21 - Escolha;

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Silva, Megan.

Não demorou muito até que chegássemos ao estabelecimento onde se dariam os treinos. Em ordem descemos do carro e reparei que Philippe estava um tanto distante conversando com Aine que estava com cara de tédio. Segundos depois, Ainê mandou o dedo do meio e eu gargalhei baixo vendo ela se afastar do jogador que revirou os olhos.


- O que estava falando para ele? - não evitei perguntar e ela deu um sorriso de lado.

- Nada demais. Então, como você está? - desconversou.

- Não precisa fingir, Ainê. Eu ouvi o que ele disse no ônibus - gesticulei com as mãos enquanto andávamos com Charlotte e Bruna pois os jogadores seguiram uma trajectória diferente.

- Ouviu? - assenti. - Hm, então pode fazer o favor de parar com esse cú doce? Sabe que ele gosta de você, então pelo menos mantenham amizade - ela falou parecendo impaciente.

- Eu juro que eu tento mas é difícil quando olho para seu rosto e lembro de tudo - expliquei.

- Tudo o quê? - ela ergueu a sobracelha enquanto entrávamos no cubículo de entrada para o enorme estádio.

- Eu não devia estar te contando isso pois sei que é próxima de Coutinho - expliquei e ela assentiu devagar. -, então finja que não te contei.

↺ Flashback ↺

- Por que chegou tarde, hun? - falei com um pequeno sorriso enquanto beijava seu pescoço.

- Estava resolvendo algo relacionado à minha carreira no Liverpool - ele explicou nervoso e eu desfoquei a atenção de seu pescoço e o olhei confusa.

Eu e Philippe vivíamos juntos em Inglaterra e desde então nossa relação vai florescendo mais. Eu o amo mais que tudo e mesmo que tivesse que me afastar de tudo para vir com ele, tive que o fazer pois o amava.

- Eu preciso te contar uma coisa - falei depois de um tempo e ele engoliu em seco parecendo saber do que se tratava.

- Também preciso - ele disse e eu o olhei mais confusa ainda.

- Tudo bem, posso começar? - perguntei receosa enquanto o assistia assentir. - Eu preciso voltar ao Brasil - falei sentindo uma pontada se instalar em meu peito.

- Precisa? - ele falou em aflição.

- Ei, calma! Philippe eu posso voltar em pouco tempo, só vou voltar pois minha mãe precisa de mim. Não é como se você vivesse em Barcelona - sorri irónica e sua aflição aumentou.

- Porra, me deixe falar! - ele falou em um tom que não me agradava mas ele parecia não ligar para isso.

- Fale.

- Eu assinei com o Barcelona - ele disse e eu fiquei sem reação. - Fala alguma coisa, caralho!

- Philippe, eu... - mordi o lábio pensando no que falar. - Não posso evitar ficar orgulhosa por você mas...

- Mas? - ele perguntou.

- Mas como a nossa relação vai ficar? - senti minha voz enfraquecer.

- Você vai para o Brasil e eu passo a nova morada para você em Barcelona. - ele gesticulou com as mãos nervoso e eu sentei em nossa cama preocupada.

Isso não seria nenhum problema, parecia fácil. Até porque meu irmão está jogando lá mas foi um problemão para que ele vivesse lá.

Meu pai se responsabilizou em managear a carreira de meu irmão por mais que o mesmo não quisesse.
Meus pais são separados desde cedo pelo vício do meu pai pela bebida e desde então eu e Neymar não nos sentimos confortáveis em tratá-lo como pai. O mais velho estava em Barcelona com ele e eu tenho medo do que poderia me fazer se me visse lá e com Coutinho. Alguém que ele odiava tanto. No entanto, Neymar ja assinou a papelada com o Paris Saint-germain e já está com outro manager pois meu pai se recusou a sair de Barcelona. Ele me odeia, e a insegurança me consome mais em saber o que pode me fazer se me encontrar lá.


- Megan, fale alguma coisa! - ele falou com a voz alterada e só então percebi que não estava totalmente sóbrio. Ele não estava inteiramente resolvendo seus negócios, ele estava enchendo a cara, o que eu mais detestava.

- Coutinho, vai tomar um banho - tentei empurrá-lo para o banheiro mas ele se apossou de meu pulso me jogando contra a parede.

- Eu sei o que está tentando fazer, está tentando desconversar para simplesmente sumir do mapa e dizer que a culpa foi minha! - ele falou com o dedo em minha face.

- O quê? - engoli em seco. - Claro que não, eu só... Eu só quero ter uma conversa séria com você. Oque é impossivel pois você está bêbado - acusei e ele amarrou a cara.

- E se eu estiver? Qual o problema? Pare de agir como uma cadelinha que não tivesse rumo, isso é só uma desculpinha para que não vá a Barcelona comigo!

E ao ouvir aquela palavra meu mundo caiu, o amor da minha vida estava me chamando de cadelinha simplesmente por detestar o ver bêbado.

Algo de que tenho trauma por conta do meu pai.

- Cadelinha? - senti meus olhos molharem e assim bati seu rosto. - Eu não sou cadelinha de ninguém e deveria saber disso! - falei enquanto pegava o celular e pressionava para que o mesmo gravasse a discussão.

- Não gosta de cadelinha? Prefere que eu a chame de vadia, puta, intrometida? - e as lágrimas vieram em uma intensidade maior. - Ou você vai para Barcelona comigo ou tudo acaba aqui - ameaçou.

- Está mesmo me fazendo escolher? - falei já soluçando.

- É, escolha! - ordenou para assim entrar no banheiro e parei de gravar o áudio mandando-o para Neymar que estava offline no momento.

Assim que ouvi a porta trancar deslizei minhas costas na parede sentando no chão e dando espaço à um choro sem fim.

↺ Flashback ↺

Capítulo Revisado.

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