Never leave me

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A sensação agoniante de que algo iria dar errado só crescia em seu peito.

Richard Tozier ajeitou seus óculos. Sentado em sua cama enquanto balançava a perna, esperava que seu anjinho voltasse para o quarto, o mesmo havia descido para ir na cozinha.

Eles estavam praticamente namorando — o que dificultava um pouco as coisas era o óbvio, Eddie é um anjo — se beijam quase sempre desde o aniversário do maior, onde as coisas realmente aconteceram. Richie se sentia muito bem na presença do baixinho, como se isso ocupasse o espaço que ele sentia faltar em sua vida desde sempre.

Então, o maior ouviu passos no andar de baixo, seguidos de vozes que reconheceu como as de seus pais. A sensação ruim apenas cresceu.
Levantou da cama lentamente, andando na direção das escadas. Era como se suas pernas estivessem amarradas em algo, como se ele se arrasta-se.
Como se ele se obrigasse a ir a onde não queria. A ver o que não queria.

Descendo as escadas lentamente, parecia flutuar em direção à um lugar errado, onde não queria estar.
— Eds? — Sussurrou baixo, o procurando e evitando que os pais o notassem ao mesmo tempo.
Sentiu um vento frio, que fez com que cada pelo em seu corpo se arrepiasse. A porta da sala estava aberta e de lá que veio a corrente de ar.
— Eds? — Chamou novamente.

Se assustou quando percebeu uma trilha de penas brancas na direção da porta. E também havia um pouco de sangue. Richie se apoiou na parede enquanto andava, sentido a cabeça girar. Algo ruim havia acontecido.

Quando passou pela porta, começou a chorar. Resultado do sentimento agoniante que doía em seu peito. Seus pais estavam lá, o encarando como se o esperasse.
— Eds, Eds, Eds. — Maggie disse com certo nojo acentuado na voz. — O namoradinho sumiu, foi? Tão triste.
— A bixinha te deixou, é? — Dessa vez foi seu pai quem zombou.

Richard olhava a cena, parado onde estava, não conseguindo se mover. Chorando. Tentando raciocinar.
— Cadê ele? — Perguntou com a voz falha.
— Foi embora. — A mãe respondeu dando de ombros e Richie sentiu seu mundo cair.
— Não, não. Ele nunca faria isso comigo. Eddie nunca...
— Você acha mesmo que ele ligava para você? — Wentworth riu com deboche. — Só foi mais um dos que percebeu o desastre que você é e te deixou, como todos os outros.
— Eddie não...
— Ele te abandonou como sempre fazem, nunca ligou para você, como sempre. Isso nunca muda, Richard.
— Ele não me abandonou, não mesmo. — O maior cobriu suas orelhas com as mãos, tentando evitar que mais palavras como aqueles envadissem sua mente, como se isso fosse mudar algo e Eddie fosse aparecer do seu lado.
Mas ele apareceu em sua frente.

— Richie...
Edward flutuava, parecia estar cercado de uma luz branca. Em seu rosto, uma expressão vazia que Richard nunca tinha visto antes. Seus olhos que tanto o atraiam com seu brilho agora eram tão escuros.
— Eds, o que está acontecendo? — O desespero que sua voz carregava era perceptível é agoniante.
— Eu te disse que era errado, não disse? — Perguntou desapontado.
— Eddie eu...
— Você não consegue entender uma coisa simples. — O anjo se virou. — Você sabia que essa hora iria chegar, eu eu cansei.

Então desapareceu.

— EDDIE? EDS? — Richie o gritava desesperado enquanto seus pais riam. Lágrimas dominavam seu rosto, o encharcando. Ele olhava ao redor procurando algo para livrá-lo desse desespero. Procurando o seu anjinho para lhe salvar.
Mas ele foi embora como todos.

— Richie!

Seu corpo foi sacudido enquanto o chamavam. O maior abriu os olhos rapidamente e se deparou com Eddie ajoelhado no chão, o olhar confuso e o rostinho de sono. O escuro era a única coisa que preenchia o quarto. A sensação agoniante foi substituída por alívio.

Foi tudo um pesadelo.
Para Eddie ver Richie tão vulnerável como estava agora — o garoto havia chorado enquanto dormia e seus olhos ainda brilhavam por conta das lágrimas — o fez ter a vontade de sempre, que é protegê-lo.
Sem dizer nada, apenas envolveu o garoto em um abraço desajeitado por conta das posições e deixou o maior enterrar seu rosto na curva de seu pescoço.

— Foi apenas um sonho ruim. — O anjo sussurrou.
— Eu fiquei com tanto medo. — A voz de Richie oscilava e sua respiração fazia cócegas no pescoço de Eddie. — Eu achei que você...
O Kaspbrak apertou ainda mais o abraço, ficando assim por alguns segundos.

— Deita aqui comigo? — Tozier pediu como uma criança que tem medo de dormir sozinha depois de um pesadelo. Ele é praticamente isso.
Edward deu um sorriso de lado e fez o que foi pedido. No espaço limitado da cama, ele deitou sua cabeça no peito de Richard, que o puxou para mais perto, quase colocando todo o corpo do menor em cima do seu. Distribuia beijinhos na cabeça de Eddie, que ria baixinho.
— Vai dormir, 'Chee.
—Malvado.

O corpo pequenino do anjo colado ao seu, a respiração lenta dele, a simples companhia dele... Foi o bastante para que o maior perdesse grande parte de seu medo. Afinal, qualquer medo ou agonia desaparecia quando Eddie estava perto.
E ter se apaixonado por ele foi, para Richie, a melhor decisão que já tomou.

Ele não sabia se o anjo estava dormindo ou não, mas mesmo assim puxou o rostinho dele para cima, fazendo com que fosse possível beijá-lo. Eddie felizmente estava acordado e retribuiu, sorrindo quando acabou e deitando a cabeça no peito de Richie.
— Sabe Eds, esse pesadelo só mostrou a verdade.
— Como assim? — Perguntou confuso.
— Meu maior pesadelo, meu maior medo. Ficar sem você, você me abandonar. Por favor, não faz isso comigo.

O baixinho soltou um pequeno e imperceptível suspiro. Depois sorriu, entrelaçando sua mão com a do maior, uma das coisas que ama fazer, era com se elas fossem perfeitas uma para outra. Edward fica estupidamente apaixonado quando se trata de Richard, achando tudo fofo, romântico. Bendita paixão.

— Como se eu fosse conseguir.
— Deixar para trás um idiota como eu?
— Ficar sem alguém como você.

Guardian Angel (Reddie)Where stories live. Discover now