XI - Eu Sei Quem Me Matou

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"Me perdoe... Eu não pude te salvar."


Abel veio em direção à Lucie empunhando a faca.

– Você? Por que Abel? – Perguntou Lucie, segurando o choro.

– Não venha inverter os fatos agora, querida Freewood... Você nunca foi a vitima aqui! Muito pelo contrário, você destruiu a vida de muita gente! – Respondeu Abel, avançando pra cima da garota.

Antes que Lucie pudesse dizer algo, Abel tentou golpeá-la com a faca, mas ela desviou. Pegou a vela acesa do pequeno balcão e jogou contra Abel, mas não conseguiu acertar ele. A vela caiu no chão, e começou a espalhar fogo pelo chão da cozinha. Abel foi para acertar Lucie novamente, mas ela pegou uma panela e jogou contra ele. Aproveitando a distração, ela saiu correndo da cozinha e foi para o hall principal. O fogo começou a se espalhar assim que Abel abriu a porta.

– Você não pode escapar do que fez, senhora Freewood... Você não pode... – Gritou Abel, avançando novamente em cima da garota, que tentou escapar, mas infelizmente a faca acertou seu ombro esquerdo.

Ela empurrou Abel e começou a correr em meio às chamas. Sua casa estava em combustão. O fogo se espalhou rapidamente da cozinha para o restante da casa, graças à estrutura de madeira rústica.

O intruso, tão familiar, corria atrás dela enquanto subia as escadas para o segundo andar. Lucie sentia seu peito arder com a fumaça exalada do incêndio, começara a ficar mais lenta, e o assassino, mais perto. Quando a garota estava quase terminando de subir as escadas, o piso se rompeu em um pedaço, fazendo-a cair alguns degraus.

Portando uma grande faca de cozinha, Abel parou subitamente na frente de Lucie. A garota levantou o olhar em direção a ele, numa última esperança de sensibilizar o assassino, que ela nem mesmo reconhecia. Mas sua visão fria direcionada para a garota destruiu suas esperanças de sair viva dali, assim como aquelas chamas destruíam sua casa. Ele levantou lentamente a faca, a garota fechou seus olhos.

Quando estava prestes a cravar a faca no belo corpo claro da jovem, o intruso ouviu um estalo, hesitando por um segundo. Lucie abriu seus olhos e se lançou contra o assassino, com um pedaço de madeira pontudo que acabara que arrancar do piso rompido.

Infelizmente não foi suficiente para perfurar o homem, que apenas caiu de volta para o início da escada. A garota aproveitou para subir ao segundo andar, já que a porta principal estava em chamas e não seria possível fugir por ali.

Ela corria entre os corredores do segundo andar, desviando de algumas chamas que apareciam aqui e ali, procurando um jeito de escapar, mesmo tendo um profundo sentimento de que não sairia viva dali. Ela entrou no quarto de hospedes, se perguntando o que faria. Lembrou-se de sua consulta com o psiquiatra, desejando que aquilo fosse uma alucinação. E talvez fosse, já que a garota começou a ver sangue descendo pelas paredes do quarto, mas que não causava efeito algum sob o fogo. Talvez o fogo fosse uma alucinação também. Talvez Abel também fosse. Talvez tudo fosse fruto de uma alucinação.

Lucie se recolheu num canto, ficando numa posição fetal. Não queria chorar, mas as lágrimas começaram a escorrer abaixo. De repente tudo se calou: o barulho do fogo, os passos do assassino no corredor, até mesmo seus pensamentos. Lucie levantou o rosto. Não estava mais em Vila Obélia. Estava em casa, na sua casa há doze anos, sob sua cama. Aos poucos a porta foi abrindo, e a figura familiar foi entrando. Lucie não podia acreditar, estava vivendo novamente aquele pesadelo.

Escondeu-se debaixo dos cobertores, mas ela sentia-o próximo, vindo em sua direção. Começou a chorar novamente, então a coberta foi puxada violentamente e ela estava de volta.

O IntrusoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon