─ Obrigada Morgan, vou procurá-las.

Segui até o viveiro, que lembrava um pequeno cogumelo. Cercado por telas, o seu charme estava no telhado arredondado e as telhas avermelhadas pintadas com bolinhas brancas. O jardim próximo do pequeno viveiro, esbanjava a delicadeza das violetas lilás e azuis. Bancos e redes presas em um galho de uma goiabeira. O chão com um gramado perfeito, um lugar ótimo para descansar ouvindo o canto dos canários e mandarins. Violet e Bruna discutiam fervorosamente, o que aconteceu agora?

─ Eles são novos, precisam de alimentação por uma seringa; ─ esbraveja Bruna, segurando na cintura. ─ São filhotes, não vão sobreviver.

─ Precisamos achar o ninho, então!

─ Olá, posso saber o motivo da discussão? ─ Pergunto ao me aproximar.

─ A sua irmã quer colocar dois filhotes de pássaros que caiu do ninho, dentro do viveiro. Eles não sabem se alimentar sozinhos. Precisam da mãe.

─ Violet, como você encontrou esses pássaros?

Ela protegeu os filhotes com as mãos, formando uma concha ao redor deles.

─ Encontrei próximos do planície, Bruna insiste em me dizer que eles não irão sobreviver.

─ Eu sou veterinária…

─ Correção; ─ minha voz sobrepôs. ─ Você ainda não é veterinária. Se a Violet quer cuidar do bichinho, qual é o problema?

Bruna revirou os olhos.

─ Eu não gosto de interferir na natureza. Ela tem um ciclo, e devemos respeitá-la.

─ Eu concordo com você, mas Violet só quer ajudar. Você é veterinária, pode auxiliá-la.

─ Por favor, Bruninha. ─ Choramingou Violet, lembrando uma criança. ─ Quando eles estiverem prontos, podemos soltá-los na natureza novamente.  

─ Está certo, precisamos de palhas para formar um ninho e preparar uma papinha com trigo, aveia e farinha de milho.

─ Que maravilhoso, eles precisam de um nome. Que tal? Agustinho e Floribella?

Eu e Bruna trocamos olhares.

─ Vih, sem exageros. Não se apague muito, você precisa devolvê-lo para a natureza.

─ Mas tem um viveiro inteiro com pássaros na fazenda. Hipócrita! ─ disparou Violet.

─ Pense como quiser. Entretanto, se você soltar esses pássaros na natureza. Todos morreram em uma semana. De fome e de sede, ou se tornaram lanchinho.

─ Que horror!

─ É a mais pura verdade.

─ Bom, já que as duas entraram em um acordo. Quero saber o que as duas estavam fazendo na divisa dos Luizianas? ─ Questiono.

Violet empalideceu, Bruna disfarçou arrancando uma flor do jardim. Afastando-se máximo que pode.

─ Eu só estava conversando com Taylan Resker, ele é um amigo.

─ Um amigo?

Ela aquiesceu, com o olhar baixo.

─ Simon me contou que ele está noivo. Não acho certo esses encontros escondidos.

─ E você é a senhora certinha; ─ Bruna interferiu. ─ Taylan está sendo obrigado a se casar com aquela Turca mimada, assim como você.

─ Eu mimada? Você não me conhece Bruna, pare de esbravejar suas opiniões em cima de achismos.

─ Achismos? As duas sempre tiveram de tudo.

─ O quê?

─ Bruna, está exagerando. Eu e a Solana, não tivemos uma adolescência de luxo como você pensa. ─ Explica Violet.

─ Jura? Então, como podem me explicar a fortuna depositada em uma conta de banco destinada para as duas. Eu estava ajudando com a contabilidade do Sérgio e acabei descobrindo que as duas são extremamente ricas.

Ah meu Deus, eu acho que vou esbofetear essa garota.

─ Sim, temos uma conta bancária alta. No entanto, só estávamos autorizadas a movimentar o dinheiro quando atingissemos a maioridade.

─ E a Vanessa? ─ Indagou incrédula.

─ Nossa mãe estava proibida de movimentar nosso dinheiro. Não sei o porquê nosso pai tomou tal atitude. Mas, infelizmente não tivemos uma vida luxuosa como você pensa. Minha mãe batalhou muito nos últimos anos. Bruna, a vida não é tão simples como pode imaginar. ─ encerra Violet, caminhando até o viveiro para acomodar os filhotes de pássaros.

─ Eu sinto muito, eu-eu não sabia. ─ Diz Bruna com um leve rubor nas bochechas.

─ Agora sabe, chegou o momento de parar com essas discussões infantis. Já somos adultas, moramos na mesma fazenda e toda vez que nos encontrar será assim? Uma troca de ataques totalmente inútil?

Eu consegui seguir em frente, perdoar meu pai, enterrar o rancor junto com meus traumas. E libertar meu coração para amar e ser feliz. Viver nessa inimizade com essa garota está sendo cansativo. Não tenho mais espaço para tais sentimentos na minha vida. Aqui só paira energias boas, não quero e não vou voltar a ser a Solana de antes. Não depois de tudo que estou vivendo com o Simon, depois que de tudo que presenciei nesse lugar. Chega, já basta!
Bruna não me respondeu, apenas afirmou com a cabeça em concordância. Para mim foi o bastante.

─ Violet, quero levá-la em um lugar. Bruna, você também! ─ Digo, dando meia volta.

Quero mostrar a vista dos campos de girassóis do topo da colina, acho que um banho de cachoeira fará bem para nós três.













Girassol (Até 20 Agosto) Where stories live. Discover now