Capítulo 18.5 - Angel Diary

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Finalmente poderão saber o que houve com Angel ^^

Aproveitem e digam-me o que acham.

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  06 de outubro de 2189.

  Eu lembrei. Lembrei de tudo. Mesmo que tenha sido só um sonho, foi real demais, e não há razão para duvidar. Eu senti como se uma porta, trancada dentro de mim, se abrisse com um clique. Mas, por alguma razão, as coisas parecem piores do que antes. Contarei como foi, talvez assim possa me entender.

  No começo tudo se passava em uma casa grande, com as paredes tão coloridas que chegavam a doer os olhos. Era onde eu estava sempre ao lado de um menino de olhos verdes. Ambos olhando para a janela da sala, diretamente para a neve que caia. Podia ver meu reflexo no vidro, com o rosto mais infantil e nada de cicatriz.

  “Ei, Angel”, dizia o menino, virando-se par mim, “vamos lá fora?”

  E assim fizemos. Louise observava da porta, com uma expressão preocupada. Essa cena se repetiu algumas vezes, até avançar um pouco no tempo. Encontrava-me no corredor de entrada, com alguém que não conhecia. Louise apresentou-o como Harry. Nessa mesma semana, ela veio coma noticia de que estava grávida, de novo. Foi uma época de pura felicidade, menos para mim, que passava despercebida em todos os momentos. Sempre estava triste e com a cabeça em outro lugar.

  Algum tempo após isso, pouco antes de completar oito anos, fui passar uns meses em um lugar estranho, onde tudo era branco ou de cores claras. Nos primeiros dias era a mesma rotina: eu ficava o tempo todo em um quarto quase vazio, e ia dormir cedo, o que não é nada saudável para a mente de uma criança. Mas o pior ainda estava por vir, quando as coisas começaram a mudar. A porta do quarto, que abria, no Maximo, três vezes por dia, escancarou-se. Um homem vestido de preto, com uma mascara, e seguido de mais dois entrou.

  “Muito bem garotinha, sua vez chegou.”, qualquer criança se assustaria com palavras desse tipo, e comigo não foi diferente.

  Levaram-me até uma sala enorme, com várias coisas típicas de um laboratório. O laboratório onde aquele homem fazia suas experiências. Prenderam-me em uma das macas, e os piores momentos de minha vida se sucederam. Fizeram-me uma cobaia, e injetavam várias coisas em minhas veias, o que era eu não sei, estava sempre dopada. Testaram-me de várias formas diferentes e dolorosas. A mais horrível foi logo após uma cirurgia, não lembro de que. Foi um teste com fogo, e nesse dia eu ganhei a cicatriz. Ainda posso sentir a sensação que o fogo causava quando estava perto de mim, e uma dor daquelas que te faz preferir estar morto.

  É claro que foi um fracasso, e depois de mais algumas injeções, análises e cirurgias, tentaram novamente. Dessa vez, aquele homem conseguiu o que queria. Livius olhava para mim com um sorriso cheio de orgulho, enquanto o fogo, que deveria me queimar viva, ardia a minha volta, mantendo certa distancia.

  Retornei ao meu quarto, e longos dias se passaram até ver aquele lugar novamente. Não foi nada agradável. Por sorte, aquela foi a última vez. O laboratório explodiu, os assistentes dele morreram queimados, eu consegui escapar graças ao meu ‘dom’. Mas houveram consequências. Perdi todas as minhas memórias, e continuei vivendo sem elas.

  Por que isso teve de acontecer comigo, não faço ideia. Apenas quero Livius o mais longe possível de mim, ou sou capaz de matá-lo por tudo o que me fez passar.

  As coisas parecem piores, mas não é algo que me faça desistir. Todo caminho é cheio de desvios, e sempre segui por eles, até finalmente me encontrar. Encontrar o meu lugar, que é aqui, junto de Ehren, no Survivor.

  Vou manter segredo sobre isso. Não gosto que ninguém se intrometa em minha vida. Talvez até possa usar isso a meu favor.

   Penso que chega a parecer um daqueles filmes de ficção, onde tudo pode acontecer. E essa seria à hora em que o protagonista passa por um teste de coragem. Nem quero ver o que o futuro me reserva.

SurvivorWhere stories live. Discover now