Mas existiam coisas que realmente não tinha como passar a perna, como organizar sua agenda lotada, reescrever e revisar contratos importantes de até vinte páginas em apenas uma hora. Como sou bom em tudo que faço, e orgulhoso o suficiente para não sair por baixo, sempre faço tudo dentro do tempo estipulado.

Subi rápido pelo elevador, e já no último andar esbarrei em algumas pessoas até chegar ao covil do drácula, olhei para o relógio mais uma vez e usei os últimos segundos para recuperar meu fôlego e jogar os cabelos para trás, numa tentativa de parecer mais apresentável. Respirei fundo uma última vez e quando finalmente me preparei para bater na madeira envernizada da porta, sua voz soou alto pelo ramal sobre minha mesa.

- Os documentos, Park.

Com o coração acelerado pelo leve susto, eu apertei os documentos contra o peito. Ah, seu desgraçado.

Abri a porta delicadamente e lá estava ele, agora sozinho, sentado em sua cadeira elevada e acolchoada, não ironicamente ocupando o cargo mais alto dentre tantas pessoas que trabalhavam naquele grande edifício. Atrás de si uma grande parede de vidro, exibindo outros grandes gigantes de concreto servindo como uma bela paisagem para sua sala executiva.

- Às suas ordens. - Sorri falsamente ao depositar os documentos sobre sua mesa.

Seus olhos me miraram sob seus óculos de grau, e eu pude sentir minhas pernas quase falharem com apenas uma olhada que não durou mais que 3 segundos. Não perdi tempo quando observei seu rosto sempre tão bem cuidado, seus lábios finos, porém bem desenhados, olhos saltados, nariz avantajado, um maxilar bem marcado, as pintinhas que enfeitavam seu rosto, sem contar com as tatuagens que banhavam seu pescoço, descendo até a parte coberta por seu terno bem arrumado. Um conjunto harmônico que nem as melhores orquestras do mundo se igualam, tamanha era a melodia.

Com os olhos vidrados no computador, ele não direcionou mais o olhar em minha direção e eu apenas continuei lá o encarando com um pequeno sorriso convencido estampado.

- Essas são as cópias que o senhor pediu. - Chamei sua atenção.

- Obrigado por descrever o que está bem na minha frente, temo que ache que tenho algum problema de visão, mas esses óculos são apenas de descanso. - Sua voz era grave e rude, mas conhecendo o chefe que tenho eu apenas mordi o lábio contendo uma risada. Mais uma vez Sr.Jeon me desafiou, e como das outras vezes, eu consegui. - O que ainda está fazendo aqui além de me mostrar o óbvio? - Ele cruzou as mãos sobre a mesa me olhando desgostoso.

- Receio que precise de mais alguma coisa, quem sabe um café? - Sorri cínico, quase sarcástico.

Quase pude ver a veia de sua testa saltar. Se um olhar matasse, Jaz aqui Park Jimin. É certo que Senhor Jeon me odeia, caso contrário não me testaria a esse ponto. Motivos? Talvez porque eu seja competente, prático, e não deite para seus caprichos. Eu sei que é difícil achar um secretário perfeito, mas eu existo, e por mais que procure ele não vai achar motivos para reclamar do meu trabalho.

Esse cargo é pesado, mas eu consigo carregar.

Se levar em consideração o tempo de serviço dos seus outros assistentes, talvez eu seja o primeiro a conseguir lidar com esse seu jeito rude e com essas suas tarefas impossíveis. Não posso negar que o salário é bem instigante, mas essa não era a única razão que ainda me sustentava aqui.

Mas nem sempre foi assim, nas primeiras semanas de trabalho eu desabava em lágrimas ao chegar em casa. Sim, eu chorava tamanha era a pressão imposta sobre mim, mas com o tempo, aprendi a lidar com toda aquela atmosfera.

- Não, Senhor Park. Pode ir agora. - Ele semicerrou os olhos ao me olhar uma última vez e logo voltou para o computador.

Com um sorriso estampado no rosto eu caminhei para fora da sala, fazendo o mínimo de barulho possível ao fechar a porta. Finalmente respirei fundo quando sentei em minha cadeira, pronto para voltar aos meus afazeres se não fosse o tinido do elevador chegando ao andar.

Meu Adorável Chefe Tirano • jjk+pjmWhere stories live. Discover now