c a l m a

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"Acho que está faltando um pouco de verdade nesse mundo. Falta fé. Falta você acreditar que pode agradar o outro sendo quem é. Sem ter que fazer mágica, já que a mágica está em poder viver bem consigo mesmo. E só."

- Clarissa Corrêa

***

•Uma hora antes da entrevista

Abro os olhos vagarosamente e permito a luz da manhã invadir minha órbita e tirar-me do sonho maravilhoso que estava tendo. Sinto o braço de Caio ao redor da minha barriga e sua respiração quente contra a minha nuca, bem ritmada e solene, faz os pelos dos meus braços se erguerem e involuntariamente um sorriso escapa dos meus lábios.

Me viro devagar, ficando de frente para ele, e acaricio sua testa, sentindo toda a eletricidade excitante surgir na palma da minha mão e afasto os fios de cabelos que ali residiam. Tudo nele me fazia amá-lo, até mesmo sua bagunça. Desço minhas mãos até sua bochecha - sem tirar o sorriso de abestado do rosto - e acaricio suavemente sua bochecha esquerda e peço mentalmente, que se isso for um sonho, eu nunca acorde.

Me inclino e beijo sua cicatriz próxima a boca. Adoro fazer isso, mesmo quando ele me repreende por acha isso um defeito.

- Até os defeitos ficam bem nele. - sussurro baixinho quando me afasto e continuo encarando seu rosto.

Imediatamente vejo um sorriso nos lábios dele. Seu braço - que já estava envolta da minha cintura - me puxa para mais perto até seu corpo ficar colado com o meu. Ele ainda tá de olhos fechados.

- Obrigado meu amor. - diz ele com a voz sonolenta.

Sorrio envergonhado e continuo acariciando sua bochecha e permito sentir essa paz avassaladora que sempre se faz presente quando estamos juntos e logo esqueço de tudo que não está nesse quarto de hotel, de tudo que não preenche nossas vidas. Fico observando o sol, vindo da janela detrás de Caio, banha-lo com sua glória e criando o cenário do meu paraíso.

"O sol tem sorte de poder toca-lo todas as horas."

O despertador dispara e todo o paraíso se desfaz me fazendo cair, sem paraquedas, de volta a realidade.

- Só mais cinco minutos? - ele pede e deita sua cabeça em meu peito, me abraçando ainda mais apertado.

- Você vai me fazer ficar sem emprego. - brinco e acaricio seus cabelos negros.

Sinto sua respiração na minha barriga e uma lágrima de felicidade brota no canto dos meus olhos. Eu finalmente me sentia plenamente feliz. Me sinto infinito, como se eu pudesse viver esse momento varias e varias vezes.

- Agora eu tenho que ir. - tento me desvincular do seu abraço, mas ele me aperta. - Caio?

Ele bufa como resposta e desfaz o abraço me permitindo ir até o banheiro e encarar a bagunça que me encontrava diante ao espelho.

Faço minhas higienes pessoas e tomo um banho gelado pra tirar toda a tensão dos meus ombros.

- Eu vou conseguir. - sussurro para mim mesmo repetidas vezes até eu mesmo acreditar nessas palavras enquanto a água gélida caia em meus rosto. - Eu vou conseguir.

Eu estou perdidoWhere stories live. Discover now