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O dia demorou pra passar e para me ajudar a minha cabeça não parava de pensar naquele beijo. Eu fiquei imaginando como farei para trabalhar com ele depois daquilo, uma vez que eu tenho uma regra muito clara de conduta: não misturo vida profissional e pessoal, jamais.

Tenho 33 anos e não sou mais nenhuma menina deslumbrada. Ele deve fazer isso com várias, é bonito e mexe com a imaginação das mulheres. Aquele ar meio revoltado e indomado dele serve de ímã para mulheres como eu, que adoram se envolver com problemas. Ainda mais aquele tipo de problema, todo ousado e sexy...
Sei que preciso me policiar e não me deixar levar por um simples beijo, mesmo que esse beijo venha daquela boca.

Me envolvi em um projeto grande e isso me ajudou a focar de volta no trabalho. Passei o restante da tarde quebrando cabeça com um arranjo de quarteto de cordas porque o cliente queria uma adaptação de músicas pop e não tínhamos muito tempo para entregar as partituras. Quando é assim eu trabalho além do expediente. Mesmo tendo a Sara comigo eu ainda sou a única que sabe fazer a parte musical, ela é boa com a administração das coisas e da parte de comunicação dos negócios.

Toca o telefone
- Oi Sara
- esá tudo bem Cris? Você voltou estranha do café com o cara do Hanson e nem saiu mais da sala...
- tá sim
Quanto eu menos falar melhor. A Sara tem radar pra certas coisas
- ele é bonito né?
- sim... é muito bonito. Todos são na verdade
- sim, sim... mas ele é o mais bonito na minha opinião

Eu sorri
- Sara, você está de olho nele?
- não Cris, até porque ele gostou de você
Fui pega de surpresa por seu comentário
- porque você diz isso?
- você não viu o jeito que ele te olhou?
- impressão sua Sara
- sei... bom eu estou com o Taylor na linha querendo falar com você
- ah sim, pode transferir
- alô?

- oi Cristina! Me desculpa ter cancelado em cima da hora
- sem problemas Taylor. Seu filho está bem?
- está sim, já estamos em casa
- que bom!
- o Zac comentou que você ligou para remarcar
- sim eu liguei
- você tem disponibilidade para amanhã?
- acho que sim.. pode ser no final do dia?

- claro! O horário que você tiver
- então fica marcado para amanhã as 5 da tarde
- muito obrigada Cristina
Senti meu coração bater mais rápido em saber que o veria de novo amanhã.

Decidi ir embora mais cedo porque não tinha mais cabeça pra me concentrar em nada, aquele beijo tinha deixado marcas em mim e eu não estava sabendo lidar com tudo aquilo.
Cheguei em casa, tirei os sapatos e amarrei o cabelo em um coque.

Olhei para o meu piano e senti uma vontade louca de tocar um pouco. Fazia tanto tempo que eu não tocava que estranhei os primeiros minutos sentada ali. Respirei fundo e tentei relaxar. Fechei os olhos e vi o rosto dele, seus olhos, sua barba por fazer, sua boca...

Quando percebi estava dedilhando uma melodia nova. Ele estava me inspirando e eu precisava colocar na música o que sentia no momento. Peguei meu caderno e comecei a fazer anotações enquanto criava pensando no que ele me fez sentir naquele elevador.

Fiquei surpresa em ter escrito algo tão rápido assim e continuei a dedilhar. Pela primeira vez em meses eu sentia vontade de compor de novo e tudo graças à ele...

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Eles chegaram no meu escritório pontualmente às 5. Novamente eu me vesti com o intuído de impressioná-lo, mas dessa vez estava com um vestido preto de alça na altura dos joelhos rodado e sandália alta. Deixei o cabelo solto porque percebi que o meu cabelo de alguma forma mexe com ele tanto quanto o dele mexe comigo.

Taylor chegou com uma pasta enorme debaixo dos braços, cheio de anotações, partituras e arranjos originais de suas músicas. Ele entrou todo falante acompanhado pelo irmão mais velho que hoje estava mais despojado e ele veio logo atrás... Zac fez questão de vir com o cabelo solto e estilo todo roqueiro. Tem algo mais excitante para uma boa moça erudita do que um roqueiro meio largado? Não.

Musical Ride - Concluída Where stories live. Discover now