Água fria

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n.i.a : Olá meus anjos, vi que vocês amaram o conto pelo ponto de vista do Ernesto, então aqui estamos com ele de novo.

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  Naquela tarde de sábado, o sol rachava e deixava todos no Vale escaldados de calor. Talvez por isso, a oportunidade perfeita para um mergulho na cachoeira, e era nesse destino onde estavam Luccino e Ernesto, se refrescando na água gelada.

  Após duas corridas e alguns pulos, os dois se sentaram perto de um tronco e sentiram de olhos fechados, o sol secar a pele molhada dos dois.

— Então, Luccino...por que você não trouxe o Capitão Otávio ? — Disse Ernesto olhando sereno pra água, dando um pequeno riso ao ouvir o irmão sussurrar "Major Otávio..."   corrigindo-o .

— Ele trabalha no quartel, não pode ficar saindo a qualquer hora só pra me ver. — Diz Luccino, abrindo os olhos lentamente.

— Sei...já vi ele milhares de vezes na sua oficina em tardes menos ardentes que essa. — Ernesto disse, assistindo o irmão ficar corado e dar um pequeno sorriso, olhando pra baixo. — Você não fala muito dele, não é, Fratellino ?

— O que eu deveria dizer ?

— Diga como se sente, dos problemas, das partes boas, de como ele te faz sentir! Fale sobre ele, sobre você, sobre vocês dois. — Ernesto pôs a mão no ombro de Luccino.

— Não é tão fácil falar dele pros outros, você sabe...

— Mas eu não sou "outro", sou seu Fratello. — Ele se posicionou na frente de Luccino. — Vamos lá, finja que eu sou Mariana.

— O quê ? — Luccino ria com Ernesto tentando imitar Mariana.

Luccino, eu quero andar de motocicletas e explorar o mundo ao lado de Brandão. — Ernesto mexia nos cabelos e gesticulava, enquanto Luccino ria.

— Pare com isso, Ernesto...— Luccino ainda ria.

— Eu nem conheço este rapaz direito, vou confiar a ele o meu caçula ? Eu preciso saber quais as reais intenções desse "Major Otávio" — Ernesto dizia pausadamente,enquanto fazia cócegas no menor e citava a patente de Otávio com deboche.

— Pare com isso, Ernesto! — Luccino afastou Ernesto com sutileza, ainda rindo um pouco. — Não precisa se preocupar, o Major sabe bem o que quer comigo e o que eu quero com ele.

— E o que você quer com ele ? — Ernesto se aproximou novamente.

— Eu quero o mesmo que todos querem, Ernesto. Eu quero amor, paixão e todo o resto. E eu sei que ele quer o mesmo. — Luccino enfim deu o sorriso que Ernesto queria ver, um sorriso apaixonando, onde os olhos brilhavam e se fechavam quase por inteiro. — Se duvidar, até mais...

— Eu sei que ele quer mais. — Ernesto saiu de cima de Luccino e se sentou ao lado dele. — Aquele colar, com o anel, nas suas roupas com certeza não veio do céu. — Ele via Luccino sorrir apaixonado. — Foi ele que te deu, né ?

— Foi...no dia seguinte ao baile de máscaras da dona Julieta. —  Ele disse, suspirando.

— Por isso vocês foram embora tão cedo. O que ficaram fazendo longe dos meus olhos ?

— Hã...nós...nós dançamos. —Ernesto reparou no rosto do mais novo ficando vermelho,mas preferiu não perguntar. — Não podíamos dançar no baile, então nós fomos pra oficina.

— Ah, a sua oficina, quanta coisa aquele lugar já viu e ouviu...Elisabeta poderia escrever um livro só contando tudo que já aconteceu lá.

— Deus me livre! Se alguém souber de mim e de Otávio...ele estaria arruinado no quartel, eu não me perdoaria se ele perdesse a patente. — Luccino se levantou abruptamente e passou a mão pelos cabelos, nervoso.

Contos LutávioWhere stories live. Discover now