1.05: artur

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Assim que Bianca sai do quarto, tranco a porta e ligo o som no máximo. A tranquilidade vai ser temporária. Quando o meu pai chegar, vai querer conversar comigo pela milésima vez sobre o meu comportamento nos últimos dias, ou o porquê de ele não ter visto nem Matheus, nem Sofia nos últimos dias. Eu teria que explicar, e não estava nem um pouco a fim,

Parece que o dia ainda pode piorar mais um pouco, por incrível que pareça. Decido que tenho que sair de casa antes que ele chegue.

O problema é que eu não sei nem onde posso encontrar uma balada razoável para se ir numa quarta-feira à noite. Sendo férias, tenho certeza que o dia da semana não seria um grande problema. Mas é. Achar as festas boas é o papel de Matheus.

Nem sei por onde começar. Mandar mensagens tipo spam para as pessoas me daria um resultado rápido, mas eu ia ter que ler e responder as mensagens. E lidar com as fofocas depois. Sem dúvida, o resultado seria um boato que o meu namoro acabou. Sem outra saída tenho que tomar coragem e procurar em um dos grupos se alguém está planejando fazer alguma coisa hoje.

Pego o celular e desanimo. Os vários grupos têm, todos, mais de quinhentas mensagens não lidas. Dois deles, mais de mil. Desisto dos grupos.

No topo da lista de conversas, vinte e três mensagens não lidas de Tamara. Me chamando para sair. Como ontem e anteontem, ou qualquer um dos últimos seis dias. De alguma forma, ela deve ter descoberto que as coisas estão tensas entre eu e Sofia. Não respondi nenhuma das mensagens. O que não a impede de me mandar mais mensagens. E mais, e mais, e mais, agora que consegue ver que eu visualizei.

Não consigo deixar de pensar que essas mensagens são na verdade para Sofia. Para que ela veja e termine comigo de vez. Se eu respondesse, ela enviaria um print da tela para Sofia, na hora. É bem possível que Sofia já tenha visto alguma mensagem de Tamara enquanto eu tomava banho ou algo assim.

Sem Sofia ou Matheus, e sem querer dar trela para Tamara, sobram poucas pessoas que não vão passar a noite tentando desesperadamente me agradar. As garotas, à exceção de Tamara, não são loucas a ponto de dar em cima de mim sem saber exatamente meu status atual. Os caras, por outro lado, se habilitavam sem pudor. Só para espalharem no dia seguinte que é o meu mais novo melhor amigo.

Não seria a primeira vez. Não vai acontecer de novo.

Penso bem e concluo que eu preciso de um outro amigo. Depender de uma pessoa só não tem sido agradável nos últimos dias. Vejo isso agora. Se eu tivesse mais paciência, passaria o dia tentando achar alguém que fosse aceitável para o cargo. Mas a ideia é ridícula. De todas as centenas de nomes na minha lista de contato, não tem ninguém igual a Matheus. E, se mesmo ele me desapontou, o que eu vou encontrar em outras amizades?

Preciso conhecer outras pessoas. E vou. Assim que as aulas da faculdade começarem.  Mas não consigo esperar dois meses. Preciso de uma solução paliativa por agora.

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