•Demally• √ U͜͡n͜͡r͜͡e͜͡a͜͡c͜͡h͜͡a͜͡b͜͡l͜͡e

CAPÍTULO: 16

Apenas duas semanas depois eu recebi uma ligação às 4 da manhã e meu coração disparou, pesando que havia chego a hora e que jamais iria a ver de novo. Tirei o BiPAP, me conectei ao cilindro de oxigênio e atendi o celular.

“Boa noite, Ally Brooke.” Veio sua voz suave e alegre.

Eu dei um suspiro de alívio. “Boa noite, Demi.” Falei, sorrindo um pouco.

“Queria ouviu sua voz.” Ela continuou, dando longas puxadas de ar. Seus pulmões estavam ficando como os meus... “Desculpa te acordar.”

Eu sabia que ela ligara por algum motivo. Provavelmente estava se sentindo horrível e estava com medo de partir sem tentar me avisar de alguma forma antes. Me ligar no meio da noite devia ser seu jeito de fazer isso. E eu estava com medo.

“Não tem problema. Quer falar sobre alguma coisa?” Perguntei, sentando completamente na cama e me escorando na cabeceira.

“Bom, eu assisti o jogo do Vasco antes de ir dormir.” Ela comentou. “Ele ganhou do Flamengo de 3x0, será que você pode esfregar isso na cara do seu pai amanhã?”

“Vai ser a primeira coisa que eu farei quando o vir.” Prometi, sorrindo mais um pouco. “Quer que eu fale sobre os oito campeonatos que o Vasco ganhou?”

“Amor, eu te amo muito, mas, por favor, não fale oito campeonatos ou eu vou ter que te bater.” Ela suspirou. “Foram bem mais que oito campeonatos.”

“Mas pensei que aquelas estrelinhas na sua camiseta do Vasco fossem o número de títulos.” Franzi a testa.

“Eu devia ter arrumado uma namorada que entende de futebol.” Ela brincou.

“Aí você não poderia ficar explicando durante horas para ela sobre isso.” Retruquei.

Dulce riu, depois tossiu um pouco e suspirou. “Lembra-se da primeira vez que a gente se viu?” Perguntou de repente.

“Demi, não...” A gente não ia ter essa conversa, não agora, não naquela noite, porque eu não estava pronta para perdê-la e nunca estaria, mas eu não queria ter aquela conversa, a nossa última conversa, pois sei que jamais iria aguentar suportar aquilo.

“Eu pensei que você era a garota mais linda que eu já vira.” Ela me interrompeu. “E ainda penso constantemente nisso. Que você é a garota mais linda e mais incrível que já conheci. E eu tenho tanta sorte em ter você ao meu lado. Você percebeu que eu sussurrei algo para Peter antes de ir montar os equipamentos?”

Eu tive que pensar um pouco, mas me lembrei claramente daquele dia, como se tivesse ocorrendo naquele momento. “SIM.” Sussurrei.

“Eu disse: VOU ME CASAR COM AQUELA GAROTA.”

Eu engasguei um pouco e algumas lágrimas desceram pelas minhas bochechas. “Demi...”

“Eu sei que é um pouco estranho te ligar às quatro da manhã, quando eu, claramente, estou morrendo. Mas lembra-se do dia em que te pedi em namoro? Eu te levei para a Casa dos Gênios, disse que ainda não tinha gasto minha oportunidade de ter meu maior sonho realizado. Eu liguei para eles hoje à tarde.” Demi parou de falar por alguns segundos para recuperar o fôlego. “Eles conseguiram achar alguém que tirou um diploma da internet para poder realizar casamentos e saíram correndo para arrumar um local. Acabaram de me ligar. Está tudo pronto e disseram que podemos nos casar amanhã, mas eu não posso esperar. Por isso te liguei agora. E é por isso que vou te pedir isso: Allyson Brooke, quer se CASAR COMIGO?”

Algumas coisas na vida você nunca esquece. Como, por exemplo, seu aniversário de dez anos, seu primeiro beijo, seu primeiro namoro, um Natal onde você ganhou aquele presente que sempre quis, um Ano Novo que você passou na praia ou em algum outro lugar que você ame. Para mim, esses momentos inesquecíveis estavam bem guardados ao lado do dia que recebi o diagnóstico de câncer, o dia que minha avó me deu uma boneca, o último presente que recebi dela, o dia que conheci Demi, a primeira vez que fizemos amor, a primeira vez que a vi chorando e eu tenho certeza que aquele momento ficaria gravado em minha mente até o dia que eu morresse.