Capítulo 18 - Parte I

310 14 1
                                    

LUAN

Dirigir até a minha casa parecia uma tortura, minha visão já estava turva por causa das malditas lágrimas mas eu precisava ter cuidado, nem me lembro ao certo como cheguei, só me lembro de ver um vulto da minha mãe e da minha irmã na sala, subi correndo pro meu quarto e lá eu senti o mundo literalmente desabar.

Cada palavra, cada gesto, cada olhar tudo voltando com nitidez a minha mente, tudo me ferindo duplamente e a raiva chegando com força total, passei o braço derrubando tudo que estava em cima do rack, quebrando várias recordações, esperando que as coisas se assemelhassem ao meu coração mas o universo queria tirar sarro da minha cara e de todas as coisas quebradas ali naquele quarto, justamente a nossa foto veio parar no meu pé, a foto do dia que ela disse que me amava, a minha foto favorita.

"You make it real for me..."

Era a maior brincadeira de mal gosto no pior momento possível, nós dois ali, o sorriso da Manu ali me dando certeza de que eu era o cara mais sortudo do mundo me derrubaram de vez, eu tinha acabado de perder a mulher da minha vida. E não podia acreditar, não podia ser verdade.

Fui direto pro chuveiro antes que alguém aparecesse, precisava me acalmar, precisava tentar me recompor, debaixo da ducha fria, tentando esquecer tudo, até ali tinha um pouco dela, seu shampoo ao lado do meu, minha camisa que ela tinha adotado como seu pijama e sua escova de dentes e eu não aguentei, me deixei chorar, toda a dor que apertava meu peito, toda a raiva por tudo que aconteceu e pela teimosia dela. Assim que desliguei o chuveiro eu decidi que se era assim que Manuela queria, então assim seria.

Eu esqueceria Manu, nem que fosse a última coisa que eu fizesse.

Mas foi deitar a cabeça no travesseiro e sentir o cheiro dela que parecia morar ali, me senti o maior dos idiotas, com meu coração berrando que bastava ela ligar, mandar qualquer mensagem, eu correria até Manuela e nunca mais desgrudaria dela, mas ela não ligou.


Acordei sentindo todo meu corpo doer, sentei na cama e tudo que eu pensei ter sido um pesadelo se mostrou realidade, ao ver o estrago que eu mesmo fiz em meu quarto cheio de cacos de vidro no chão e a nossa foto amassada. Ouvi algumas batidas na porta e vi o rosto da minha mãe ali.

- Posso entrar, filho? - Acenei que sim e vi o olhar dela ir para o chão depois vir para o meu rosto. - O que houve? Como foi?

- Acabou tudo, mãe. Ela terminou comigo - Ouvi minha voz sair rouca e meio fraca, mas não imaginava que dizer aquilo em voz alta trouxesse uma nova fisgada em meu peito. Como se a aquela dor criasse outra vida e agora me assombrasse do lado de fora.

- Eu sinto tanto meu amor, eu realmente sinto muito! - Minha mãe que estava sentada do meu lado na cama, me abraçou apertado, e mesmo tentando ser forte, senti meus olhos marejarem, ela me deu um beijo carinhoso no rosto e eu tentei sorrir.

- É definitivo, mesmo? Mesmo? - Ela perguntou com seu jeitinho calmo de sempre e eu dei de ombros.

- Eu não sei, mas.... - Toda a insônia, cada minuto que eu passei tentando achar uma maneira de esquecer, tentando fingir que seria fácil só me faziam chegar a mesma conclusão - Eu ainda não desisti, mas não sei o que fazer!

- Dá um tempo pra ela, meu amor! Deixa a Manu pensar, se acalmar.... - Ela deu um beijo na minha testa e levantou - Vai ficar tudo bem, você vai ver!

Ela me deu mais um abraço e saiu.


O dia começou com a minha assessora de imprensa em cima de mim querendo saber o que dizer aos jornais sobre o meu namoro, sobre o meu "caso", sobre a suposta traição e isso me fez acordar para o fato de que aquilo era um problema bem maior do que eu imaginava.

Tudo Que Você Quiser - Luan SantanaOnde histórias criam vida. Descubra agora