Parte sete: Canivete.

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-É o David.

-O que tem ele?

-Mãe, ontem à noite a Melanie fez uma festa na casa dela.

-Eu NÃO quero você na casa daquela maconheira.

-Desculpa mãe, mas não é isso que importa...

-...Você tá de castigo por uma semana.

-O David voltou a me ameaçar.

-De novo? - ela sentou na cama, olhos fixos em mim.

-Sim, e ele me machucou. - puxei a gola da blusa mostrando as marcas, mesmo sabendo que não foram dele - por isso que eu fui para Melanie...

-Isa... - ela abriu os braços me convidando para abraça-la - vem cá. Ficamos ali alguns minutos antes de me levantar e voltar a falar.

-Precisamos fazer alguma coisa.

-Tipo oque? Eu dependo dele, nós dependemos dele, ou você acha que eu conseguiria manter a casa apenas com meu trabalho de enfermeira?

-Se a senhora não fizer nada, eu mesma faço.

-Isabelle, olhe para mim - ela colocou suas mãos em volta do meu rosto - você não pode nem vai fazer nada. Vamos aguentar firme até seu irmão crescer, até você arrumar um emprego. Até lá eu vou falar com a mãe do Tyler para você e seu irmão ficar lá nas noites em que eu for trabalhar. - concluiu com os olhos marejando - vou fazer panquecas no almoço, porque você não vem me ajudar?

-Acho que vou dormir, não fechei os olhos a noite toda.

-Certo então... - ela levantou e enxugou as lágrimas - qualquer coisa estarei na cozinha.

-Tá bem. - ela fechou a porta, no mesmo instante me joguei na pilha de travesseiros e o sono tomou conta de mim, me fazendo dormir em poucos segundos.

Três meses depois...

-Você poderia me dar uma dessas – olhei para Melanie enquanto passava a mão na sua imensa caixa de vidro, em que ela guardava com muito apreço sua coleção de facas e canivetes – ou pelo menos me emprestar por um tempo.

-Pode escolher uma. – falou enquanto tirava uma chave prateada do bolso de seu macacão cor de rosa. A luz que reluzia do objeto parecia dançar enquanto ia ao encontro da minha mão. Segurei com força a chave, e relutei um pouco antes de abrir aquela caixa aveludada com falsos cristais cravejados nas bordas.

-Obrigada pela força que você me deu esses últimos dias. – falei, e finalmente abri a caixa. Os dois últimos meses foram calmos em relação aos anteriores. Consegui um emprego na Starbucks em que o Tyler trabalha, durmo quase todos os dias na casa da Melanie e dessa forma não vejo mais a cara do David. Em relação ao Justin... ele simplesmente sumiu do mapa, não me liga, não responde minhas mensagens, não vai mais as festas. Chaz vem ao bairro regularmente, (ele começou a namorar com a Melanie) ele diz que o Justin está empenhado em um novo projeto, por isso se trancou em casa. Eu duvido muito. Só queria saber como ele está, assim eu ficaria mais tranquila e menos preocupada, mas vejo que por enquanto isso é impossível. -

-Amigas são para isso.

-Merda – já eram onze horas da noite – tenho que pegar meu irmão em casa, não posso deixar ele sozinho com aquele monstro.

-Vou deixar a porta aberta, quando voltar é só abrir.

-Tá bem então.

Voei para moto e em poucos segundos já estava deslizando os pneus pela rua escura e vazia de Atlanta. Assim que cheguei em casa percebi que todas as luzes estavam apagadas, e isso era algo incomum. Tirei o canivete que tinha acabado de ganhar da bolsa, e segurei forte em uma das mãos, na outra estava meu celular com a lanterna acesa. Entrei em casa. A madeira queimava na lareira, deixando o cômodo com uma luz fraca e sombria, o carpete revirado e cacos de vidro no chão deixavam aparente um ambiente de luta. Respirei fundo e desliguei a lanterna do celular, antes de continuar entrando pelos corredores.

-Natan? – gargalhadas rasgaram a quietude do ambiente – David eu já chamei a policia, onde está o Natan?

-Dormindo. – virei em um pulo, David estava lá, de pé nas sombras. 

ÊxtaseWhere stories live. Discover now