CAPÍTULO 9 - Rosas azuis

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Passamos um ano inteiro assim. Pietro e eu trocávamos mensagens até tarde da noite. Nos fins de semana e feriados sempre nos esforçando muito, tentando evitar o que havia entre nós. Nós sábados a noite, quando saíamos apenas com a Bonnie, ela sempre vinha com o discurso que dar um beijo as vezes também não nos mataria. E esse discurso, sempre deixava as coisas um pouco mais tensas na noite seguinte, que sempre íamos ao cinema, apenas os dois.

O cinema definitivamente era a parte mais difícil de tudo aquilo.

Estávamos ali, só nós, sem ninguém pra nos vigiar e julgar. Numa sala escura e fria. Era o ambiente propício para que nosso primeiro beijo acontecesse. Sempre assistíamos aos filmes abraçados, e tentávamos evitar as longas-metragens de romances, para não dificultar as coisas.

Eu já morava na minha casa, comprada com todo aquele dinheiro que guardei desde os meus 15 anos. Havia me mudado para lá tinha cerca de uma semana.

Era meu aniversário de 18 anos e lá estava eu sozinha em casa.

Já havia passado o dia todo na casa de Tia Yara, almocei com eles, ganhei presentes, mas Pietro estava estranho comigo o dia inteiro, distante, disperso, parecia que não me queria por perto, e aquilo estava me machucando.

No meio da tarde decidi voltar pra casa, e disse a Tia Yara que estava cansada por ter dormido mal. Mais tarde, eu estava deitada no sofá ouvindo Clarice Falcão quando o telefone tocou.

– Mano, você não tem noção do que acabou de acontecer. - Era Bonnie, com sua mania de dizer 'mano' como se fosse paulista, sem preocupação em esconder a afobação. - Pietro chamou nos três na sala, disse pro Papai e pra Mamãe que estava apaixonado por você a muito tempo, desde a escola, e que vocês nunca ficaram juntos por medo do que eles fossem pensar. Disse coisas lindas ao seu respeito, sobre o que sente por você, e depois disse "Pai, Mãe, eu estou pedindo a bênção de vocês para pedir a Valentina em namoro".

O senhor Bom Dia Senhorita nunca morreu.

– Você está falando sério? - Meu Deus. Ele fez mesmo isso?

– Muito sério. Eles ficaram todo abobados. Tina, vocês perderam muito tempo, sério, eles amaram saber.

– Não estou acreditando nisso. Como tá o clima ai?

– Bom, Mamãe esta feliz em esfregar na cara do Papai que ela sempre teve rezão. Papai disse que dessa vez essa típica frase dela não traz problemas, porque ele está contente em saber que vocês se gostam.

– Mas o Pietro... Como ele está?

– Bom, já deve está perto da sua casa, aliás, já era pra estar aí.

– O QUÊ? Aqui? Como assim aqui? O que ele veio fazer aqui? Bonnie, você pirou? Pietro passou a tarde toda me evitando, ai conta pros pais que gosta de mim e depois vem na minha casa? Acho que não.

A campainha tocou.

– Meu Deus do céu. Se ele vier mesmo, acho que já chegou.

– Corre, boba.

Abri a porta e nem tive tempo de respirar. Pietro Martins Boton me esperava ajoelhado com um buquê de rosas azuis nas mãos. Eu queria perguntar aonde ele havia encontrado rosas azuis, mas eu tinha esquecido de como se respirava.

O Mistério de Emma SueWhere stories live. Discover now