Ao fundo, ainda se via pais a correr com os filhos ao colo e bombeiros com crianças feridas, além de outras a chorar por terem ficado órfãs.

A televisão apagou-se e um silêncio perturbador encheu o escritório. Nem o Jeremy ou o Louis diziam alguma coisa, e eu permanecia com o olhar fixo no ecrã preto à minha frente.

Eu sabia que a situação era grave, mas não tinha noção que já tinha chegado até este ponto.

- Estão a atacar apenas os extremos do reino... - o Jeremy foi o primeiro a pronunciar-se.

- Não tarda muito eles chegarão a outras regiões, até aqui... - o Louis continuou.

- Temos de fazer alguma coisa.

- Sim mas o quê?

- Eles ainda só atacaram os extremos do reino... Parece que estão a avançar de fora para dentro... - foi a única coisa que disse, antes de me virar e encarar os dois homens que ali estavam comigo.

- Certo, mas porquê?

- Para conseguirem fazer danos e nos assustar. Para que temamos o que eles vão fazer a seguir, e o que farão quando chegarem até nós.

- Eles têm de ter um motivo, têm de ter um líder! – o Jeremy disse enquanto coçava a rala barba do queixo.

- Ou líderes, ninguém nos garante que é apenas uma pessoa por detrás deste caos. – disse enquanto me aproximava deles – Apenas sabemos que são numerosos, e que se dividem em grupos bem organizados. Se conseguíssemos apanhar algum deles...

- Poderíamos tentar arrancar-lhe informações. – o Louis completou o meu raciocínio.

Este assunto já me estava a deixar bastante nervoso e ainda é só de manhã.

Pedi licença e saí do escritório, deixando-os de novo sozinhos.

Desci as escadas do terceiro andar apressadamente e andei sem rumo pelos corredores, sem me preocupar para onde estava a ir.

Parei diante de uma grande janela, mesmo quando outro trovão foi escutado. Fiquei ali parado, de frente para o vidro, a ver a chuva cair do lado de fora.

Temos de fazer alguma coisa em relação aos ataques, analisar as zonas que já foram afetadas e ver se existe algum padrão adicional entre elas, tentar prever onde vai ocorrer o próximo.

Até agora tudo o que sabemos é que apenas os extremos estão a ser atacados, eles estão a atacar de fora para dentro, a avançar para o interior e então chegar até nós.

Um relâmpago cortou os céus nesse mesmo instante, fazendo um som ensurdecedor.

Limitei-me a ignorar, mas os meus sentidos despertaram quando me comecei a sentir observado, assim como o cheiro a rosas que chegou até mim.

Só pode ser uma pessoa...

- Olá Mia. – disse sorrindo e sem desviar os olhos da rua.

- Olá.

Senti-a a aproximar-se pouco a pouco, e quando chegou até mim, parou ao meu lado e ficámos ambos em silêncio a olhar para a rua.

- Como é que sabias que eu estava ali? – senti o seu olhar em mim.

- Senti o cheiro a rosas, logo só podia ser uma pessoa. – encarei-a finalmente, sorrindo ao mesmo tempo que me sentia afundar nos seus profundos olhos azuis.

- Podia ser eu, a tua irmã, a tua mãe ou outra pessoa qualquer que cheirasse a rosas. – ela ergueu uma sobrancelha, desafiando-me.

- Mas eu sabia que eras tu. – aproximei-me um pouco mais dela, sentindo agora de muito perto o seu perfume característico.

O Príncipe e a PopstarWhere stories live. Discover now