakura encosta a testa a testa nas mãos da mãe.- Eu não a visitei porque estava preocupada com coisas superficiais. Me desculpe mãe.- Sakura esfrega a cabeça de um lado para o outro.- Me desculpe.

- Não se preocupe querida - ela desprende uma de suas mãos.- Você se sacrificou demais por mim. Muito obrigada.- Mebuki não consegue conter as lágrimas, mas não deixou o sorriso de lado.- Posso te pedir uma última coisa egoísta.

- Claro mãe, pode pedir o que quiser.- Sakura olha para ela.

- Fica aqui comigo.- Ela põe a mão do lado da boca, como se estivesse contando um segredo.- Estou com medo.- Ela força um sorriso em meio ao choro.

- Não precisa ficar com medo mãe.- Sakura chora mais ainda.

- Deite aqui comigo.- Mebuki chega um pouco para o lado, para que a filha pudesse se deitar. Sakura se aconchega junta a mãe e abraça.- Eu te amo muito minha querida, minha pequena Sakura.

- Eu também te amo mamãe.- Sakura tenta abafar o choro. Não foi preciso palavras bonitas, de frases de agradecimento ou longos pedidos de desculpas, elas só precisavam daquilo. Aquele abraço, aquela cumplicidade invejável que havia entre elas. Somente daquilo. Sakura estava esperando apito das máquinas, mas nada veio, somente o sono. Sakura acabou caindo em um cochilo.

Até que o som veio, o biii tradicional. Que trás consigo a morte de um ente querido, que trás tristeza para aqueles que ficaram para trás com a dor e futuramente as saudades que irão invadir o coração da e nunca mais irá embora. Sakura queria gritar, queria morrer, queria fugir, queria muitas coisas e tantas vontades juntas martelando em sua mente e coração. A única reação dela foi se levantar, o momento a deixou estática. Nada poderia amenizar aquele momento. Sakura ficou parada, vendo as enfermeiras entrando no quarto, juntamente com o médico.

- Eu sinto muito senhorita Haruno.- O médico diz tristemente.

- Obrigado.- Sakura pega sua bolsa e sai. O médico fica sem entender bem a reação da jovem, mas prefere ficar na dele. Sakura luta para não cair na rua, suas pernas estavam bambas e seu coração em pedaços. Quando ela chega em casa não dava mais, não dava mais. Izumi estava na cozinha pegando uma xícara para beber o chá. Sakura deixa a bolsa cair no chão, e Izumi deixa a xícara de lado.

- O que foi?- Ela vai até Sakura.

- Ela se foi.- Sakura olhava para o chão desolada.- Ela se foi.- Izumi a abraça.

- Quem se foi? - Izumi precisava saber.

- Minha mãe morreu.- Sakura começa a chorar.- Morreu.- Sakura começa a gritar, pois toda a dor que não veio no momento da morte de sua mãe, se acumulou e explodiu naquele momento.

Naquele momento, duas mulheres quebradas pelas pancadas da vida, se uniram para cuidar da dor uma da outra. Duas amigas, completamente desoladas, esperando por uma salvação, por algum alívio

Te Amar é a Minha MaldiçãoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant