CAPÍTULO 32 - O Duelo

1.5K 195 52
                                    

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


A vida não é nada além do acúmulo de resultados e consequência das escolhas e caminhos que optamos por seguir. Meu pai uma vez me disse, que cada ação gera uma reação, e esta pode ser boa ou ruim. Ele também acrescentou que o bom e o ruim não passa de uma questão de perspectiva: o é bom para mim, talvez não seja para outra pessoa e vice-versa. Por fim, ele me aconselhou a respeito de que eu deveria ser cautelosa em cada escolha que eu viesse a tomar em minha vida. Disse que eu sempre deveria tentar prever todas as consequências de cada caminho que eu decidisse seguir, pois assim chegaria à escolha mais sabia e não teria nada do que me arrepender.

Meu pai falava comigo como se eu fosse uma adulta, mas naquela época eu estava tão distante. Ainda assim, guardei o seu conselho. Somente depois de muitos anos fui capaz de compreende-los e então comecei a pensar em minhas escolhas tentando saber se elas foram certas ou não. No entanto, creio que só obtive essa resposta no final de minha jornada. Até lá, essa dúvida pairou sobre minha cabeça, eu apenas tive que aprender a conviver com ela.

A vida, como tal, continuou a me surpreender, pois na noite que antecedia a minha batalha com Freya, meu pai — depois de muito tempo — reapareceu em meu sonho.

Lembro-me perfeitamente de tudo que ocorreu quando nos encontramos novamente.

Eu estava eu caminhando pelas areias da praia que ficava perto da casa onde, na minha infância, habitei com meus pais. O dia estava no seu fim e a brisa relaxante do mar que acariciava minha pele, jogava meus longos cabelos negros para trás. Mais à frente identifiquei a silhueta de um homem sentado na areia olhando fixamente para ondas do mar. Não precisei de muito tempo para me dar conta de que era meu pai quem estava me aguardando naquele lugar.

Caminhei até meu pai. Ele trajava uma longa veste cinza que encobria os seus pés e se arrastava pela areia. Também pude observar que o druida segurava em uma das mãos o seu longo cajado de madeira. Cheguei próximo dele e me sentei ao seu lado.

— Quanto tempo! — falei, em uma espécie de sussurro que mesclava dor e saudade.

— O tempo necessário, minha pequena. — disse, ele, voltando seus tristes olhos verdes em minha direção.

Eu queria gritar e despejar um amontoado de palavras duras contra meu pai. Queria mostrar o quanto estava com raiva por ele ter morrido, por ter me abandonado. Mas toda mágoa ficou presa em minha garganta, sufocando-me, transformando em lágrimas que eu também aprisionei.

— Diga-me, por que estamos aqui? — indaguei com frieza.

O druida me analisou por um longo período de tempo. Talvez tentou entender no que eu havia me transformado.

— Você confia em mim? — perguntou, pela primeira vez, parecendo inseguro.

Permaneci o encarando em silêncio. Eu, sempre acreditei que podia confiar em meu pai, entretanto, tudo tinha mudado com o passar do tempo, era bem provável que nossa relação também mudara.

𝐒𝐀𝐂𝐑𝐈𝐅Í𝐂𝐈𝐎Where stories live. Discover now