15.

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Cheguei em casa e tentei dormir mas não consegui. Estava irritada e enojada com ele. Me tratar como uma boneca inflável foi a coisa mais repugnante que alguém já tinha feito comigo.

Deitei e fiquei fritando na cama até altas horas. Eu só sentia raiva, queria meter a mão na cara dele e dizer uma meia dúzia de verdades. Quem ele pensa que é pra me tratar desse jeito?
Quase não preguei o olho e o dia nasceu. Eu tinha combinado com a Sara de ir cedo então levantei devagar, em câmera lenta e me arrumei.
Estava desanimada para ir até ele mas sabia que não tinha escolha, precisava do meu carro e do meu violino.

Era calor e eu decidi vestir algo confortável, então coloquei um vestido de verão leve que caía 1 palmo à  cima dos joelhos e uma anabella de corda, fiz uma trança e a mesma maquiagem do dia a dia.
As 9 como combinado a Sara chegou e logo estávamos na estrada.

Ambas estávamos de óculos de sol, mas por razões diferentes. Eu não tinha dormido nada de raiva e ela não tinha dormido nada porque foi pra casa com o cara do bar.
Fomos conversando sobre a noite anterior e da loucura do Zac em me seguir assim na cara dura.

- ou ele tá apaixonado ou é um psicopata
- Sara, acho que é os 2 hein?!
Ela riu alto
- eu tô falando sério, Cris
- aquele cara é egocentrico demais, nem sei se ele é capaz de enxergar um dedo à frente do próprio nariz
Rebati, irritada
A verdade é que a idéia dele estar apaixonado era assustadora demais pra mim porque isso colocaria ele em uma posição vulnerável e eu sou uma boba que tem tendência a olhá-lo com outros olhos.

Quando percebi tínhamos acabado de chegar e vi a sua caminhonete parada na frente da gravadora.
Senti o corpo congelar e o medo de encontrar com ele me tomou. Respirei fundo e tentei juntar o resto de coragem que ainda me restava.

- vem comigo Sara
- você tem certeza?
- sim. Vamos logo que eu quero sair daqui rápido
- ok...
Toquei a campainha e ele veio abrir a porta. Estava de óculos de sol também, camiseta e bermuda jeans com cara de poucos amigos

- bom dia
- bom dia Zac
Ele deu caminho e nós entramos. Zac fechou a porta e indicou o caminho. Eu e a Sara tiramos os óculos mas ele não, fez questão de se esconder atrás deles.
Chegamos no escritório e vi minhas coisas organizadas em cima do sofá.
Ele sentou na sua mesa e pegou um copo gigante de chá gelado e tomou um gole longo.

Sua cara estava cansada e aparentava não ter dormido nada essa noite.
- obrigada por ter vindo cedo. Sei que você preferia estar fazendo outra coisa agora
- ele me encarou com o semblante fechado e franziu a testa
A Sara sentiu o clima pesado e pediu para usar o banheiro. Ele deu as instruções e ela saiu quase que correndo sem me dar a chance de protestar... filha da puta.

Eu sentei no sofá e fingi mexer nas partituras. O clima era tenso e eu tentei não deixar ele perceber o meu desconforto
- sobre ontem a noite
Ele iniciou
- nem precisa falar nada, Zac.
- você não sabe o que eu vou falar
Eu suspirei em resignação
- como eu ia dizendo... eu não te segui. Aconteceu de eu estar ali perto e quando eu vi você entrou no bar

- não importa Zac.
Ele levantou e sentou na cadeira de frente pra mim
- eu queria te pedir desculpas pelo o que te falei no telefone
- qual parte?
- todas
- assim fica difícil. Seja específico por favor
- a parte do te ter na minha cama ou qualquer outra

- ah sim, essa pérola. Eu tinha pensado em emoldurar de tão linda que foi
- sério Cris, me desculpa
- bom, no final você fez o que queria mesmo. Espero que tenha sido pelo menos bom pra você
Eu levantei e ele também. Veio ao meu encontro e me segurou pela cintura, me aproximando dele
- você acha que eu transei com ela?
Eu me desvincilhei do seu toque
- não me importa

Musical Ride - Concluída Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt