Capítulo 10 - Walpurgisnacht

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Um grito desesperado de uma linda garota loira acordou a Morte de modo que o ar faltou em seus pulmões, ao literalmente pular da cama.

A Morte, não Kissani.

Aquele cenário cinza onde somente uma cor brilhava.

Em seu pescoço não tampado, a luz dourada da vida.

A linha divina.

— Kissani? — Uma garota de cabelos curtos entrou no quarto da Morte, ela usava óculos de sol tampando seus olhos, mesmo que só houvesse a escuridão ali — Não, a Morte. Aguente firme, irei trazer a Hortênsia.

A Morte se sentou na cama, enquanto via o Mundo não ter cor, ficando cada vez mais escuro.

Um Mundo onde não poderia ver os olhos marrons de sua mãe, ou a noite estrelada.

O que estava pensando?...

Seria bom não ter ninguém por perto, não ter que levantar para fazer as coisas.

Seria bom se ela estivesse sozinha.

A Morte deitou naquela cama sem cor, naquele Mundo chato.

A mãe da Morte havia lhe ensinado algumas palavras em Japonês, já que havia nascido naquele lugar e era fluente.

Entretanto, a Morte nunca aprendeu a falar aquela língua e depois de um tempo, desistiu.

Porém... havia uma frase que ela lembrava, a única que ela havia decorado.

"Boku Dake ga Inai Machi"

"A cidade onde eu não existo"

Era o título de alguma obra, que contava sobre alguma coisa, que mostrava algum lugar.

Ela se esqueceu.

Levou as unhas afiadas até a garganta.

Pra onde a Morte iria se, nem na morte, iria ter paz?

Ela podia morrer de novo?

Isso não importava. Estava cansada, queria dormir para sempre, viver nos sonhos, não se mexer, não respirar.

Queria morrer.

— Morte — Não se mexeu, não queria ver mais nada.

Deixou a mão cair em cima de sua garganta.

A Apatia caminhou até si, enquanto a Verdade esperou pelo óbvio, que logo viria até os olhos de todos.

Queria morrer, ficar sozinha com seu Mundo em preto e branco.

Virou o rosto quando sentiu uma mão lhe tocar.

Era azul.

Em meio ao cinza, aquela garota era azul com violeta, iluminando o quarto como um céu em um bom dia.

A Morte olhou para a garota que se encostava na porta de seu quarto.

Era vermelha com amarelo, um sol reluzente, que fazia as nuvens se afastarem.

Elas tinham cores, por quê? Eram... algo importante para si?

Isso importava? Se fossem, ela devia dar muito trabalho.

A verdade sobre ElesWhere stories live. Discover now