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Passei a semana inteira trabalhando em Tulsa praticamente obrigada. Eu me forçava todo santo dia à sair da cama e dirigir as intermináveis horas de trânsito de Oklahoma city até Tulsa, em nome do comprometimento que eu tinha com o projeto.
Eu finalmente peguei meu carro com o mecânico na quarta feira e desde então tenho me dedicado única e exclusivamente ao String theory, em um ritmo frenético de trabalho.

Depois de ter visto o Zac na segunda, eu morri um pouco por dentro. Cogitei abandonar o projeto pela metade, mas eu não tinha sofrido tudo aquilo para chegar até aqui e abandonar o barco. Eu tinha apenas 2 opções: sofrer sozinha, frustrada por ter abandonado meu trabalho por um merda ou trabalhar loucamente e me livrar logo desse projeto de uma vez por todas, seguir em frente com a minha vida e nunca mais ter que ouvir falar de Zac Hanson.

Confesso que não tenho dormido bem, aquela cena me acompanha 24 horas e toda noite a última coisa que vejo é a indiferença dele enquanto ele virava as costas pra mim... nunca me senti tão insignificante como naquele dia. Em pensar que ele quase me convenceu que estava apaixonado por mim, mesmo que daquele jeito ogro dele.

Sem contar que esses 3 dias naquela gravadora tem sido um martírio sem fim. Zac não apareceu até agora por ali, mas sempre entra por Skype e participa das discussões e decisões no processo da produção.
Ele continua com a desculpa idiota de estar "machucado" e sem poder tocar, aquele filho da puta dissimulado...
Eu então tenho usado de todos os artifícios possíveis e imagináveis para evitar trocar 2 palavras sequer com ele nessas reuniões por vídeo, mesmo ele agindo com toda a naturalidade do mundo, me fazendo perguntas e suas caras e bocas de debochado que ele tem.
Tenho feito de tudo para não perder o foco, justamente agora, na fase final dos arranjos em que qualquer erro poderia atrasar toda a produção e tempo é algo que não temos de sobra para perder.

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Cheguei cedo hoje na gravadora porque queria fazer algumas correções no arranjo, adiantar algumas coisas e tentar ganhar um pouco de tempo extra, já que estávamos com a agenda apertada e eu logo precisaria voltar para a produtora e consequentemente não iria conseguir mais me dedicar integralmente ao String Theory .
Tentei convencer o Taylor de que não precisava nenhum deles vir abrir a gravadora para mim, já que eu poderia trabalhar tranquilamente no café ali próximo até algum deles chegar, mas como sempre, ele foi extremamente gentil e combinou de vir mais cedo também para me ajudar.

Desci do carro com o violino nas costas, minha bolsa e 2 pastas cheias de partituras nas mãos e mal consegui atravessar o estacionamento sem derrubar nada. Logo que cheguei na porta de vidro, vi o Taylor do lado de dentro do prédio com 2 copos de café do Starbucks na mão todo sorridente, e logo veio abrir a porta para mim.

- bom dia Cris!
Eu acenei com a cabeça, focada em não derrubar nada pelo caminho
- deixa eu te ajudar
Ele ofereceu, colocando os copos de lado e pegando as pastas da minha mão
- por que você não me avisou? Eu iria te ajudar a tirar tudo do carro
Ele era sempre tão solicito! Poucos homens eram educados como ele
- não precisa Taylor... pelo menos eu achei que não precisava.
Sorri sem jeito.

- trouxe café pra gente
- ele apontou com a cabeça em direção aos copos
- já que iríamos madrugar, eu imaginei que iríamos precisar de ajuda profissional
Eu ri e concordei com ele
- me desculpa mais uma vez por ter marcado assim tão cedo
Eu disse enquanto o seguia até o estúdio, com os copos na mão

- Cris, não precisa se desculpar. Você não imagina a paz que é pra mim, estar aqui. Ainda mais sem os meus irmãos barulhentos me perguntando tudo a todo momento.
Eu sentei no sofá e fiquei observando ele colocar as pastas na mesa de som
- seu café vai esfriar
Eu disse levantando o copo
Ele veio e o pegou da minha mão, se sentando em uma cadeira de frente comigo

Musical Ride - Concluída Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz