Entardecer- Para Salvar Uma Vida

Abraço

S E X T A- F E I R A , 010 H R S 4 5 M I N . F O R A   D O   C O L É G I O   B U R Q U ÊS.

    Q u a n d o  os meus pés tocaram o exterior do colégio e minha visão foi atingida pelo clarão do flash, uma onda de alívio inundou meu interior, fazendo com que eu tropece em meus próprios pés.
Meus pensamentos estavam turvos e eu não conseguia obrigá-los a ficar em ordem e se concentrar no que está acontecendo a minha volta. Eu apenas queria de uma forma desesperada salvar Ema. Eu queria abri a boca e mandar a polícia parar de enrolar e entrar de uma vez, antes que Ema morra; antes que eles a encontre; antes que ela perca mais sangue. Mas tudo o que sai da minha boca é um som arranhado e embolado quando sinto mãos ásperas me sustentarem e me levar para longe do colégio. Eu queria gritar com quem estava fazendo isso, mas todas as minhas forças se foram pelo ralo.

    A cada segundo sou atingida por flash, vozes e gritos. Percorro os meus olhos pela pequena multidão ao meu redor e procuro algum conhecido de Ema.

   Ema está lá dentro, ferida e espremida por uma porta de uma sala de aula. Eu não deveria ter a deixado. Deveria ter sido forte e a ter carregado no colo, mas e o seu ferimento? Deveria ter ficado com ela. Vejo alguns polícias e quero brigar com eles.
O homem que me carrega no colo me segura mais firme, tentando me manter quieta. Mas eu não ligo para ele. 

   Não dou à mínima. 

   Ema precisa ser salva. 

Os pais de Ema precisam saber que a filha deles está em estado de risco.
E quando eu estou próxima a um carro de ambulância, eu os vejo. Os pais de Ema e a sua amiga Juliene. Eles estavam em uma distância considerável e seus olhos estavam fixos em mim. Balanço minhas mãos em sua direção, mas eles continuam a me olhar como se não tivesse nada. 

Tento me desvencilhar dos braços do homem, mas ele me abraça com mais força, me prendendo contra ele. Continuo persistindo até que eu sou colocada dentro do carro de ambulância.