CONHEÇA O AUTOR

7.9K 797 248
                                    

Como não vou conseguir postar capítulo novo essa semana por motivos pessoais, vou deixar aqui um pouco do que aconteceu comigo, como fiquei na cadeira de rodas e assim vocês vão conhecer um pouco melhor o Rodrigo. Esse texto que vocês vão ler é de uma entrevista que dei para uma página cerca de 2 ou 3 anos atrás.
Me desculpem desde já pela falta do capítulo, mas estou envolvido com uns projetos que preciso fazer dar certo.
Espero que entendam e aproveitem um pouco dessa leitura que decidi colocar para todos aqui por causa do grupo com leitoras do livro no Whatsapp. Eu mandei la e vi que elas se emocionaram e tiraram bom proveito do que leram, espero que com vocês tenha o mesmo efeito. ❤

CONHEÇA GABRIEL AGUIAR...

Ola! Me chamo Gabriel, moro em Cuiabá-MT, é um prazer enorme estar contando um pouco da minha história para vocês. Então vamos lá!

No dia 22/03/2014 minha vida começou a mudar de uma forma que eu nunca imaginei. Eu acordei cedo com uma dor muito forte na coluna, mas mesmo assim comecei a me arrumar para sair e me encontrar com uns amigos, nós íamos conhecer alguns cantores que estariam na nossa cidade para o Festival Villa Mix.

A caminho do hotel, ainda no ônibus a dor na coluna voltou ainda mais forte, desci do ônibus e comecei a andar como se estivesse com cãibra, não conseguia controlar os passos, mas ainda assim consegui chegar no hotel e me sentar. Cerca de 30min depois a dor passou, mas quando eu fui tentar me levantar não consegui e cai. Já não tinha mais forças nem controle nenhum das pernas. Meus amigos acharam que eu estava fingindo, até chutaram minha perna, não contentes esperaram eu me distrair e puxaram uma quantia grande de pelos da minha perna e eu não esbocei nenhuma reação, aí então eles viram que era sério, me colocaram em um táxi e eu fui para casa.

Chegando em casa o desespero já foi imediato, meu pai me levou para uma policlínica, la eles fizeram uns exames e logo já mandaram me transferir para o Pronto Socorro. meu pai ligou para avisar minha mãe que morava em outra cidade, 260km de Cuiabá. Ela ficou desesperada e veio imediatamente para ficar comigo, eu namorava na época e ela logo foi ficar comigo também, meu irmão também foi, todos ficaram ali por perto de mim. E nisso eu achando que era algo que logo ia passar, que ia tomar um remédio e ia ficar tudo bem, mas as horas foram passando e nada de melhorar, comecei a ficar preocupado e acho que de tanto remédio que me deram para fazer exames eu acabei dormindo.

Acordei já era 01:00 da madrugada com minha mãe segurando minha mão chorando e minha namorada sentada ao lado da maca (Foi assim que elas se conheceram) quando eu acordei os enfermeiros já vieram colocar uma sonda de alívio em mim, pois eu não conseguia urinar. Logo depois disso eu olhei para minha mãe e vi ela chorando, eu só conseguia pensar em acalmar ela, eu vi que não tinha melhorado ainda, então decidi me sentar e ficar conversando, brincando, eu era o único paciente com 3 acompanhantes kkk.

No dia seguinte vários amigos já foram me ver, queriam saber como eu estava, eles estavam ali brincando, fazendo bagunça, não me deixaram ficar sozinho nem se quer um minuto. Agradeço a Deus por isso, meus amigos e minha família foram fundamentais nesse começo.

Fiquei 3 dias no Pronto Socorro até que um amigo conseguiu que eu fosse transferido para o HGU, Hospital Geral Universitário, la eu fiquei 3 meses passando por vários exames até descobrirem o que eu tinha, inicialmente me diagnosticaram com esclerose múltipla, tomava todas as injeções todos os dias até que um tempo depois descobrirem que era uma Mielite (inflamação na medula).

Depois de se passar tudo isso eu ainda tive que continuar internado por conta de uma infecção urinária e por causa de uma escara que surgiu. Eu tive que ficar sem trabalhar, parei de estudar enquanto estava internado. Nesses 3 meses praticamente todos os meus amigos foram me ver, e com o tempo muitos foram sumindo também. conheci várias pessoas que sempre me perguntavam "Mas você aceita assim numa boa? Não fica em depressão?". Minha responsa sempre é: "O que adianta eu me revoltar com Deus e o mundo se não vai mudar em nada? Se eu deixar isso acontecer eu vou acabar fazendo mal a todos que estão a minha volta, não posso piorar as coisas. Só tenho que agradecer por estar vivo." Pois eu penso o seguinte: "Se eu estiver forte e de cabeça erguida eu vou fazer com que as pessoas que estão comigo fiquem fortes e de cabeça erguida também." Desde que isso tudo começou, eu mudei muito, eu era uma pessoa que só pensava em mim, muita gente me via como metido, eu só falava com quem eu queria, reclamava muito da vida, entre tantas outras coisas.

Uma Cadeira De Rodas, Mil E Um Desejos.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora