Epílogo

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Lentamente olho em volta e fico impressionadaEsta inocência é brilhante, espero que ela dure

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Lentamente olho em volta e fico impressionada
Esta inocência é brilhante, espero que ela dure

Innocence - Avril Lavigne

Branka Yevandrovisck

24, June — 2019

Dizem que quando você fala do dêmonio ele mostra o rabo, pois bem, lá estava Lucifer preparando o meu inferno pessoal logo após eu pensar nele por poucos minutos. 

— Com o que vamos começar? Um Calibre 38? Essa eu tenho mais facilidade, acho que seria legal se passassemos para uma maior, sabe? Como aquela que eu vi empilhada no seu quarto na semana passada, como é mesmo o nome? Hm... — estalei o dedo em minha frente quando o alcancei, ele respirou e me olhou — AR-15! Ela era grande e pesada, mas talvez...

— Você está falando de mais. — avisou baixo, eu mordi o lábio e entrelacei meus dedos — E era uma Fal, já disse que precisa estudar mais antes de pegar uma arma tão potente. — ele me entregou um tubinho preto, pequeno. Era similar a um barbeador eletrico, eu girei em minha mão. Será que aquilo era munição?

— Se apertar esse botão você provavelmente vai desmaiar. — ele acrescentou sem me olhar enquanto puxava o zíper da bolsa que segurava.

— Nós já não passamos da fase "Qualquer botão que você apertar sem me consultar vai  machucar alguém"? — deixei meu braço cair ao meu lado o encarando com desdém. Um sorriso repuxou o canto de seu lábio, ele apoiou ambas as mãos sobre a mesa e subiu a cabeça em minha direção.

— Uma arma de choque. — revirei os olhos — Foi o que Nikolai mandou te entregar, estude mais sobre as armas com aquele manual que te dei, e estude bem pois será ele quem irá te treinar.

— Nikolai? — questionei surpresa, ele jogou a alça sobre o ombro — Para onde você vai? 

— Para o mesmo lugar que você. Hoje é aniversário de Nikolai. — fiz uma careta o seguindo. 

— E ele vai comemorar? Achei que ele odiasse aniversários.

— E ele odeia. — ele puxou o típico cigarro que deixava atrás da orelha e o acendeu em um piscar de olhos — Mas a Senhora Scarlett gosta e decidiu fazer uma festa surpresa, ela acha que eu sou fiel cachorro e por isso me deixou ser o último a saber, para não correr o risco de Nikolai descobrir. — ele abriu a porta de seu carro e eu entrei e deixei a arma de choque no cano da minha bota, ele deu a volta para entrar do outro lado.

— Nem eu sabia de nada! — acusei irritada por ela não ter me contado, eu nem era tão chegada nos dois, na verdade eu odiava a felicidade excessiva de Scarlett e o perfil dono do mundo de Nikolai. Mas eu era da família e ninguém havia me contado nada.

— Ela acha que nós somos um casal, disse que se te contasse, você me contaria também. — concluiu ligando o som, um rock baixo começou a soar. Eu o encarei, seus olhos azuis encontraram os meus, eu não tinha o que dizer, mas queria dizer algo.

— Você acha que ela enlouqueceu? —perguntei o arrancando um sorriso leve, ele jogou o que restou do cigarro para fora e moveu os ombros.

— Nem tanto. — ele encarou seu reflexo no retrovisor e ajeitou os cabelos castanhos escuros antes de continuar — Ela tem uma porcentagem de razão, não acha? — ele se voltou para mim e piscou. Eu engoli a seco e me ajeitei no banco observando a paisagem em silêncio enquanto ele nos guiava atráves da avenida. 

Quando cheguei em casa eu discordei de Aleksi, Scarlett estava completamente maluca se achava que Nikolai iria gostar de tudo aquilo. Balões coloridos preenchiam a sala, minha mãe rodopiava a sala distribuindo chapeús vestivos, maldita hora que notou minha presença e deixou um amarelo em minha cabeça e um rosa na cabeça de Aleksi, segurei a risada e ele empurrou meu chapeu para baixo, tampando minha vista. 

