Capítulo 11 - Ao bater, como coração

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E batia, como uma marcha imperial.

Ali, naquela guerra sem fim que não distinguia a morte com um inseto comum, em seu coração só batia desespero.

Onde, quando, o quê?

Guerra.

Uma espada passou voando pelo seu pescoço, abrindo espaço entre seu cabelo loiro, o fazendo voar.

Guerra, em sua forma mais horrível possível.

Olhou para baixo, seu corpo com armadura completa, forjada do metal e do couro.

Apertou as mãos com força, e para a sua surpresa, em sua mão esquerda havia uma bandeira branca e dourada.

"Pelo Rei!" gritaram. "Pelo povo" retrucaram.

Um homem caiu morto no meio do campo de batalha.

Virou, os cabelos longos dourados lentamente se tornando algo quase inexistente.

Havia uma espada caída mais atrás, branca, dourada e azul. Apertou o mastro da bandeira quando viu outro homem caindo e se virou, andando até a espada.

— Em nome de Deus — sussurrou, a espada brilhou como em uma salvação —, os soldados irão lutar — Pegou o cabo da espada e a ergueu, os homens a olharam, ainda lhe debochando — e Deus — gritou, em plenos pulmões — lhes dará a nossa vitória!

A espada brilhou perante ao descer do sol. O símbolo de cruz a abençoava e as vozes em sua cabeça a acalmavam.

Deus a protegeria.

Avançou para a linha de frente, levantando a bandeira o mais alto que conseguia.

Deus iria proteger todos eles!

Puxou o ar frio com toda a força que conseguia e o soltou com calma quando o vento gelado soprou até ela.

Mesmo que estivesse no meio de um pôr do sol, o vento estava como se fosse nevar, uma nevasca forte com uma reza antiga...

Mesmo quando a espada atravessou o peito do inimigo, o sangue que caiu não foi quente, foi o gelo puro sendo colocado na pele.

Caiu de joelhos, sentindo a bandeira e seu corpo irem com o vento, com a neve, com o frio, com...

Uma cantiga antiga não entendível aos ouvidos.

Um homem de cabelos brancos manchados de sangue, se aproximou a ela.

Havia... a neve nele.

E de repente, ela estava respirando novamente em uma sala branca.

Erdia piscou, uma, duas, três vezes e puxou o ar.

— Erdia... — A garota precisava de mais ar do que conseguia puxar. — Erdia!

Arfou, sendo acolhida pelo calor do cobertor e a visão do ser gigante na sua frente.

Um homem de cabelos brancos longos e uma capa, uma visão que sumiu para além da neve.

Ar saiu da boca de Kalaziel antes dela notar que o havia prendido.

Tinha rezado tanto que sua boca se encontrava seca.

O Deus do Sol, o Deus do Outono, até mesmo para a Deusa da Morte ela rezou, mas manteve a maior reza possível para Sinjor, a Deusa do Inverno.

Somente ela para proteger do frio da morte.

— Kalaziel...? Onde estou? — Erdia estava tonta, definitivamente estava tonta e fraca, sua cabeça girava como se o espaço ali fosse uma leve ilusão.

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