X - Todas as Rosas Têm Espinhos

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"Infelizmente, algumas vezes é tarde demais para recomeçar... Seu passado simplesmente não vai te deixar livre."


Lucie acordou com as vistas embaçadas. Parecia estar numa espécie de porão escuro ou algo assim. Seus braços estavam amarrados com pedaços de fio numa cadeira de madeira.

– Socorro! – Ela gritou. – Alguém! Por favor! Socorro! Abel!

Infelizmente nenhuma resposta foi obtida. Ela estava segurando firme o choro, sabia que aquele não era o momento de chorar. De repente alguns passos foram ouvidos e um vulto veio das sombras em direção à garota. Era Josh.

– Josh! Por quê? – Lucie gritou, tentando parecer que estava com ódio, quando na verdade sua voz só passava a ideia de tristeza e confusão.

– Lucie... Você realmente não entendeu? Talvez... Talvez ele realmente seja outra pessoa.

– Que? Quem?

– Eu sinto muito que você tenha que passar por isso. Mas é chegada a hora de você pagar por tudo de ruim que você fez no passado. – Falou Josh. O seu tom de voz estava diferente, mais firme, ao contrário do seu habitual tom calmo e frio.

– Como é? Josh... Josh... Nós somos amigos, não somos? Por que você está fazendo isso? Fale diretamente, sem rodeios!

Josh riu.

– Parece que você ainda não entendeu... Eu que dou as ordens aqui. Eu que mando. Se eu quiser falar o que quer que seja ou não eu posso, afinal você é minha prisioneira.

– Era você mesmo.

– Como? – Josh indagou, confuso.

– Eu estava tentando acreditar que isso era tudo um mal entendido. Que você não podia ser o intruso. Mas... É você mesmo. O Josh que eu conheci... Ele nunca existiu, certo? Tudo não passou de um alter ego, um personagem que você criou.

– Puxa vida... Sua imaginação é realmente muito fértil Lucie. Você realmente acha que sou eu quem tem um alter ego aqui?

Quando Lucie estava prestes a abrir a boca para falar alguma coisa, um barulho foi ouvido um pouco distante. Josh ficou alerta e se apressou em pegar um facão que estava numa mesa, atrás de Lucie.

– Você pode me esperar aqui? Ainda temos muito que conversar. Eu preciso mostrar pra você o que realmente está acontecendo. – Disse Josh, antes de desaparecer nas sombras.

Lucie pensou em gritar, mas um cano do outro lado da sala estava furado e um pedaço estava saltado pra fora. Se ela tivesse sorte talvez ele não estivesse muito enferrujado e fosse capaz de cortar os fios.

Mais que depressa, ela se apoiou nos pés, que Josh esqueceu de amarrar, e foi lentamente caminhando até o lado oposto da sala. Após alguns minutos cansativos, ela conseguiu. Suas pernas estavam extremamente doloridas, mas agora ela poderia conseguir se soltar. Forçou mais um pouco a cadeira nas suas coxas e panturrilhas, e com muito custo posicionou o pedaço de metal do cano entre sua mão e o apoio da cadeira, e começou a se mexer em movimentos horizontais. Alguns longos minutos se passaram e um barulho pequeno foi ouvido, e então sua mão esquerda estava livre.

Ela usou a mão livre pra remover o outro fio, e não demorou muito para que pudesse se soltar completamente da cadeira. Correu até a mesa onde Josh havia pegado um facão: ainda havia uma faca e uma tesoura. Lucie pegou a faca e partiu na mesma direção em que Josh havia ido.

Tudo estava muito escuro. Lucie não conseguia enxergar quase nada, anão ser o que estivesse bem na sua frente. Aos poucos, ela foi ouvindo passos, que progressivamente ficavam mais altos e mais perto. O coração dela começou a acelerar. Ela se apoiou na parede enquanto os passos vinham pelo corredor. Com um golpe certeiro, tudo iria acabar. Ela cerrou o punho direito, segurando com força a faca. Os passos estavam mais perto ainda. Lucie fechou os olhos e respirou fundo. O Josh que ela conheceu nunca existiu. Josh era um assassino. Josh era o intruso.

O IntrusoWhere stories live. Discover now