Capítulo 21 - A quase briga

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Não posso esconder que aquilo nos deixou realmente tensas. Mas eu não podia perder a cabeça, de novo, e confronta-la. Se o fizesse, todos daquela sala saberiam o que está acontecendo, o que não ajudava muito o nosso caso.

Tentei, disfarçadamente, acalmar Giovana, que estava a ponto de explodir de tanta tensão:

- Calma, princesa! - falei baixinho - Não podemos nos preocupar antes da hora.

O sinal tocou e os professores começaram a sair.

- Ei! - eu disse - Me promete que vai tentar ficar tranquila?

- Prometo tentar - ela respondeu.

E assim, nesse clima meio pesado, seguimos cada uma para sua classe.

A manhã passou rápido, apesar das dúvidas plantadas em minha cabeça. Imaginava se para Gio teria sido tranquilo assim também. Coitada, já estava nervosa sobre o encontro com Patrick, e agora mais essa...

Quando o sinal que indicava o fim da terceira aula e o início do intervalo soou, eu, mais que depressa, saí atropelando qualquer aluno da minha frente.

- Hoje você está com fome, hein, prof - ouvi de um aluno, seguido de risos da sala toda.

- Se demorasse um pouquinho mais, já estaria visualizando várias coxinhas de frango sentadas nestas cadeiras no lugar de vocês - brinquei, rindo e fazendo eles rirem também, mas sem parar de andar.

Entrei na sala dos professores e não vi Giovana. Então, peguei minha bolsa e saí em direção ao estacionamento.

Diferente do que eu esperava, Gio ainda não estava no carro, então tive que ficar esperando do lado de fora. Cerca de 2 minutos depois, vejo ela se aproximando.

- Fiquei esperando por você na sala dos professores, Bárbara. Podia me avisar que já estava aqui - falou um pouco ríspida.

- Ei, calma, Gio... - falei tentando melhorar o tom da conversa - Eu pensei que você já estava aqui, por isso vim correndo.

- E não podia ter mandado uma mensagem, né? - perguntou ainda mais ríspida que da primeira vez.

- Eu mal pude pensar em pegar meu celular, Giovana, em um minuto você já estava aqui. Não sei do que tanto reclama. - falei entrando no carro, já sem paciência para tentar evitar uma briga. - E, sinceramente, nunca mais sugira que usemos um carro só.

Giovana percebeu que tinha exagerado comigo, me olhou profundamente, mas não disse nada. Até que passamos pelo portão do colégio, ela colocou a mão em uma de minhas coxas e disse:

- Desculpa, amor. Você não imagina o quanto eu estou nervosa.

- Todos os motivos para o seu nervosismo, Giovana, afetam a minha vida também. E nem por isso eu descontei algo em você. Muito pelo contrário, o que eu menos queria era estar tendo esta discussão agora. - respondi num tom que nunca havia usado com ela.

- Amor, me perdoa. Minha cabeça está muito quente, estava na sala e a Carla começou com as provocações de novo. Eu não sei o que pensar sobre isso, e nem posso me preocupar agora.

- Tudo bem, amor. Eu te entendo e te perdoo. Me perdoa por ter gritado contigo também.

- Está tudo bem. E você tem razão, não deveria ter descontado em você. Me deixa compensar, preparando um almoço pra nós?

- Gostei da ideia.

- Ótimo, minha linda. Então vamos ao mercado. Mas antes, quero te levar a um dos meus lugares preferidos desta cidade, para deixar de lado nossa quase briga.

Giovana dirigiu até um bairro próximo dali, chegou no topo de uma subida e estacionou o carro.

- Vem! - ela disse

Sem questionar, desci do carro e a segui. Dei de cara com um parque vazio. Não era tão bonito, era bem normal, mas quando olhei de novo, Gio estava correndo em direção a um banco que ficava mais afastado.

Sentei ao lado dela e, quando percebi a visão que tinha ali, entendi o motivo de Gio gostar tanto daquele lugar: naquele banquinho, a gente conseguia ver o lindo lago que ficava ali embaixo, bem como todo o centro da cidade ao fundo. Era incrível! Passei meu braço pelo pescoço dela e ficamos abraçadas olhando aquela vista.

- Gostou daqui?

- Muito! É encantador, Gio. Muito obrigada por compartilhar este lugar comigo.

- Esta é uma das vistas mais lindas desta cidade. E com você do meu lado, fica mais linda ainda. - ela sorriu e selou seus lábios nos meus.

Depois deste momento bonito, ela dirigiu até o mercado. Após comprar algumas coisas para a "receita surpresa" da Gio, ela voltou pro carro e seguimos para a minha casa. Chegando lá, ela me mandou subir, arrumar o quarto que deixamos uma bagunça pela manhã, e preparar um banho, que já já ela iria também. Eu assim o fiz e fiquei esperando por ela.

Quando ela apareceu, perguntei:

- O que você estava fazendo?

- O almoço. Já está no forno. Tenho menos de 40 minutos pra terminar tudo aqui, ou ficaremos sem comida.

- Como assim já fez o almoço? Agora é que são 11h.

- Exatamente. Até tudo ficar pronto, vamos almoçar próximo ao meio-dia. E você, dona Bárbara, para de reclamar.

Assim, entramos no banho e, sem me deixar terminar minhas safadezas, ela já foi saindo.

- Ei! - eu disse - É sério que você vai me deixar assim?

- Calma, apressadinha. Deixa eu cuidar do almoço e depois a gente pensa na sobremesa. - falou olhando meu corpo, com uma cara de safada que só conseguiu me deixar ainda mais doida.

Não tive outra escolha se não sair do banho e me aprontar no quarto.

- Ei, amor! - gritou ela lá de baixo.

- Que foi, Gio?

- Já está pronta? Desce aqui pra me ajudar arrumando a mesa.

Descendo as escadas, pude sentir o cheiro daquele almoço especial. Arrumei tudo que ela pediu e, depois de mais uns minutinhos, ela abre o forno e põe sobre a mesa uma linda lasanha.

- Não acredito. Você fez o meu prato preferido.

- Sim, e tentei seguir a ideia daquela lasanha que você me disse que sua avó fazia. Sei que não vai ficar tão deliciosa quanto, mas espero que fique aceitável e dê pra matar as saudades.

- Eu já disse o quanto você é maravilhosa hoje? - perguntei agarrando em seu pescoço e lhe dando um beijo de agradecimento.

- Ainda não. Mas deixa pra me agradecer depois. Agora vamos provar, estou ansiosa pra ver como me saí.

No meio de tudo, Você!Where stories live. Discover now