Suicide Letter ❏ jarchie.

⚘You know me, right?

  

                      Jughead não se deu o trabalho de atentar-se à quem seja que tivesse entrado, apenas tratou de limpar imediatamente as lágrimas abaixo de seus olhos. Puniu-se de maneira silenciosa por não saber como solucionar seus soluços e seu rosto, que apresentava-se inchado e avermelhado, provocada pelas malditas lágrimas que ainda insistiam em descer. Jughead suspirou profundamente quando percebeu que aquela tal pessoa começou a se aproximar de si.

– Eu disse "licença"! – a voz enrouquecida repetiu, irritada por não ter recebido resposta e parou em frente do menino do gorro – Ei... o que aconteceu? – questionou deixando-se levar pela sua preocupação após encarar a aparência chorosa do rapaz.

Jughead persistia em conter suas lágrimas ou limpá-las com sua mão. Quanto mais tentava, menos resultava em algo. Levantou seus olhos para o indivíduo em sua frente. Era um menino. Ruivo, e com características corporais bem-definidas. Não só corporais, como também faciais. Jones permaneceu calado e com expressões inacessíveis estampadas no rosto. Na realidade, não era notório a fascinação dele contra os traços encantadores do ruivo. Um nó formou-se em sua garganta, mesmo que estivesse intacto perante suas poucas ações.

– Me diz... O que aconteceu? – o rapaz questionou novamente, sentando em um sofá na frente do moreno. Dessa vez, esperou que ele ao menos pudesse dizer alguma coisa.

Jughead escondia metade de sua face com a sua touca, deixando somente seus olhos esverdeados disponíveis — os mesmos cravados no ruivo —. Se deu a liberdade de intensificar suas lágrimas e seus soluços involuntários, o que acabou causando um desfoque em sua visão.

– E-eu perdi tudo que tinha. – a voz de Jughead era trêmula, quase desistiu de completar seu desabafo. – Minha mãe e minha irmã não estão mais aqui, agora nem minha namorada está mais – explicou entre soluços.

– Betty? – o menino adivinhou.

– Como sabe? – Jughead interrogou, franzindo o seu cenho. – Aliás, quem diabos é você, ruivo?

– Archie. Caso não saiba, somos da mesma turma de laboratório e nossos pais eram amigos de escola. – Archie disse.

– Bem... – Jones fungou – Eu nunca ouvi falar de você.

Antes que Archie o respondesse, o sinal foi estampido pelo ambiente inteiro, indicando o início das aulas. Alevantou-se do estofado e tocou sobre as mãos gélidas de Jug, o fazendo se erguer. O moreno obedeceu. Archie pegou seu gorro e o ajeitou na cabeça do menino.

– Touca legal. – elogiou após terminar, ganhando um sorriso sútil de Jughead com o auxílio daquelas palavras – Quero que continue assim: sorrindo. Aliás, eu só disse a verdade – Archie não era a pessoa mais recomendável para aconselhar alguém, mas esforçou-se o máximo possível para animá-lo. – Eu só quero que você saiba que a Betty foi uma cega. E você é incrível, Jones.

Archie afirmou, ajustando a gola da jaqueta jeans do moreno. Jughead assentiu com a cabeça e sorriu de lado. Respirou fundo para se recompor, secando os últimos pingos de suas lágrimas em suas bochechas.

– Obrigado, ruivo. – sua voz soou extremamente baixa no instante em que agradeceu. Um agradecimento vazio; a mente do garoto se recusava em acreditar naquelas palavras motivadoras. – E-eu preciso ir pra aula. Até. – apertou os próprios olhos quando virou-se de costas e percebeu sua vulnerabilidade ao gaguejar.

Poucos minutos de sua vida não julgando-se ser um inútil diante dos olhos mais lindos que já viu. O inferno continuaria.