47 | Eu tenho uma ideia melhor...

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B l a i r

Os olhares dos dois professores vigiantes encontraram-se colocados durante toda a minha prova de avaliação. Eram precisos dois docentes, segundo as regras, ainda que só me encontrasse eu na sala de aula a realizar a prova. Eles serviam para garantirem que eu não copiava, para que a avaliação fosse justa.

Zayn não podia estar aqui, nem nenhum outro professor ligado a esta área. Isto tudo para que nenhum docente caísse na tentação de me dizerem nenhuma resposta. No fundo, agradeço por ele não estar aqui presente ou, caso contrário, eu acabaria por babar a minha folha de teste toda.

Pouso a minha caneta de tinta azul, no canto da minha mesa de madeira escura, assim que o toque soa, finalizando com isso a minha frequência. Admito estar orgulhosa de mim própria por apenas ter deixado duas perguntas por resolver. No entanto, sei que se me tivesse aplicado mis um pouco eu teria conseguido fazer ainda melhor. Não quero colocar Zayn numa má posição e, muito menos, quero que ele considere o tempo que tivera a ensinar-me como algo inútil, algo desnecessário.

A professora de óculos, de rosto robusto e que possivelmente rondava na casa dos cinquenta anos recolhe o meu teste após verificar se eu havia preenchido o cabeçalho corretamente. Após passar a folha ao seu auxiliar, passa a sua mão pelos meus cabelos e sorri mostrando com isso a sua simpatia.

Odeio tratamentos especiais.

"Muito bem, Miss Blair. Acho que já pode abandonar a sala."

"Obrigada, Mrs Rogers. A nota da minha frequência será anunciada no mesmo dia que a dos meus outros colegas?" Eu inquiro, forçando a minha eloquência e educação. A senhora compõe um pouco a sua postura e assente com a cabeça enquanto deixa transparecer um pequeno sorriso.

"Visto que estas situações não são usuais, eu não lhe posso dar garantias de nada mas estou quase certa que o Mr. Malik irá anunciar no mesmo dia."

Assinto com a cabeça e dirijo-me até à secretária dos docentes para reaver o meu telemóvel. Era obrigatório entregar-lhes durante o tempo em que eu iria ser avaliada. Após uma breve e educada despedida, reinicio o meu aparelho eletrónico, do qual admito ter uma grande dependência, e vejo uma chamada não atendida do meu pai.

Pensava que ele iria demorar a ligar, visto que tem sempre muito trabalho e visto que se encontra no estrangeiro mas a operadora telefónica deve-o ter informado da minha disponibilidade.

Caminho de forma apressada até ao exterior da universidade e procuro um espaço vazio antes de lhe atender. O barulho de fundo não iria facilitar a nossa comunicação, por isso, acabo por optar sentar-me numa pequena mesa de pedra, isolada de todos os outros jovens universitários ruidosos.

"Olá, filhota!" A voz do meu amável progenitor soa do outro lado da chamada fazendo o meu coração encher-se de saudades e de nostalgia. A minha mão livre brinca com a beira da minha minissaia de cor negra e dá um pequeno jeito nas minhas meias de lycra da mesma cor.

"Olá, pai. Como está tudo aí?" Eu questiono com um pequeno sorriso a transparecer nos meus lábios.

Já há algum tempo que não falava com ele e admito sentir falta do tempo em que ele chegava a casa, com uma excelente disposição, e me dava miminhos. Não é fácil ter um pai ausente, ainda que eu saiba o enorme esforço que ele faz para que a distância não nos separe.

Honestamente, não há nada que eu gostasse mais do que de o ter aqui, comigo. Ele tem perdido muitas fases importantes da minha vida e sinto falta de um auxílio paternal, visto que a minha mãe aparenta estar sempre muito ocupada com o trabalho ou com outros assuntos externos. Ela, simplesmente, aparenta estar preocupada com tudo menos comigo.

Toxic 》 malikOnde as histórias ganham vida. Descobre agora