Capítulo nove

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Drelk sempre gostou de visitar os tios nas férias, principalmente por ser em um sitio. Embora todas as viagens tivessem sido contra a vontade de sua mãe, com muita relutância Hidalgo, pai de Drelk, sempre a convencia. Mas na última visita ao sito, há onze anos, algo aconteceu.

Um dia antes desta viagem, Mathild acordou ensopada de suor após um terrível pesadelo onde ela e o filho estavam reunidos com um grupo de pessoas estranhas todas vestidas de preto. De repente, um homem aparecia com a face deformada e soltando um riso macabro. Em seu sonho ela entrava num desespero sufocante. Tentava desesperadamente dizer alguma coisa, ou apenas gritar, mas sentia-se incapaz de até mesmo respirar.

— Eu te achei... Eu te achei e desta vez ele não escapa! — Era o que o monstro repetia em seus pesadelos. ela não sabia exatamente quem era, mas lhe causava tremendo pavor.

Mathild já havia tido o mesmo pesadelo, mas o homem com formas demoníacas nunca tinha dito uma só palavra. Desta vez, algo mudou. Não lhe parecia um sonho qualquer, ela sentia que o homem realmente podia vê-la. Por isso; seu desespero.

Na manhã seguinte ela tentou impedir que o marido e o filho viajassem, mas as suas tentativas de impedi-los foram completamente em vão. Após um maçante diálogo com o marido, mais uma vez ele a convenceu. Para ela; restava apenas um grande vazio em seu peito.

— Mas, Mathild..., foi apenas um sonho ruim! — disse Hidalgo enquanto ambos ainda estavam deitados.

— Eu sei..., mas parecia muito real! — a voz entalada em sua garganta, quase não saiu. Seus olhos estavam vermelhos pelas lágrimas que, mesmo se esforçando para estanca-las insistiam em brotar. Elas umedeciam a sua face ao descer queimando pelos cantos dos olhos, desaguando timidamente em seu travesseiro.

Mathild se conteve. Mesmo preocupada e de coração profundamente partido, ela cedeu. Não queria que o marido a visse desesperada "por causa de um sonho maluco", — Foi o que ele disse para ela na hora de convencê-la. — Eu sei que não foi apenas um sonho maluco! — pensou ela em silêncio. — O nariz que foi...! Ou foi...? Bom, talvez ele esteja com razão, deve ter sido coisa da minha cabeça mesmo!

Havia um mistério muito grande envolvendo ela e o marido, e tinha haver com o sitio. Algo que Drelk não sabia, mas pressentia no ar. Nas noites que antecediam as viagens, Drelk sempre ouvia sua mãe chorar as escondidas num desabafo desesperado com o esposo. E desta vez, não seria diferente. — Conclui Drelk. Com tudo, a viagem foi uma tremenda calmaria. Drelk se divertiu com os primos e amigos como de costume. Tudo corria maravilhosamente bem.

Após vinte e cinco dias de lazer, estava na hora de voltarem. Dona Margarete havia preparado um de seus bolos de chocolate e os separou numa vasilha para a viagem. Parte seria para Drelk e seu pai durante a viagem de volta, e a outra seria levado para sua irmã Mathild.

Colocando toda a bagagem no carro, Yousef preparou o jipe para levá-los até a parada de ônibus na Vila. Drelk que nesta época estava com sete anos de idade, oferecia resistência em voltar para casa. Querendo ficar mais um pouco, fazia manhas e era amparado por sua tia.

— Anda logo Drelk, de um beijo em sua tia! Seu tio já está com o carro ligado! — insistiu Hidalgo, o apressando energicamente.

— Gostaria muito de morar aqui pai! — agarrado em Margarete, Drelk tentava ganhar tempo. Estava torcendo para que perdessem o ônibus. — Eu posso ficar com a tia? Gosto de ficar aqui... É bem legal!

— Eu também, meu filho, mas temos que ir ou iremos perder o nosso ônibus! — desta vez falando calmamente enquanto buscava a mão do filho para guiá-lo em direção ao jipe, ele se agachou ficando na altura de Drelk e o beijou sorridente. — Logo voltaremos e você se divertirá com seus primos outra vez! Certo?

Drelk respondeu com um aceno. Mesmo sem querer, deu tchau para tia e os primos que também lamentavam sua partida, e cabisbaixo, acompanhou o seu pai até o jipe do tio.

— Fala para Mathild que da próxima vez eu não perdoarei a falta dela! — despediu Margarete enxugando lagrimas de seu rosto rosado. — Eu coloquei uns pedaços de bolo na mochila do Drelk! É para vocês comerem durante a viagem!

— Pode deixar que da próxima vez Mathild vem, nem se for amarrada! — brincou López acenando para a cunhada. — Obrigado por tudo!

— Foi um prazer tê-los conosco! — finalizou Margarete desejando-lhes boa viagem.

Quero agradecer a todos vocês que estão acompanhando a evolução dessa história. Se preparem, pois os próximos capítulos estarão repletos de muitos mistérios e revelações.
É claro que vocês não irão se esquecerem de marcarem presença nesse  capítulo, não é?! Em todo caso... 😀😀; não me custa nada lembrá-los , rsrsrs...
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Thank you.

Dramagerom "Herdeiro Guardião"Where stories live. Discover now