— Você sabe que ele vai ficar irritado com esse monte de cor e gente que ele não gosta dentro da casa dele, não sabe? — perguntei sutilmente quando Scarlett se colocou ao meu lado, ela moveu os ombros ajeitando Hope nos braços. A pequena era mistura bruta de Nikolai e Scarlett, um bebe tão bonito que podia facilmente fazer comercial de fraldas ou algo assim. 

Após algum tempo, um guarda avisou que Nikolai estava chegando. Hope e Scarlett vestiam chapéuzinhos rosa e a gordinha batia palma freneticamente mesmo quando Scarlett choramingava para que parasse. Nikolai abriu a porta, todo mundo gritou "surpresa", sua feição de descontente não passou despercebida. 

Minha mãe foi a primeira a ir até ele tendo em vista que ele não apagou as velas sobre o bolo que ela segurava, o parabéns já havia acabado a dois minutos e agora era somente silêncio sobre olhos azuis esverdeados furiosos. 

— Eu avisei. — soprei para Aleksi, ele riu nasalado e pediu para esperar, em seguida jogou o queixo em direção ao loiro que arrastou Scarlett pelo pulso para o outro lado da sala. Ele rosnou algo para ela, ela se encolheu, Hope seguia batendo palmas feliz no meio da discussão dos dois. 

Então, Nikolai notou a pequenina que gritou repentinamente "eeeeee" e esticou os bracinhos no alto da cabeça. Ele respirou fundo e segurou um sorriso antes de beijar a cabeça da pequena garotinha e beijar os lábios de Scarlett.

Mas, a essa altura ninguém além de mim e Aleksi observava o casal se reconciliando, todos os presentes estavam mais ocupados em comer, beber de graça e desejar ter a decoração sofisticada da mansão Yevandrovisck. 

Nikolai pegou a garotinha sobre os braços e ela voltou a bater palmas, aparentemente havia gostado de praticar o gesto. Com a mão livre entrelaçou seus dedos nos de Scarlett e abaixou para falar algo para a mesma, não sei o que ele disse, mas a deixou ruborizada de imediato.

— Viu? — Aleksi chamou minha atenção e eu o encarei — Nikolai pode ser um monstro em Bratva, mas em casa ele é apenas um homem com esposa e filha. — seus olhos claros estavam presos no meus, ele deslizou o chapéu sobre seus cabelos os deixando bagunçados — Um dia você vai enteder isso, Branka. E não vai ser comigo. — ele depositou o chapéuzinho rosa sobre o meu amarelo.

— Aleksi... — respirei fundo não querendo discutir sobre isso outra vez. Ele enfiou as mãos em seu bolso e deixou a casa em seguida. Eu o observei partir antes de voltar minha atenção para Hope coberta de bolo sobre a mesa principal enquanto Scarlett tirava fotos de Nikolai com minha sobrinha. 

Os boatos diziam que Nikolai era considerado um monstro aos olhos de Bratva, mas em minha frente eu não via um. 

Os mesmos boatos diziam que Andrei era considerado uma máquina, não pensava duas vezes antes de cumprir tarefas crueis, mas o homem que eu conheci forjou a própria morte para ser feliz com a mulher que ama. 

Sófia estava próxima a porta, conversando com outra mulher, balançando a taça intocada que segurava de um lado para o outro. A piruca escura tornava imperceptível que era uma mulher careca graças a Anya que invadiu seu salão durante o final de semana. Ela tinha seu nariz empinado e um curto sorriso nos lábios.

Eu sabia que ela espalharia algum boato sobre mim também. E eu sei que isso deveria me assustar de alguma forma, mas não me assustava, na verdade me tornava ansiosa. Teria uma razão para matar essa cadela, arrancaria suas belissimas unhas sem descer do salto. 

Ri afastando esses crueis pensamentos de minha cabeça, afinal, esse era o dia feliz de Nikolai e Scarlett.

Se na máfia existisse finais felizes, com certeza pertenceria a eles.

Mas, não existem. 

A Máfia é manchada de sangue. E não importa o quando Andrei fuja, o quanto Nikolai finja que não, no fim, terminaremos todos do mesmo jeito.

Manchados de sangue. 

• NIKOLAI • 1º Livro da série de "Os Filhos de Bratva"Onde as histórias ganham vida. Descobre agora