Raiva

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SEXTA- FEIRA, 09RRS09MIN. LANCHONETE AFASTADO DO COLÉGIO DE BURQUÊS. JULIENE SANTOS

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Eu estava com muita raiva, como nunca estive antes. Era como se uma bomba estivesse sido explodida dentro de mim.

Eu estava sufocada, cega pela magoa que eles me causaram.
Eu não sou burra. É claro que via coisas acontecendo, como mamãe e papai não se beijarem mais e as saídas constantes do meu pai. Mas eles não estavam divorciados, então me dei esperança de que tudo voltaria ao normal. Como toda filha em meu lugar pensaria.
Mas a foto estampada no celular de Ema me impede de criar qualquer expectativa agradável. 

Não posso fingir agora.

Não posso tampar os olhos para isso. 

Não mais.

Lembro-me de ter escutado a voz de Ema me gritando quando sair do Colégio, não dando a mínima pela grossa chuva.
Eu não me importava.
Eu apenas queria fugir de tudo isso.
Não queria pensar nas explicações que meu pai me daria. Menos ainda ouvir a voz de Ema agora.
Queria distância.
E não pensar em tudo isso. (mesmo sendo uma missão impossível).

Meu cabelo, minhas roupas e a mochila em minhas costas, estão encharcados pela água da chuva. Mas agora, a chuva havia parado, e o sol estava um pouco saliente querendo aparecer.

Tiro o casaco e estendo em uma cadeira ao meu lado.
Estou em uma lanchonete um pouco longe do colégio e da minha casa.
Depois de sair correndo do colégio percebi que não tinha para onde ir. Não tem ninguém em minha casa a essa hora, papai e mamãe estão no trabalho e consequentemente iria almoçar na casa de Ema, como normalmente. Mas nada seguiu como o planejado. 

— Olá, Boa tarde! — levanto meus olhos para a pessoa a minha frente. É uma garota que aparenta ter a minha idade, o que me fez pensar que ela deveria estar estudando. Mas olha quem fala à garota que saiu correndo feito uma louca do colégio!

Ela mexe suas mãos um pouco sem jeito e abaixa os olhos, mas como se estivesse buscando coragem, ela volta a me encarar.

— Me desculpa, mas... A senhorita está aqui já faz um bom tempo, e até agora não pediu nada. Então, se não for querer alguma coisa, terei que mandar a senhorita embora daqui.

Alguém a mandou me aborda. Era claro pela maneira desconfortável dela me mandar gentilmente embora.

—Tá bom... Então... — peguei o cardápio em minhas mãos e olhei o que era mais barato da lista. Não me lembro de ter coisas tão caras assim, quando eu e papai passamos aqui na volta do cinema. — quero um brigadeirão.

Entardecer- Para Salvar Uma VidaWhere stories live. Discover now