Capítulo 3 - Explicação divina

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— Então... ela vai me explicar... Eu não acredito.

Erdia estava deitada no enorme sofá que o quarto de hotel possuía, acompanhando com a cabeça os movimentos da Anjo.

O local era realmente grande, maior que a antiga casa de Erdia, a qual nesse momento estava meio perdida.

A sala possuía paredes brancas com linhas em preto, parecendo ramos de flores, tão juntas, que formavam uma coroa de flores, enquanto o piso era totalmente branco, quase translúcido, mesmo que fosse madeira.

Tudo era estranhamente espaçoso, principalmente para Erdia que estava acostumada a pequenos locais. Possuía um enorme sofá que poderia caber uma família completa ali, com uma enorme televisão presa à parede e um frigobar ao lado. Enquanto na direção oposta havia um bar com vários tipos de bebidas e até alguns aperitivos.

De longe, Erdia ouviu Kalaziel falar, meio baixo, que iria para o banho, enquanto os passos ecoavam no piso de madeira.

Então o banheiro era relativamente próximo da sala, contando o tamanho do ambiente.

Viu uma luz mais escura além do banheiro, não iria levantar, estava cansada, e ali era, provavelmente, o quarto, afinal, elas não iriam dormir em um sofá em um hotel tão rico, certo?

E pelo jeito, havia só um quarto...

Erdia fechou os olhos por alguns segundos, somente para ouvir o barulho relaxante de água escorrendo e dos carros abaixo.

O sono embalou ela como uma mãe embala um bebê que chora.

Os passos firmes no piso se suavizaram quando Kalaziel fechou a porta do banheiro e respirou fundo.

O local era até simples para o resto, um banheiro com paredes azuis escuras e um piso branco, a luz, opaca. Uma banheira, um chuveiro, sanitário, pia e um casaco enorme, simples, como o esperado.

A verdade é que a Anjo estava exausta do curto dia até ali.

Quando se olhou no espelho e soltou o manto, deixando ele cair, ela não se reconheceu.

Fazia alguns anos que não se via, alguns longínquos anos.

Kalaziel sorriu perante sua imagem, seu corpo era definido, musculoso e belo sendo que, mesmo com a roupa, dava para ver os músculos e a força além do olhar.

Tirou o resto da roupa. Estava usando uma blusa feita para aguentar armas brancas humanas, mas não sabia se aquilo iria aguentar algo a mais, além de sua calça com farpas e sua bota. Ela sempre andava pronta para o Fim do Mundo, bom, nesse caso em especial, ainda mais.

Teve um cuidado maior com a espada, que diferente de toda a roupa que foi jogada, esta foi colocada em cima de uma prateleira, como se fosse emprestada de outra pessoa, e não dela.

Ficou aliviada quando a arma não caiu e destruiu tudo.

Deitou-se na banheira e ligou a torneira, deixando a água quente banhar seus pés e pernas, além das pontas das asas.

Com seu corpo sendo coberto por água, um suspiro saiu de sua boca.

Anjos não podiam tocar em água no céu, já que a água pura significava o nascimento de Anjos puros, que vinham da mistura da água e do sangue de um Anjo autorizado, então, a entrada não era permitida.

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