ATO 5

2.2K 401 310
                                    

O calor de um abraço satisfaz a alma e não o corpo.

O calor de um abraço satisfaz a alma e não o corpo

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

     Meu corpo paralisou naquela sala lustrosa.  

     Quando o rapaz de cabelos extremamente curtos se virou para mim, não pude me confundir. Era Brok, de fato. O magricela, cego e também o primeiro amigo que tive ao entrar no Insanity Asylum. Minhas memorias do passado estavam tão frescas ultimamente que ver Brok naquele momento era como vê-lo pouco tempo atrás. Ele obviamente já não era mais um garoto pálido, maltrapido e sim um homem alto, com um corpo definido. Usava óculos escuros e uma blusa de moletom azul claro. A unica semelhança do antes e depois é seu semblante triste.

     — Obrigado pelo elogio, Feen — agradeceu com um largo sorriso, repousando seu violino ao lado do banquinho — e você, Pan? Venha aqui me dar um abraço, já estava me aborrecendo ouvir falar de você sem poder senti-la.

     — Isso é uma loucura, meu Deus — dizia enquanto andava em sua direção de passos largos — acho que se eu tiver muitas surpresas como esta não vou durar nem mais um mês.

     Quando nossos corpos se encontraram, o embrulhei em meus braços, encostando meu queixo em seu ombro, de olhos fechados. Pude sentir até mesmo o cheiro do amaciante em sua blusa e o jeito carinhoso em que me abraçara. Por mais que o momento estivesse maduro para se derramar lagrimas, contive o máximo que pude, caso o contrario, seria uma tarde apenas de choradeira. Por sorte o prazer em revê-lo era maior que qualquer outro sentimento.

     — Como é bom te-lo de volta — disse a ele, ainda colado em seu corpo, com os braços entrelaçados um no outro.

     — Eu digo o mesmo — respondeu.

     — Agora que todos estamos aqui e não naquele escritório mórbido, poderemos conversar com mais liberdade — interrompeu Feen, fechando a porta da sala.

     — Voces são irmãos? Irmãos de sangue, mesmo? — perguntei ao me afastar de Brok, colocando as mãos em seu ombro.

     — Em partes sim. Somos de mães diferentes, ou seja, meio irmãos.

     — Olha, esta difícil digerir tudo isso. Eu preciso de um copo de água.

     — Claro, vou pegar — respondeu Feen.

     Me sentei no sofá e fiquei olhando para Brok, que segurava minha mão, sentado em seu banco. Ve-los ali, juntos comigo, deixava-me com uma sensação esquisita. A mesma que tive ao saber que Feen era Petúnia. Ambos reapareceram em minha vida, de repente. Senti uma mescla de alivio, por estarem vivos e se dado bem, junto de receio, por imaginar quantas coisas sobre aquele orfanato eles deviam ter descoberto, até que por fim, Brok puxara assunto.

     — Não foi fácil para nós encontra-la, você sabe disso. Eu e ele sobrevivemos juntos, desde aquele incidente. Feen salvou minha vida e passamos a morar em um abrigo até os dezoito. Depois disso, arrumamos um emprego numa lanchonete e alugamos um quarto nos fundos de uma casa no subúrbio da cidade. 

III - Liberdade Para IrrecuperáveisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora