Prólogo

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Há quinze anos, o país da Rússia festejava o final da guerra

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Há quinze anos, o país da Rússia festejava o final da guerra. O general Maximilian recebe muita honra no desfile pelas principais praças públicas. Ele está no veículo oficial com o Tzar Sergei. Fogos são disparados, a multidão canta, bebe e dança, seguindo o desfile. Músicos tocam suas canções e animam a multidão. Depois de muitos acontecimentos terríveis, finalmente o pavor e temor causados pelos tempos de guerra cessaram. Não havia mais ameaças de ataques e as construções estavam intactas.

São entoadas canções para glorificar o país, o Tzar, Sergei e os bravos soldados. O governante do país se tornou um herói do confronto e sua população o seguia obedecendo com confiança.

A vida das pessoas em São Petersburgo poderia voltar a seguir normalmente, sem perturbações. Mas as coisas não iam nada favoráveis para os países vizinhos, que passavam por desespero. Uma nuvem radioativa estava sendo arrastada pela Europa e obrigando as pessoas a abandonarem suas casas em uma corrida desesperada pela sobrevivência.

As autoridades davam a ordem de retirada e a população mais carente era a mais afetada por isso. O desespero tornava ainda mais caótica a situação dos miseráveis, termo que se refere não apenas aos de condições mais humildes mas a todos que corriam risco de morte por contaminação. Para os que conseguiam abandonar tudo e afastar-se das áreas de risco, conseguiam sobreviver por algum tempo, até que a nuvem continuasse a avançar e diminuir ainda mais as possibilidades de fuga.

Com o tempo, praticamente todos os lugares tornaram-se inabitáveis, com exceção da Rússia e algumas cidades vizinhas, que estavam super povoadas de refugiados imigrantes. Pessoas de diferentes nacionalidades misturadas causavam muitos transtornos, então, o governo russo os distribuiu pelas colônias de acordo com sua língua materna, para poder controlar melhor a situação. Por exemplo: os espanhóis e catalães foram enviados para São Petersburgo, enquanto que franceses foram mandados para Moscou, etc.

Mesmo assim, invernos longos e muito frios mataram a muitos desses forasteiros, que sofreram para conseguir combustível, lenha e outros materiais para se aquecer. Muitos animais não resistiram ao frio e também morreram. A pior notícia veio ainda naquele inverno, quando os veículos de comunicação informaram que a nuvem radiativa iria pairar sobre o único refúgio seguro da Europa, a própria Rússia. O desespero gerou revolta e a força foi necessária para conter a fúria das massas rebeldes.

Inexplicavelmente um enorme domo surgiu, do chão até o céu e cobriu como um manto o território russo. A sua função era única e exclusivamente de confinamento: nada poderia entrar e nada podia sair, selando todo o contato com o meio exterior poluído. A idéia brilhante salvou milhões de vidas e funcionou.

 A partir disso, muitas outras mudanças vieram progressivamente e o governo passou a reescrever todo o sistema político, adotando medidas para controlar todas aquelas pessoas. Todos foram incentivados a tomar a pílula da vida regularmente, com promessas de longevidade, uma vida mais saudável e proteção contra a radiação mortal. A mídia ajudou a espalhar a veiculação da droga por transmitir apelativamente imagens de vítimas da nuvem tóxica, que era consumidas e derretidas de dentro para fora, até seus órgãos virarem lama. Só que, além disso, as pílulas interagiam até o genoma humano e bloqueavam características imperfeitas do ser humano, ajudando-o a evoluir moral e mentalmente.

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