Demos a volta no grande sitio.

     Atrás dele realmente existia um celeiro, bem velho.

     A luz da lanterna chicoteava a escuridão, abrindo o caminho até o local, igualmente assustador. Ao aproximarmos, um cadeado grande e enferrujado trancava a porta de madeira dali. Meggie sacou de seu outro bolso a chave dourada e a fincou no cadeado, abrindo-o.

     O silencio ao redor era tanto que o som da destrava fez um pequeno eco dentro do celeiro. Empurramos a porta e entramos.

     Meu suor quente pingava de meu rosto para o chão. Eu apertava a vista para tentar avistar algo além da luz que Meggie conduzia, mas a garota estava procurando outra coisa.

     — Aqui, o interruptor — disse ela, esticando o braço e puxando uma pequena alavanca.

     O cenário tomou forma e a luz invadiu todo o espaço, trazendo-me diversas informações ao mesmo tempo. Meus olhos arregalaram ao ver a cena seguinte.

     Uma cama, no centro do lugar. Ao lado dela, uma máquina familiar que conectava um fio extenso na nuca de uma pessoa deitada ali, inconsciente.

     — Meu Deus... Brok... — disse a ele em voz baixa, andando em sua direção.

     O rapaz estava mais pálido que o normal, sem seus óculos escuros. Brok estava em um sono profundo, sustentado por um maldito drenador. Suas vestes permaneciam limpas, da mesma forma que a última vez que o vi em seu apartamento. Não pude fazer nada além desligar o sistema do computador e puxar o fio que interligava sua nuca.

     O rapaz acordou imediatamente, suspirando ofegante, como se emergisse de um oceano profundo. O abracei com força, ainda deitado.

     — Que alívio, meu Deus, que alívio em te ver... — disse a ele em prantos — O que fizeram com você? — perguntei segurando seu rosto perto do meu. Seus olhos brancos, arregalados denunciava um Brok completamente transtornado.

     — Pan? É você mesma?

     — É claro que sou eu. Vim te buscar para sairmos daqui.

     — Eu... estava em um sonho muito louco, já encontrou o Feen?

     — Como assim já encontrei? Vocês dois desapareceram! Não faço a mínima ideia de onde ele possa estar. Eu sabia que aquela Joice escondia algo! Esse lugar é perigoso, vamos, se levante.

     — Pan, eu vi minha mãe nos sonhos. Pompoo acessou todas as minhas memórias desde que saí do orfanato. 

     — Não importa, se ela sabe ou não, tem uma cidade aqui perto, vamos para lá e depois decidimos o que fazer.

     — Vocês... vão embora? — Perguntou Meggie, observando-nos. 

     Olhei para ela apreensiva, retomando a coragem para falar.

     — Sim, minha querida, nós temos que ir. Não pertencemos a esse lugar.

     — Eu também não pertenço — respondeu — me leve junto, não vou ser um estorvo. 

     — Fora de questão, não sabemos o que está por vir, uma cabeça a mais vai ser um estorvo sim. Não posso me responsabilizar por você.

     — Eu não preciso da sua responsabilidade, sei me virar sozinha! Apenas me tire daqui... — sua voz enfraqueceu e Meggie começou a lacrimejar. 

     — Pan, quem é essa menina?... — questionou Brok.

     — Meggie, são suas irmãs... você tem uma família aqui.

III - Liberdade Para IrrecuperáveisWhere stories live. Discover now