Meus pêsames

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Depois da conversa com Lena passamos o resto do dia com as gêmeas brincando de tudo oque elas queriam. No jantar o único assunto fui eu, e em como eu estava sendo tratada no Castelo, minha mãe me perguntou se eu estava sendo bem alimentada e eu tive que segurar para não gargalhar, mas é claro que eu estava sendo bem alimentada nunca fiquei com fome por mais de dois minutos naquele lugar. No final do jantar meus pais me perguntaram sobre o meu acidente e eu lhes contei como tudo aconteceu, claro não pensei nem em mencionar Joseph, porque se eu falasse o nome dele teria que explicar a história dele inteira e creio que não estejam preparados para o impacto da verdade por trás da perfeita família real.

Neste momento estou terminando de colocar um pequeno chapéu preto com uma renda também preta que cobre meu rosto. Depois de pronta me olho em frente ao espelho, saltos, vestido de mangas até os cotovelos, luvas, meia fina devido ao clima frio de hoje, e tudo na mesma cor, preto. A única coisa que se destaca em mim é a rosa branca em minhas mãos. Hoje é o dia em que darei adeus para minha tia.
Lena surge ao meu lado linda como sempre, toda de preto assim como eu, a única diferença entre nós são seus cabelos de fogo que caem sobre por seus ombros, os meus então presos em uma trança lateral feita por ela.

- Ainda não consigo acreditar que ela nos deixou. - digo encarando a rosa branca, da mesma que ela me levava quando criança para pegar no Jardim Raibow. Uma lágrima solitária escorrega pela minha bochecha.

- Nem eu. Mas como ela nos dizia quando éramos pequenas que as pessoas são pedacinhos da alma de Deus e quando Ele precisa desses pedacinhos Ele os pega de volta. - sorri ao lembrar que foi exatamente isso que ela disse quando perdemos nossa avó paterna.

- Vou sentir a falta dela.

- Eu tambem vou. - nós nos abraçamos de lado e sorrimos nostálgicas. Depois que estávamos prontas descemos e encontramos todos já nos esperando, todos de preto e todos com uma flor em mãos. Papai e mamãe com suas flores vermelhas, as gêmeas com flores em tons de rosas diferentes, Lena com sua rosa cor de chá e eu com minha rosa branca.

- Será um dia difícil. - diz mamãe com os braços enlaçados ao de papai.

- Será mesmo. - diz ele com os olhos tristes. Lhes dei um abraço e um beijo em cada um.

- Mas estaremos todos juntos, assim será mais fácil de passarmos por tudo. - todos sorriem para mim e eu sorri para todos.

- Eu não quero ir mamãe. Eu vou ficar triste. - diz Anne passando os braços envolta da cintura de Lena.

- Eu também mamãe. - Anna passou seus braços delicados envolta de mim, e eu passei os meus braços por seus pequenos ombros.

- Temos que ir queridas, prometo que não irá demorar. - as duas fizeram beicinho. - E se depois comprarmos sorvetes? - elas se entreolharam e trocaram olhares que só elas entendem.

- Pode ser. - elas concordam e seguimos para o carro. Como somos em seis meus pais tiveram que comprar um carro de sete lugares assim que as gêmeas nasceram. Quando as duas ficaram maiores começaram a querer andar na parte de trás onde só tem dois lugares, e assim vamos papai e mamãe na frente, eu Lena trás deles e as gêmeas atrás de nós e logo atrás de nosso carro está o dos meus guardas. Dentro do carro o clima está pesado, ninguém tem ânimo para falar nada. Ficamos em silêncio até chegar na igreja e já estavam quase todos os parentes lá. Descemos do carro e eu quase cai para trás quando um flash disparou em minha direção seguido de muitos outros e várias pessoas falando coisas que eu não pude me concentrar em entender. Vi meus guardas saírem do carro correndo e me cercarem, Lena que está ao meu lado me puxou para dentro da igreja rapidamente, Lá dentro o ambiente era outro, nada de conversas altas, pessoas chorando, todos de preto menos minha tia que está usando um lindo vestido rosa claro. Ela parece estar em um sono profundo.

- Mas que falta de respeito! - diz minha mãe revoltada.

- Não se pode nem ter paz no velório da própria tia! - Lena diz também indignada.

- Desculpe, estão aqui por minha causa. - digo a eles que me olham rapidamente.

- Isso não foi culpa sua filha, você não tinha como impedi -los de serem inapropriados. - diz papai me consolando. Sorri para ele. Olhei envolta e todos os olhares estão sobre mim, senti minhas bochechas esquentarem, abaixei a cabeça e evitei os olhares. Anne me abraçou e escondeu o rosto em meu vestido.

- Vai ficar tudo bem meu anjinho. - abaixei para ficar em sua altura e disse baixinho para ela.

- Ela disse que iria em minha formatura quando eu terminasse a minha faculdade e agora ela não vai nem me ver terminar a escola. - Ela começou a chorar e eu a abracei bem forte.

- Ela vai ver sim. - Anne levantou o olhar e me olhou com os olhinhos brilhando pelas lágrimas.

- Mas como se ela agora vai viver lá em cima com Deus?

- Meu anjo, não importa onde ela vai estar, oque importa é onde você quer que ela esteja. Ela nunca deixará estar com você. Ela sempre vai te amar assim como você sempre vai ama-la. - Ela sorri e eu a beijo na bochecha.

- Eu te amo Allice.

- Eu também te amo minha Anjinha. - Ela sorriu e foi se juntar a Anna. Levantei o olhar e fui até minha tia, vê-la desse jeito é de partir o coração, uma mulher que nunca conseguiu ficar parada por mais de cinco minutos e que agora está imóvel, quieta, sem vida. - Oi tia, eu já estou com saudades sabia? - sorri enquanto uma lágrima descia quente. - Eu trouxe para você. - coloquei a rosa branca em suas mãos. - Assim como você me pediu a muitos anos. Obrigada por tudo oque você fez por mim. Eu sempre vou te amar. - Ela disse quando eu e ela estavamos em uma de nossas caminhadas semanais, ela pediu para que no dia em que ela fosse conhecer a Deus de pertinho eu lhe desse uma rosa branca, para ela poder dar para Deus. Beijei suas mãos e sai de perto do caixão, ficar ali olhando é doloroso demais.

- Vou ao banheiro. - disse para mamãe e papai. Eles me abraçaram e quando eu já estava me virando para ir Lena segurou meu braço.

- Também vou. - meus guardas começaram a nos seguir e param na porta do banheiro a nossa espera. Fui para o espelho e com um lencinho limpei um pouco da maquiagem que saiu do lugar.

- Isso é difícil. - disse olhando minha irmã ajeitar o cabelo.

- Sim, realmente, achei que seria mais fácil. - ouço um barulho em uma das portinhas e me viro para ver quem é. Tenho vontade de correr.

- Eu te disse para ficar longe dele flor. - a mesma mulher daquela noite, isso foi a última coisa que eu vi antes de homens aparecerem do nada e colocarem um pano em minha boca e na de minha irmã. Depois escuridão.

Oii! Não esqueçam da estrelinha!
Beijos até a próxima!
Sindy B.
❤👑❤👑

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