08 | Vou desligar.

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 "Talvez esteja enganada."

 Solto um gemido de dor quando ele me senta em cima da pedra gélida do lavatório de uma casa de banho. Felizmente ninguém estava dentro da mesma. Este, caminha até à porta para a trancar e o meu corpo estremece lembrando-me de quando ele fizera o mesmo ontem.

 Nenhuma palavra sai por entre os seus lábios quando regressa para ao pé de mim. O som da água é reconfortante. Antes este som do que o silêncio incomodativo que até à segundos vivíamos. Viro a cara para o seu lado e observo a sua postura correta a molhar as mãos.

 Uma parte de mim estranha o que ele está a fazer, enquanto outra está divertida a ver tudo o que acontece. Provavelmente essa é a parte drogada.

 As suas mãos molham o meu rosto, fazendo o meu olhar fechar-se com o gesto. Ele acaricia as minhas bochechas com movimentos calmos e suaves.

 "Blair?" Devido à falta de resposta da minha parte, ele decide continuar. "O que sentiu quando eu lhe bati?"

 "Eu não lhe vou responder a isso."

 "Eu insisto que o faça."

 "O que senti?" Questiono de forma irónica como se a resposta não fosse óbvia. "Senti dor."

 "Apenas isso?"

 "Não..."

 "Então prossiga."

 "Senti que estava a ser humilhada, senti vergonha, senti-me exposta, senti-me estranha, senti frustração."

 "Abra os olhos, Blair."

 Quando o faço reparo que ele me olhava directamente nos olhos. Novamente estava dividida entre duas opiniões. A que pedia de joelhos que ele se afastasse de mim e a outra que admirava os seus olhos castanhos, tão invulgares aqui em Inglaterra.

 "Devias colocar pomada na zona dorida." Para não variar, ele deixa-me confusa quando fala de forma informal comigo. Devia trata-lo também por 'tu'? "Deixa-me ver como está."

 "Eu não lhe vou mostrar." Decido continuar com a forma informal. Apenas para manter a distância.

 "Mostra-me para ver como ficou." Ele teima.

 Saio de cima dos lavatórios e sinto o seu olhar em mim. Espero um pouco virada de costas para ele, tentando ganhar coragem de lhe mostrar. Esta não era eu, por dois motivos: se estivesse que fazer isto, decerto que não seria para um professor; se estivesse a fazer isto, eu não estaria com a mínima de vergonha ou hesitação. Mas eu, neste preciso momento, estava.

 Pego na beira da mini saia, pois havia não tido tempo de trocar de roupa e levanto-a um pouco para lhe mostrar. As suas mãos, ainda ligeiramente geladas por terem entrado em contacto com a água da torneira, pegam na beira das minhas cuecas e desceu-as um pouco fazendo-me sentir novamente exposta.

 Estranhamente, ele não me magoa. Muito pelo contrário. A sua mão acaricia a minha nádega magoada e olho discretamente as nossas figuras no espelho. Volto a questionar-me quem é a rapariga de cabelos negros que se encontra à frente de um homem de fato e gravata do qual ninguém conhece um terço.

 "Porque me humilhou desta forma?"

 "Eu não te humilhei. Mostrei-te apenas quem manda."

  "Não acho que mande... Não é mais que eu fora da sala de aula." Fecho os olhos quando o sinto apertar a minha nádega. Tão intenso.

 "Sou mais velho."

 "Isso significa que eu devo respeita-lo, não que você pode fazer aquilo."

Toxic 》 malikWhere stories live. Discover now