12 - Laçados em dois nós

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"E nós que nem soubemos nos querer de vez. Estamos sós, laçados em dois nós, um que é meu beijo e outro é o lábio seu".

Nós dois
Celso Adolfo


Era uma péssima ideia.

Taylor sabia disso.

Mesmo assim, suas botas pareciam ter criado vida enquanto o levavam em direção à casa sede da fazenda Monte Alto.

Provavelmente, o ronco alto da velha Silverado vermelha denunciou a sua chegada e, antes mesmo de se aproximar totalmente, reconheceu a figura de Logan Evans, o dono daquelas terras e pai de Manuela, acompanhado de seus homens.

- O que faz aqui? Não é bem-vindo nas minhas terras, Hanson. Não é nem mesmo bem-vindo nesta cidade. - Taylor já estava acostumado com a maneira que os amigos próximos a Charles Duncan o tratavam. Não era surpresa que sua presença fosse repudiada, mas ainda assim o incomodava o jeito de falar, o tom de escárnio, o ar de superioridade, e aquele conjunto todo atiçava ainda mais seu lado bronco e grosseirão.

- Vim buscar a menina.

- O senhor não tem vergonha? Ela tem idade para ser sua filha!

Taylor não se importou com a insinuação, ele que pensasse o que bem entendesse. Não estava ali para se defender e muito menos para oferecer qualquer tipo de explicação. Não devia nada a ninguém. Mesmo porque não havia muito o que argumentar depois de ter a sua foto estampada nas capas do jornal de River Oaks praticamente engolindo o rosto de Maya durante o beijo que trocaram na festa. Cidade pequena era uma merda.

- Mas ela não é minha filha como nós dois sabemos bem, não é mesmo?

- Eu não permitirei que ela vá com você para lugar nenhum. Isso é uma imoralidade!

- Acho que quem decide para onde eu vou ou não sou eu, tio.

Maya parou sobre a soleira da porta, e apesar de dirigir a palavra ao pai de Manuela, não foi capaz de desviar o olhar do caubói loiro em sua camiseta branca, o chapéu preto de vaqueiro e o jeans gasto, agarrado às coxas.

Por um momento, eles ficaram se olhando como se não houvesse mais ninguém debaixo do alpendre. Os olhos chispavam um fogo escuro, azul, intenso. Taylor baixou a cabeça, precisava pensar e não conseguia fazer isso direito com aqueles olhos engolindo os dele. Algo dentro dele o avisou para cair fora dali. Por que merda ele não obedecia à própria razão?

- Maya, será que não percebe que este homem está te usando para atingir seu pai. Há muita coisa nessa história que você não compreende.

- Eu compreendo o suficiente. - ela respondeu seca, finalmente encarando os olhos castanhos de Logan para depois voltar sua atenção ao caubói. - O que veio fazer aqui?

Ele nem se deu o trabalho de responder. Olhou direto para ela, os olhos num tom escuro, de um azul devastador. As sobrancelhas grossas, o queixo duro e obstinado.

- Entra na picape. - mandou, com rudeza. Ela gostava disso. Gostava que ele lhe dissesse o que fazer. Não era submissa, e nem aceitava que lhe dessem ordens, mas sentia-se estranhamente atraída por aquele jeito dele.

- E se eu não quiser ir com você, caubói?

- Entra na picape, diaba. Não quero discutir na frente dessa gente. - Taylor simplesmente ignorou os homens armados que cercavam o alpendre e se aproximou de Maya, ficando perto o suficiente para invadir o seu espaço pessoal e tocar-lhe o braço. Ela sentiu o calor da palma áspera pressionando sua pele e olhou para baixo. Ele se afastou instintivamente.

APENAS UMA NOITE (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now