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Julie

Naquela noite, Ashton emprestara-me uma sua velha T-shirt branca e umas velhas calças cinzas de fato de treino, visto que eu não tinha roupa comigo.

Troquei-me na casa de banho e quando saí ele estava à minha espera, sentado na cama, e reparei que desde que me abrira a porta já tinha o seu pijama vestido. Ajeitei a larga t-shirt dele e sentei-me ao seu lado, na ponta da cama.

- O que foi?- Perguntei-lhe, tímida, quando notei que ele olhava atentamente para a minha cara. Perguntava-me coisas do tipo: Porque ele me olha assim? O que tenho de horrível na cara para ele estar assim? Porque estou a fazer estas perguntas?

Não era natural eu estar tão tímida com um rapaz. Mas, tudo era diferente com ele. Principalmente a maneira como os nossos mundos colidiram, era tão diferente das outras. Senti, num momento, que os meus sentimentos eram de uma adolescente normal que nunca fora. Que os meus sentimentos brincavam comigo e com o meu coração traiçoeiro.

Por fim, respondeu-me.- Não estás a usar maquilhagem, o que, de facto, te fás muito bonita. Também reparei que quando a usas escondes pequenas sardas que tens espalhadas pelo nariz e dois sinais simétricos por cima da bochecha, muito próximo do canto de cada olho, o que acaba por esconder as tuas pequenas perfeitas imperfeições.

A sua resposta fez as minhas bochechas arderem de embaraço e as bochechas de Ashton também ganharam cor. Com certeza, não queria dizer aquilo.

- O-os m-meus ir-irmãos detestam-me ver com maquilhagem.- Disse, quase que num sussurro, como desculpa, mas Ashton ouviu, pois assentiu, como se tivesse percebido.

- Tenho a mesma opinião que eles. Q-Quer dizer, embora a maquilhagem te retire os defeitos que tens na cara, a verdade é que és como és e devias mostrar a tua aparência como realmente é, porque és realmente bela.- Disse todo atrapalhado. Olhei para um ponto qualquer no quarto, cheia de vergonha, e ficamos em silêncio durante alguns minutos.

-Jules?- a sua cara estava pensativa, como se tivesse lembrado de algo fora do contexto.

-Mm?- Olhei-o nos olhos.

- Porque é que, ao bocado, chamaste a tua mãe de Lillian invés de mãe?- Perguntou, pensativo. Olhei novamente para os meus dedos trémulos, que rapidamente começaram a brincar um com o outro. Ele apercebera-se que eu estava desconfortável com o assunto.- Eu não…

Interrompi-o: - Provavelmente em breve saberás. Até lá essa pergunta permanecerá nos nossos corações.

Ele olhou-me confuso e eu sorri-lhe, tentando-lhe tranquilizar todos os pensamentos confusos que provavelmente tinha.

Discutimos por 10 minutos, visto que eu queria ir dormir no sofá, para não o incomodar, e ele queria ir ele dormir no sofá, porque eu era sua convidada. Indiretamente, acabámos concordar que a cama dele é enorme e que dava para os dois.

- Jules?- perguntou-me, quando já estávamos deitados e as luzes estavam apagadas.

-Sim?

- Achas que quando tudo acabar, quando acabar o arranjo, vamos continuar amigos?- Ele perguntou-me, num múrmuro, e essa pergunta mexeu um pouco comigo. O que acontecerá no futuro?, perguntava-me.

-Tenho quase a certeza que sim.- Respondi-lhe confiante. O que podia correr mal?

 

Mal eu sabia o que o futuro me reservava.

Heartache on the big screen // a.iOnde as histórias ganham vida. Descobre agora