ABUSIVIDADE

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No outro dia pela manhã, acordo com uma sensação horrível.
Me levanto da cama e ou caminhando lentamente para cozinha onde todos já estão sentados à mesa tomando café. 
Puxo uma cadeira e me sento, mas pareço ser invisível, pois ninguém me nota, na verdade pareço um zumbi.
Abro a garrafa e me sirvo de café, sem que ninguém me note. Fico ali por alguns instantes, viajando em meu mundo e meus pensamentos, não presto atenção em nada e nem ninguém. Só consigo ouvir ao fundo, bem ao longe, o relato de minha tia sobre o quão perfeita foi a noite de natal, e como o churrasco de Henrique foi maravilhoso, mais uma vez ele conseguira conquistar à todos.
Me levanto e volto para o meu quarto, na tentativa de sumir novamente.
Me agarro aos pensamentos e as lágrimas que insistem em vir acompanhadas de suspiros e sofrimento.

Após alguns minutos, minha mãe bate a porta.
Mãe: Ana, você não vai tomar café?
De certo ela também não havia percebido minha presença na cozinha.
Eu: Já tomei mãe!
Respondo rapidamente para evitar que ela entre e me veja naquele estado.
Fico ali mais alguns minutos pensando na vida. Mas quando percebo que nada que eu fizesse iria mudar minha situação, resolvo sair para dar umas voltas.

Tomo um bom banho, daqueles que lavam a alma. Visto uma roupa bem confortável, pego minha bicicleta e vou à praia, gostava de fazer isso as vezes, me sentia livre com o vento e a brisa no meu rosto.

Me sento na areia, e penso em tudo que passei nesse ano. Faço uma profunda reflexão.
Eu precisava de ajuda, precisava ter com quem falar,desabafar, mas me fechava cada vez mais e mais.

Fico ali sentindo o vento no rosto e não percebo a hora passando, perco também o almoço de Natal.

Quando chego em casa, todos já estavam à minha procura, inclusive Henrique.
Pai: Minha filha onde você estava?
Eu: Fui dar uma volta pai, e acabei perdendo a hora.
Pai: Henrique esteve aqui até agora, saiu de carro à sua procura, ele está muito preocupado com você Ana.
Reviro os olhos, e vou para o meu quarto.

Após alguns minutos, o telefone de casa toca, era Henrique.
Mãe: Filha Henrique quer falar com você!
Minha vontade era de fingir estar dormindo, mas a porta do meu quarto estava aberta, e dava para ver que estava acordada.
Então precisei ir.
Eu: Alô.
Dava para sentir a minha falta de empolgação de longe.
Henrique: Onde estava a Ana?
Ele faz a pergunta, e o silêncio dura alguns instantes.
Eu: Fui dar uma volta. Precisava pensar.
Henrique: Vou levar o carro na oficina e mais tarde vou aí. Sei que precisamos conversar.
Diz com uma voz séria, sabia que teríamos mais uma briga mais tarde.
Eu: Tudo bem!
Desligo o telefone, sem nenhuma despedida.
Estava farta e apática, não adiantava expor meus sentimentos, já que falar não adiantava.

Vou para cozinha, me sento à mesa para almoçar mesmo sem fome, minha mãe se senta ao meu lado.  Ela parecia saber tudo o que estava acontecendo, talvez fosse por causa da nossa grande ligação, sempre fomos muito ligadas e sentíamos o que a outra sentia as vezes. Mas era impossível ela saber de tudo. Só vivendo para saber.
Mãe: Está tudo bem Ana?
Eu: Sim!
Respondo rapidamente antes que a conversa se estenda e vire um interrogatório.
Ela me abraça e diz:
Mãe: Filha não há nada que não dê para resolver. Se sente com Henrique hoje, e converse, se resolvam, ele é um ótimo rapaz.
Cordo para acabar com a conversa.
Eu: Sim mãe, ele é um ótimo rapaz.
Me levanto da mesa com lágrimas nos olhos.
Mãe: Ana você não vai terminar a refeição?
Saio da cozinha sem respondê-la. Não queria ter que discutir com a minha mãe.
Henrique era o genro ideal e eu não sabia o que fazer para mudar isso, ou não tinha forças para tentar.

Com a casa cheia, a minha liberdade ia toda embora.
Não sabia onde ficar além de meu quarto.
Fiquei a tarde toda deitada pensando na vida, até que Henrique chega.

Desço para abrir o portão para ele, e ele age como se nada tivesse acontecido.
Henrique: Oi amor, estava com saudade já.
Diz me beijando e abraçando.
Eu não respondo à seus afetos e sou rapidamente repreendida.
Henrique: Ana o que pensa que está fazendo?
Todo dia que venho você está fria, distante.
Quer mesmo ficar assim?

Eu abaixo a cabeça e minhas lágrimas rolam sem que eu percebesse.
Eu: Henrique eu não quero mais essa vida, não quero mais estar em um relacionamento assim. Brigamos todos os dias.
Henrique já não consegue esconder sua fúria, sua respiração fica ofegante e quando eu levanto meu olhar, percebo que seus olhos estão irados e cheios d'agua.
Henrique: Ana você acha mesmo que vai encontrar namorado melhor?
Diz segurando forte meus braços.
Não respondo e fico de cabeça baixa.
E novamente ele tinha o controle da situação.
Ele me abraça e beija meu pescoço.
Henrique: Amor eu te amo, nunca deixarei você ir, nunca!
Me abrace Ana, por favor me abrace.
Para que aquilo se acabe eu o abraço e fico ali, eu pensando na vida e ele beijando meus ombros e pescoço.
Henrique: Não vejo a hora de te tornar mulher Ana, quem sabe isso ajuda no seu comportamento e você fica mais adulta. Talvez isso é o que nos falte.
Eu olho em seus olhos e busco um sentimento para que eu possa me apegar. E rapidamente os encontro, eu sabia que Henrique me amava como jamais alguém me amou.
Então nos beijamos e mais uma vez nos damos a chance de tentar.


O INÍCIO DA METAMORFOSE 🦋💜Onde as histórias ganham vida. Descobre agora