Capítulo 12

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  O homem vestindo terno, de óculos escuros e cabelo comprido, olhava entretido para as duas jovens cobertas de sangue e ofegantes que acabavam de entrar em seu laboratório genético. Uma delas era ruiva, com olhos castanhos e baixinha, estivera ali alguns dias atrás, e a outra de longos cabelos escuros, tinha uma cicatriz que cobria quase metade de seu rosto, mas o que mais chamou sua atenção foram os olhos, de uma cor cada. Ele nunca imaginara que a reencontraria um dia, e como estava diferente! Ela era, sem dúvidas, muito parecida com a mãe.

  — Quem é você? — a primeira a recuperar-se do choque foi a garota da cicatriz. Ele deu uma risada, ela realmente não se lembrava de nada. E pelo jeito, Louise nunca tivera a intenção de lhe contar a verdade.

  — Não sou ninguém importante, mas aposto que já ouviram falar de mim.

  — Droga, não quero saber! — a ruiva gritou levantando o rosto com um olhar assassino. —Novata, temos que terminar o serviço.

  Angel. Há quanto tempo não ouvia esse nome. A simples menção dele fez a garota se sobressaltar, ela parecia estar em uma espécie de transe, em um debate interior sobre o que fazer agora. Ele ajeitou os óculos e sorriu, essas situações era tão divertidas!

  — Pra que tanta pressa? Fiquem mais um pouco. — seu sorriso rio aumentou ao ver que a ruiva se preparava para puxar a arma no cinto e atirar nele. — Devagar ruivinha, estou vindo em paz, diferente da última pessoa que você teve o azar de encontrar aqui. — ele levantou suas mãos para representar rendição, mas suas palavras pareceram deixá-la hesitante.

  — Kat vamos terminar logo! Você mesma estava dizendo isso há pouco. — Angel estava desconfortável com aquele homem que tentava parecer gentil.

  — Angel é um belo nome, Louise tinha ótimo gosto para essas coisas. — cada palavra vinha fria e cortante, como o vento invernal. Ele acertara ao escolhê-las, conseguira mobilizar ambas as garotas e agora tinha a atenção delas. Mas estava mais interessado em Angel.

  Kat não contava com esse imprevisto. Esse homem, seja lá quem fosse, atrapalharia todos os planos. Elas deveriam entrar na base, ganhar acesso ao laboratório e destruir, simples assim. Talvez a novata fosse um amuleto de má sorte, mas, ainda assim, sua habilidade na hora da luta era inquestionável. Ela tinha de arranjar um jeito de distrair o intruso, para ter temo de destruir o lugar... Sua cabeça estava a mil pensando em alguma solução, quando uma das várias idéias começou a fazer sentido. Por que não pensara naquilo antes? Estava tão na cara, era para esse tipo de coisa que a novata viera. Sem que o homem visse, fez sinal para que ela o distraísse. A garota confirmou e deu um passo para frente, encarando-o.

  — Como conheceu Louise?

  — Faz muito tempo desde que a vi pela última vez, acho que quase oito anos... Nós éramos colegas de classe e mantemos nossa amizade mesmo depois de nos formamos. — ele falava pausadamente, como se estivesse revivendo o passado e precisasse de tempo para formular uma resposta. — Ela me fez muitos favores, só é uma pena que não pude retribuir. Falando nisso, como ela reagiu ao saber que as filha dela se juntou a marginais?

  — Acredito que ela deva estar se revirando na cova agora, senhor. — Angel surpreendeu a si mesmo por falar gracinhas em uma hora como essa, inclusive Kat parou o que estava fazendo para abafar uma risada.

  Olhando de relance para ela, viu que estava encostada na porta e tremia. Os soldados restantes davam pancadas, tentando derrubá-la.

   O homem de terno, de repente ficou sério. Ele tirou os óculos e os pôs acima da cabeça, revelando olhos de um azul elétrico muito vivo e vibrante. Não eram normais, reconheceu Angel, assim como seu olho vermelho.

SurvivorWhere stories live. Discover now