3 - A princesa do petróleo

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"Feche os olhos, eu vou estar aqui de manhã.

Feche seus olhos, eu vou estar aqui por um tempo".

I'll Be Here In The Morning
Don Williams


Maya demorou alguns segundos para se recuperar do golpe. Nunca fora rejeitada antes, e ser dispensada daquela forma tão rigorosa mexeu com os brios da mulher mais bonita da cidade. Não que fosse o tipo esnobe, mas era sim a Miss River Oaks, e não estava acostumada a ser enxotada desse jeito.

Caubói cretino! - pensou, vasculhando o salão à procura de qualquer outro que despertasse a magia que encontrou nos olhos azuis do velhote xucro. A verdade era que não se concentrava realmente na busca, ainda sentia seu coração disparado, a pele queimando, uma eletricidade desconhecida percorrendo seu corpo. Ele não era velho, a bem da verdade era um homem lindo e irritantemente sexy.

Merda!

Havia se instalado nela como um vírus. Um vírus loiro, estúpido, intragável... quente, gostoso...

Estava enfeitiçada a pobre diaba.

Avistou Manuela no meio do salão. A garota sorria agarrada a um dos caubóis na pista de dança, parecia feliz e claramente se divertia. Maya decidiu não atrapalhar a noite da amiga com sua recente frustração. Caminhou até o bar e pediu uma dose dupla de tequila. Se havia uma bebida que fazia efeito quase imediato para ela era essa. Sorriu sedutora para o barman, distraindo-o, evitando assim que pedisse sua identidade.

A bebida desceu rasgando a garganta. Mal terminou de virar, o barman ofereceu outra dose por conta da casa, piscando charmoso, apoiando os braços no balcão para ficar mais próximo dela.

Maya entrou no jogo, sabia que de onde estava, o Sr. Hanson podia vê-la. Seus olhos procuraram pelo caubói mais uma vez. Encontrou um par de olhos azuis tingidos de negro pela pupila dilatada. O sujeito sisudo a encarava com gelidez no olhar. Mas ela não se encolheu e nem teve medo do trovão de raiva que lampejou nos olhos azuis do homem. Pelo contrário, não se dobrava fácil aos obstáculos e sorriu satisfeita ao ver que o caubói não era tão indiferente assim como fez parecer.

Por algum motivo, Taylor não conseguia desviar os olhos da mulher. Mesmo relutante precisou admitir que a diaba mexeu com ele. Havia muito tempo que não ficava tão inquieto por causa de uma mulher. Não gostava da sensação. Não era certo se sentir assim. Por isso mesmo, fez tudo que podia para espantá-la. Mas os olhos verdes continuavam incendiando tudo ao redor, embaçando seus pensamentos com uma névoa de fumaça e fogo.

Tudo que queria naquela noite era beber até esquecer os problemas, e não arranjar outro. Virou-se novamente para a garçonete que sorria sem parar em sua direção e pediu mais uma dose de bebida na intenção de esquecer a encrenca de olhos verdes e sorriso safado.

Não deu certo.

Logo não era apenas o barman mal intencionado que a cercava. Era natural que isso acontecesse. Afinal, a menina era dona de uma beleza capaz de domesticar até o homem mais tinhoso. Não qualquer homem. Ele não. Mas os cabras que a rodeavam já estavam praticamente de joelhos esperando para serem laçados. Os vaqueiros ouriçados pareciam mais urubus sobrevoando a carniça, caçadores espreitando a presa. Viu quando um deles tomou a frente dos outros e se aproximou como um predador.

Ele conhecia o homem. Harry James. Trabalhou em suas terras logo que adquiriu a fazenda Hope River, na época de ouro, de riqueza e abundância, antes da perseguição implacável por suas terras.

APENAS UMA NOITE (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora