Capítulo Vinte e Dois

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Tudo começou quando Gustav perdeu a esposa por uma rápida doença que inexplicavelmente deterioraram todos os seus órgãos vitais.

A dor de sua perda repentina, acrescida ao recente mal do filho, aos poucos foram lhe arrancando a vida e o transformando praticamente num homem sedento de paz e cheio de amargura.

Ele olhou para o filho inerte que estava com a cabeça pendurada para o lado e o queixo apoiado ao peito, em seguida abraçou a filha querendo esconder as lágrimas que surgiram involuntariamente em seus olhos.

Não sendo mais possível contê-las, segundos depois se desmanchou em lágrimas. E espremendo a filha entristecida fortemente contra o próprio peito lhe disse:

-- Eu já não aguento mais vê-lo neste estado... Como se não bastasse o meu sofrimento por termos perdido a sua mãe, agora também vendo seu irmão deste jeito é mais uma parte que está sendo arrancada de minha vida sem nenhuma piedade... Uma parte minha... Nossa parte! - Lamentou Gustav aos soluços, enquanto em silencio, Vayla apenas o ouvia e se esforçava para manter-se firme.

Diante do desabafo do pai, Vayla também desabou. Ainda tentando manter-se sóbria, o apertou num terno abraço e deixou suas lágrimas rolarem livremente. Ela também precisava daquele momento.

A cada soluço que o pai dava, ela abraçava-o fortemente envolvendo-o mais ainda com ternura. Em seu rosto, dois fios mornos de lágrimas desceram de cada canto dos olhos unindo-se para desaguar no ombro direito do pai, onde ela aconchegadamente repousava a cabeça.

Naquelas alturas; o ombro onde ela se aninhava carinhosamente estava completamente encharcado com as suas lágrimas.

- Eu também sinto a falta dos dois... - As lágrimas em seu rosto eram provas disto. - Sinto muita falta dos carinhos que mamãe me fazia antes de dormir; e também sinto...

Quando a sua voz falhou, enquanto tentava dizer-lhe o quanto sentia muito por tudo de ruim que ela e o pai passaram até então, Vayla simplesmente preferiu o silencio e a segurança do aconchego dos afagos do pai. Os dois permaneceram ali abraçados por um longo período.

- Porque esta repentina curiosidade sobre o seu irmão? - perguntou Gustav após recompor-se. Ele agora se sentia mais leve que nunca e decidiu abrir-se com a filha. - Espero que vocês não estejam aprontando algo que possam arrepender-se futuramente!

- Não se preocupe papai! - Vayla não quis dar-lhe falsas esperanças e feri-lo ainda mais. O cansado coração de Gustav já sofrera demasiadamente. - Apenas gostaríamos de saber, onde estão os amigos de Ayron que incrivelmente nunca vieram visitá-lo.

Vayla jamais teve a oportunidade de conhecê-los, mesmo depois de muito tempo que Ayron adoecera e nunca mais apareceu na vila, um lugar frequentado por ele assiduamente, ninguém ao menos ligou querendo saber do seu estado de saúde. Era como se seus amigos também estivessem doentes; ou simplesmente não existissem.

Pai e filha aproveitaram ao máximo daquele mágico momento. Pela primeira vez em anos, aquele velho senhor teria uma noite tranquila de sono. Sentia que tinha tirado um fardo das costas ao desabafar com a filha. Ela também se sentia feliz apesar de tudo.

Oi pessoal, sei que demorei um pouco para postar esse capítulo, mas foi a correria da vida.

Obrigado por acompanhar a história.
Sei que esse capítulo é bem curto, mas ele está apenas finalizando um ciclo.
Espero que gostem do que vem a seguir!
Não se esqueçam de deixar seus comentários e dar seu voto.
Até o próximo!!

Dramagerom "Herdeiro Guardião"Onde as histórias ganham vida. Descobre agora